Óliver Torres não sabe jogar mal. Mas isso não significa que não possa jogar melhor. Mesmo em 4-4-2 foi dos pés dele que saiu o cruzamento para o golo de Corona, mas a responsabilidade de ser o único auxilio de Danilo no centro do terreno fez com que andasse sempre afastado das zonas onde as decisões têm de ser tomadas de forma rápida e executadas com precisão. Isto, por si só, seria suficiente para que o FC Porto sentisse mais dificuldades em chegar à baliza do Vitória com possibilidade de marcar, no entanto, o posicionamento e movimentações da dupla André Silva/Soares sofreu alterações drásticas.
A entrada de Corona na equipa afectou toda a linha avançada. André Silva, que nos últimos jogos serviu de falso extremo direito/segundo avançado, foi no Domingo deslocado para uma posição mais central; Brahimi recebeu liberdade para explorar mais o jogo interior e menos o flanco; essa alteração nas movimentações do argelino forçaram Soares a jogar muitas vezes junto à linha, principalmente quando a equipa não tinha bola, e, em função disso e do desgaste acumulado frente à Juve, foram poucas as vezes em que entrou dentro da área adversária com alguma hipótese de sucesso. Pela primeira vez desde que chegou, o brasileiro ficou em branco em jogos do campeonato e, também pela primeira vez desde esse acontecimento, o FC Porto perdeu pontos.
Acredito que NES tenha tentado surpreender o Vitória de Setúbal e, ao mesmo tempo, mandar o recado de que o 4-3-3 no Clássico não será assim tão certo a Rui Vitória. A ideia até não seria má, mas numa primeira volta. Com menos de um terço do campeonato para disputar, já não há testes a fazer, o caminho tem de ser sempre o que implique jogar na máxima força possível. Que Nuno tenha tirado as devidas ilações e, principalmente, aprendido com elas.
Foto de Capa: FC Porto
Artigo revisto por: Diana Martins