Boavista FC 1-0 GD Estoril Praia: Jogo dividido, mas pontos ficam em casa

    A CRÓNICA: BOAVISTA TENTOU CONTROLAR, MAS ESTORIL AINDA ESPREITOU

    O Estoril chegava ao Estádio do Bessa sem um único ponto alcançado em jogos fora em 2023 e sem qualquer vitória frente à formação axadrezada desde 2020. Ainda assim, era sobretudo o destino da formação orientada por Ricardo Soares que estava em jogo neste encontro.

    Os estorilistas chegaram à jornada 31 com seis pontos de “almofada” para o CS Marítimo, sendo que a equipa insular ocupa o lugar que dá acesso ao playoff pela manutenção frente ao terceiro classificado da Liga 2.

    Ricardo Soares apostou nas mesmas peças relativamente à vitória por 3-0 frente ao Santa Clara, com segunda titularidade consecutiva para Rafik Guitane no apoio ao trio de ataque da Canarinha. Na formação de Petit, o esquema não foi o mesmo do encontro frente ao FC Porto, com Cannon a voltar para o centro da defesa, com João Malheiro a preencher o espaço a defesa direito.  Para colmatar as baixas de Salvador Agra, Yusupha e de Cote, entram em cena Pedro Malheiro, Kenji Gorré para ocupar a esquerda e Ricardo Mangas jogou pela direita.

    A nível tático, ambas as equipas exploraram toda a largura do campo para atacar. Os boavisteiros foram muito fortes nas transições e, portanto, as hipóteses não faltaram. Faltou apenas a finalização e a sorte, pois o excelente trabalho dos “Axadrezados” no que ao entrosamento diz respeito não se refletiu no momento de decisão. Primeiro foi Kenji Gorré aos sete minutos e depois aos 15, que conseguiu fazer excelentes dribles, mas optou por finalizar, em vez de colocar a bola num dos homens na área.

    Todavia, foi Bruno Onyemaechi o primeiro a obrigar Daniel Figueira a uma intervenção. O lado esquerdo dos boavisteiros esteve em evidência na primeira parte, com boas combinações entre o defesa nigeriano e o extremo do Curaçau. A ocasião mais flagrante para o Boavista foi aos 38 minutos, aquando de um cabeceamento de Reggie Cannon, no qual a bola embateu na barra e sobrou para Robert Bozenik que se atrapalhou com Ibrahim Camará, resultando numa finalização fácil para Daniel Figueira conter.

    Já do lado do Estoril, a aposta também assenta num 4-3-e como tal, siga atacar pelas alas. Nos primeiros minutos, Joãozinho, lateral esquerdo, ia ajudando o ataque, mas Pedro Malheiro não deixava que lhe ganhassem as costas. A equipa canarinha aposta em Guitane e em Carlos Eduardo para abrir espaços nas alas boavisteiras para em seguida deixar para Alejandro Marqués. Aos 28 minutos, resultou mesmo num cabeceamento por cima do ponta de lança espanhol quando a baliza estava aberta.

    A 1.ª parte ficou marcada por um jogo rápido em que se destaca um Boavista muito coordenado, em que todos os jogadores parecem saber o que fazer. Do outro lado, está um Estoril com fraquezas defensivas nas alas e que aposta sobretudo no talento individual dos extremos e do seu médio ofensivo para abrir espaços na defesa do Boavista.

    No 2.º tempo, até foi Estoril a rematar primeiro, com Tiago Gouveia a forçar uma intervenção de Bracali. Logo a seguir, o Boavista tornava a ter uma oportunidade flagrante com Camará a falhar a um desvio decisivo para golo. Mas aos 50 minutos, o Boavista começa a ver a partida com melhores olhos. Lance de Kenji Gorré pela esquerda, ultrapassa Tiago Santos, coloca no meio onde estava Ricardo Mangas à espera para encostar. Primeiramente, Vítor Ferreira anulou o golo por fora de jogo, decisão que acabaria revertida pelo VAR da partida.

    O jogo mudava de dinâmica nesse instante. O Boavista assumia uma postura mais conservadora, focando-se em não desmanchar o posicionamento dos jogadores. Os ataques passavam a ser mais estratégicos. Já o Estoril aumentou muito a pressão, tendo feito um bom jogo sem bola e começou mesmo a ter maior facilidade na distribuição do jogo pelo meio-campo. O Estoril até foi conseguindo algumas oportunidades. Nomeadamente aos Estoril aos 68 minutos, quando Geraldes faz uma distribuição exímia da bola e colocou em Guitane que a mandou imediatamente para o coração da área onde Marqués atingiu um defesa do Boavista com um pontapé de bicicleta.

    Os minutos finais ficaram marcados por momentos mais quentes entre as equipas técnicas, muito devido à expulsão de Masaki Watai, jogador do Boavista que fez uma entrada violenta sobre Tiago Santos. O extremo japonês jogava assim, cerca de 20 minutos, uma vez que entrou para o lugar de Gorré.

    A FIGURA

    Antonio Adán Sporting CP
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Kenji Gorré – O extremo esquerdo dos axadrezados esteve em grande! Irrepreensível no drible, fez o que queria de Tiago Santos, defesa esquerdo do Estoril que não conseguiu lidar com a velocidade e técnica do extremo, o que permitiu criar diversas oportunidades flagrantes, assim como o próprio golo.

    O FORA DE JOGO

    Álex Grimaldo Tiago Santos
    Fonte: Zito Delgado / Bola na Rede

    Tiago Santos O encontro foi muito disputado nas alas, pelo que foi destes espaços que emanaram o melhor e o menos bom em campo. Tiago Santos não foi capaz de conter a ofensiva “axadrezada”, com diversos ataques flagrantes do Boavista, tanto na primeira como na segunda parte, surgem por esse corredor. Não é, de todo, um jogo desastroso por parte do lateral, mas ficou aquém do que o emblema “canarinho” necessitava.      

    O BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    GD ESTORIL PRAIA

    BnR: Quando o Estoril se apanha a perder logo no início da segunda parte, verifica-se que o Estoril começa a distribuir melhor o jogo pelo meio-campo. Foi a pensar neste estilo de jogo que optou por lançar Francisco Geraldes para o encontro?

    Ricardo Soares: Tivemos na 1.ª parte bons momentos de circulação e de posse, nós alternámos a circulação com posse e inclusive, criámos ali algumas situações que poderiam ser mais bem aproveitadas. Talvez, no momento que a equipa atravessa, no sentido de que luta pela manutenção, à semelhança do que acontece com outras equipas e às vezes isso retira alguma capacidade de decisão e isso é normal, nós andamos no futebol há muito e sabemos que isso acontece.

    Mas, não discordando da pergunta, há ali um momento a seguir ao golo, pareceu-me que nós não estivemos assim tão bem, mas voltámos depois ao jogo porque tenho uma equipa de caráter que sabe que sofreu golo e que tinha que ir em busca, reagiu bem, esse é o lado positivo do jogo. Circulou, criou, foi pela direita, foi pela esquerda, não se precipitou, salvo raras exceções. Naturalmente que existem más decisões. Aí já nem parece que fosse só de um momento.

    É normal que uma equipa que esteja a perder e que queira ir em busca do resultado positivo, que às vezes haja aqui ou ali alguma precipitação, e é evidente que aconteceu numa ou noutra situação, mas sinceramente até me pareceu que nesse sentido, os jogadores estiveram equilibrados e é fundamental ter equilíbrio, nós temos que ter equilíbrio. Há um método para chegar aos golos. Não é novo para ninguém. Nós temos o nosso. Penso que encostámos o Boavista cá atrás. Um ou outro cruzamento devia ter tido melhor definição e dar-nos-ia certamente outro resultado.

    BOAVISTA FC

    BnR: Não foi Kenji Gorré quem apontou o golo, mas terá sido o principal motor do ataque do Boavista. Que análise faz da exibição do jogador?

    Petit: O Kenji é um jogador que já está connosco desde a época passada, é um jogador muito explosivo, muito forte num um contra um e sabemos as qualidades dele.

    Não jogou uns jogos também devido a uma lesão, os outros jogadores que jogam naquela posição têm trabalhado bem, têm feito bons jogos. Não só o Kenji, como o Salvador, como o Mangas. Por isso, ele é um jogador importante, é daqueles jogadores diferentes, daqueles jogadores que temos quando a bola chega ao corredor, onde consegue sair de uma caixinha de dois, três jogadores e consegue criar situações de perigo.

    Foi um dos momentos, sabemos a qualidade, por isso, trabalhamos muito para aquilo que o Kenji nos pode dar, tanto o Kenji de um lado, como o Mangas que acaba por vir ao corredor central e finalizar na jogada do Kenji, quando na 1.ª parte também tivemos duas ou três situações em que o Mangas serviu no 2.º poste e o Kenji não apareceu e são estas coisas diferentes que temos uns dos outros e que trabalhamos diariamente para melhorarmos, para conhecerem-se melhor naquilo que é a qualidade do jogador, do “aparecer”, se entra no primeiro poste se fica mais à entrada da área, por isso é o conhecimento do dia a dia, para depois chegar aos jogos e essas bases de treino que criamos, conhecerem-se melhor e finalizar, é isso que é o mais importante. Tivemos algumas situações, fizemos só um golo, mas há que continuar.

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.