Vitória SC 0-1 FC Porto: Taremi comeu um snack e voltou a jejuar

    A CRÓNICA: DIZEM QUE PORTO DERIVA (E RIMA MAIS COM) DE PORTUGAL

    Portugal deve ter sido edificado num dia cálido e com parcas nuvens. O Castelo, inserido no centro da cidade de Guimarães, ergue o aviso “Aqui, nasceu Portugal”. Parece estar encontrada a semente. Contudo, decomposta a palavra “Portugal” observa-se o cariz (quase) homónimo, em larga escala, ao vocábulo Porto. A confusão instalou-se no D. Afonso Henriques, palco número 29.

    Durante meia hora, aconteceu parlapiê: exércitos encaixados, análise exaustiva do adversário de batalha e alguma contenção de parte a parte. Os ponteiros do relógio realizavam a sua habitual tarefa e a emoção tardava em aparecer.

    Até que se conheceram novas contendas diante de muçulmanos: Zaidu e Taremi lutavam contra o Ramadão e contra a imensa privação alimentar imposta pela religião em terreno lusitano. Mas o iraniano (33’), após ludibriar Bruno Varela e arrancar uma grande penalidade, repôs o sorriso à massa adepta e ficou satisfeito. 0-1!

    O Vitória SC, em desvantagem, progredia no terreno como de uma cruzada se tratasse e conquistou um livre. Mumin (39’), após arremesso para a área portista, elevou-se e dispôs a bola à mercê de Estupiñán que desperdiçou na cara do golo. Rochinha, três minutos volvidos, desfere um remate fora de área e Diogo Costa faz a gestão do esférico com o olhar.

    Pêpê saiu do intervalo de mota (46’) e rematou às malhas laterais, após desconcentração defensiva de Rafa Soares.

    Fábio Vieira, mais decidido na segunda parte, adornou e perfumou o jogo do FC Porto por uma vez. No flanco esquerdo, e percebendo a descompostura tática da defesa do Vitória SC, desmarcou Taremi (61’): à semelhança do primeiro tento portista, o camisola nove é mais rápido que Bruno Varela e cai na área. Grande penalidade e… Taremi desperdiça.

    Estupiñán, soldado empenhado no sucesso do seu batalhão, pereceu: numa bola dividida com João Mário, o avançado do Vitória SC e acaba expulso da partida (80’).

    Galeno (85’) teve oportunidade de apunhalar o Rei: Pepê, através de uma investida individual e triangulação com Otávio, não deu o melhor rumo à dádiva e atirou a rasar a barra.

    Até ao final da partida, nada mais digno de registo. O FC Porto vence pela margem mínima e consolida o primeiro lugar enquanto o Vitória SC falha a aproximação ao Gil Vicente FC.

     

    A FIGURA

    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Pêpê – Foi o jogador mais perigoso do FC Porto. Ao longo dos 90 minutos, o brasileiro colocou por várias vezes em sentido a defesa do Vitória SC. Hoje, presenteou a plateia com velocidade, explosão, pormenor técnico e muito espírito de sacrifício. Se no início do ano alguém questionava o seu envolvimento no processo defensivo, hoje as dúvidas podem ter ficado dissipadas.

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Oscar Estupiñán – O venezuelano trabalhou (e muito) em prol do sucesso desportivo da equipa na primeira parte. Na segunda, perdeu preponderância e acabou expulso. A defesa do FC Porto conseguiu, em quase todos os momentos da partida, controlar e reter as movimentações de Estupiñán. Esteve sozinho.

     

    ANÁLISE TÁTICA – VITÓRIA SC

    Pepa arquitetou o 4-3-3 habitual diante do FC Porto e modificou três peças no xadrez: Tiago Silva e Alfa Semedo deram lugar a André Almeida no meio-campo do Vitória SC e Jorge Fernandes, castigado na última jornada, relegou Borevkovic para o banco de suplentes.

    O único erro defensivo do Vitória SC resultou no tento do FC Porto, após má abordagem de Bruno Varela ao lance disputado com Taremi. Ofensivamente, a equipa de Pepa “acordou” depois de estar em desvantagem no marcador: Rochinha e Lameiras não foram capazes de conduzir ataques, quer em zonas interiores, quer em profundidade; André Almeida e Janvier tinham dificuldades em ligar os setores do terreno e Estupiñán era um homem solitário na frente de ataque.

    A entrada na segunda metade foi melhor. Rochinha conseguiu libertar-se da marcação e acelerou o jogo no flanco esquerdo; André Almeida avançou no terreno e tornou-se o pêndulo do meio-campo do Vitória SC. Geny Catamo entrou bem na partida assim como Nélson da Luz. Defensivamente, o mesmo erro cometido na primeira parte podia ter dilacerado mais cedo as expectativas da equipa. 

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Varela (6)

    Maga (6)

    Jorge Fernandes (6)

    Mumin (6)

    Rafa Soares (5)

    Janvier (6)

    Bamba (5)

    Almeida (6)

    Rochinha (6)

    Estupiñán (4)

    Lameiras (5)

    SUBS UTILIZADAS

    Geny Catamo (5)

    Bruno Duarte (4)

    Luís Esteves (4)

    Nélson da Luz (5)

    Borevkovic (4)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO

    Sérgio Conceição, face à ausência de Uribe por lesão, integrou Marko Grujic no onze inicial dos dragões e colocou em cena quatro atores no meio-campo (4-4-2): Vitinha, Otávio e Pêpê ladearam as ações defensivas e ofensivas do FC Porto. Evanilson, titular na última jornada defronte do CD Santa Clara, foi moeda de troca e Taremi ocupou a posição mais avançada do terreno.

    Na primeira metade, o FC Porto, apesar da vantagem, não possui o ímpeto ofensivo dos jogos anteriores e, defensivamente, comprometeu mais e acusou maior pressão. Fábio Vieira era dos primeiros a iniciar a construção, Vitinha teve inúmeras dificuldades em pautar e organizar o jogo, Grujic não esteve imperial na pressão exercida ao meio-campo adversário nem no posicionamento em situações sem bola e Otávio apareceu frequentemente em zonas de finalização.

    Pêpê e Vitinha seguraram o triunfo portista na segunda metade. Se o jovem médio melhorou o rendimento e pegou no atrevimento que lhe é característico para direcionar o jogo portista, o brasileiro contribuiu com velocidade e investidas individuais para o dilatar do marcador. 

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Diogo Costa (7)

    João Mário (6)

    Pepe (6)

    Mbemba (6)

    Zaidu (6)

    Otávio (7)

    Grujic (5)

    Vitinha (6)

    Pepê (7)

    Taremi (7)

    Fábio Vieira (6)

    SUBS UTILIZADAS

    Evanilson (4)

    Galeno (4)

    Eustáquio (-)

    Fábio Cardoso (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Vitória SC

    BnR: Boa noite, mister! Duas perguntas. A primeira é: se as substituições deixaram boas indicações para o futuro? A segunda: se o Vitória SC foi melhor que o FC Porto, mesmo com dez unidades?

    Pepa: Entramos bem na segunda parte. Conseguimos encostar o FC Porto atrás. A equipa estava bem, não estávamos a deixar o FC Porto sair. O lance do penalty é contra a corrente do jogo, mas o Varela acabou por defender. As substituições tinham o objetivo de colocar o Rochinha em posições mais interiores e o Nélson numa mais exterior. Mas não conseguimos, em todos os momentos, ter um jogo tão ligado e isso acaba por ser mérito do FC. É uma equipa muito competente e conseguiu agarrar o resultado. O FC Porto joga para ser campeão e hoje fê-lo novamente. Tudo fizemos para conseguir outro resultado, mas não conseguimos.

    FC Porto

    BnR: Boa noite, mister! Antes de mais, parabéns pela vitória! O mister disse que o FC Porto teve mais bola na primeira e que na segunda parte ofereceu a posse ao adversário, mas o Vitinha esteve mais solto no terreno na segunda parte, ao invés do que aconteceu na primeira. Fez alguma mudança ao intervalo neste sentido?

    Sérgio Conceição: Não, não fiz. Como eu disse, o FC Porto teve mais bola na primeira parte do que na segunda porque estávamos mais perto da baliza adversária e tivemos mais bola e mais oportunidades de jogo. Pareceu que o Vitinha teve menos bola na primeira parte, aos olhos de um adepto, porque o Marko grujic estava mais à frente no terreno e, na segunda parte, como a equipa recuou e permitiu que o adversário avançasse, deu a sensação de que o Vitinha teve mais bola e que foi mais capaz de pegar no jogo. Mas eu não partilho dessa perspetiva.

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.