FC Famalicão 0-0 SC Farense: Sem palavras para a perdição

     

    A CRÓNICA: FC FAMALICÃO SÓ QUIS NA SEGUNDA PARTE E SC FARENSE NÃO CONSEGUIU NA PRIMEIRA

    A conjuntura atual não é favorável a nenhum dos protagonistas desta tarde solarenga. Contudo, por muito que a ruína e a devastação se avizinhem, subsistirá o amor, independentemente as cores: Amor de Perdição num lado, Amor Animal no outro.

    No decorrer da primeira metade solarenga, o SC Farense e o FC Famalicão assemelharam-se a todas as pessoas que tentam escrever ou dissertar sobre algo e são impelidas por alguma razão, mesmo que desconhecida: ambas as formações desenhavam, em folhas brancas, ataques de acordo com o seu extenso significado, mas rapidamente os mesmos se transfiguravam em tentativas frívolas de chegada a uma possível vantagem.

    Apesar do supracitado, os leões de Faro eram – se tal designação pudesse ser atribuída – os mais aptos e hábeis na consumação de um livro como objeto de leitura.

    Contraditoriamente, a segunda parte começa frenética e assola-a um turbilhão de ideias. O vocábulo Heriberto é lançado na profundidade e o termo A. Guedes, na tentativa de acompanhar a movimentação, é travado em falta. Para a folha, é expulso André Pinto. Resultado? Rúben Vinagre tentou abrir o livro, mas ficou a meio.

    O FC Famalicão, face à superioridade numérica apresentada, aguçou e estimulou as palavras que faltaram na primeira metade, apostando na construção bem alicerçada, bem basculada e intimidando (pouco) o SC Farense.

    O tempo corroía a partida, mas a defesa dos leões de Faro era o tipo de personagem que mantinha o ímpeto e nunca perdia a compostura.

    Numa tentativa de descomprimir da pressão exercida pelo FC Famalicão, Licá – através da escrita de um cabeceamento solto por parte de Jonata, isola-se e dispara a rasar o poste direito. Um plot twist que pecou por falta de objetividade.

    A partida terminou mesmo empatada. FC Famalicão e SC Farense alcançam ambos a marca dos 19 pontos no campeonato e as posições ocupadas por si na tabela classificativa permanecem inalteráveis.

     

    A FIGURA

    Carlos Silva / Bola na Rede

    Setor defensivo do SC Farense – Face às vicissitudes da partida, o prémio de figura do jogo é dirigido ao setor mais recuado dos leões de Faro. André Pinto deixou a batata quente nas mãos dos colegas, mas as exigências impostas pelo FC Famalicão foram seguidas e cumpridas à risca. Os espaços entrelinhas foram fechados nas situações que potenciavam algum tipo de perigo e as movimentações interiores foram destapadas.

    O FORA DE JOGO

    André Pinto – uma primeira parte caracterizada pelo cumprimento da estratégia de jogo definida por Jorge Costa, apesar de alguns momentos de desconcentração aquando do passe e do trasporte do esférico. Contudo, a segunda parte ruiu sobre si: antes de o relógio versar os ponteiros sobre os dez minutos, André Pinto já tinha sido admoestado com a cartolina vermelha, castigo e fruto de uma abordagem infantil da sua parte.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC FAMALICÃO

    Jorge Silas modificou a estratégia delineada na vitória forasteira diante do Rio Ave FC (0-1): o gizado 3-5-2 com Heriberto e A.Guedes na frente de ataque metamorfoseou-se num 4-4-2 com o recuo dos alas Rúben Vinagre e Diogo Figueiras às respetivas posições de laterais e a subida no terreno de Patrick.

    Na primeira metade, os famalicenses iniciaram a partida com postura otimista, mas foram perdendo o caráter. Heriberto e A. Guedes eram os mais incitados de modo a que conduzissem as investidas ofensivas, mas a defesa do SC Farense demonstrava ter a armadilha da profundidade bem oleada. Ugarte e P. Rodrigues, homens responsáveis pela condução de bola e construção de situações capazes de colocar em xeque a permeabilidade da defesa dos leões de Faro, estavam sob a constante tutela de Amir, Jonata e R. Gauld e, por isso, pressionados. O lado esquerdo do ataque era o mais solicitado – Rúben Vinagre conquistou algumas faltas junto da grande área, mas não passou disso.

    Os segundos 45 minutos sinalizaram um domínio por parte do FC Famalicão: a equipa nortenha jogou em superioridade numérica durante quase a totalidade do que restava da partida. Intensificaram-se os ensaios ofensivos ora pelos flancos, ora por intermédio de movimentos mais interiores (com Gil Dias à cabeça). Apesar disso, na escala que rege os indíces de perigo, baixos foram os valores registados. Salienta-se a pressão alta exercida, a exploração da velocidade e da profundidade e a… falta de objetividade.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Luiz Junior (6)

    D. Figueiras (6)

    Diogo Queirós (5)

    S. Babic (5)

    R. Vinagre (6)

    P. Rodrigues (7)

    G. Assunção (5)

    Patrick (6)

    M. Ugarte (7)

    A. Guedes (6)

    H. Tavares (6)

    SUBS UTILIZADAS

    Gil Dias (5)

    Valenzuela (5)

    Jhonata (5)

    Lukovic (-)

    Anderson (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SC FARENSE

    Frente ao FC Famalicão, Jorge Costa gizou algumas modificações comparativamente ao encontro do passado domingo, frente ao SL Benfica (0-0): transformou o 4-2-3-1 com o qual combateu os encarnados em 4-4-2 e retirou do onze inicial Bura e M. Quetá, jogadores que deram lugar a Tomás Tavares e B. Mansilla, respetivamente.

    Nos primeiros 45 minutos, sinal mais para a estratégia utilizada pelo SC Farense: aquando dos pontapés de baliza, Jorge Costa executava uma sinalética de dedos que rapidamente introduzia no pensamento dos seus jogadores a cilada da pressão alta – só restava Defendi para lá da linha do meio campo (!) – e uma rápida reação à circulação que se efetuava. Contudo, sinal menos para os momentos com bola: os terrenos mais recuados do FC Famalicão seguiram à risca a definição de homem-alvo e não deram espaço nem liberdade a Ryan Gauld; os extremos B. Mansilla e Licá foram arrastados para zonas mais exteriores do terreno e, por isso, não adquiriram a preponderância ofensiva esperada.

    Na segunda parte, as demandas ofensivas do SC Farense foram reduzidas em quantidade e em qualidade – à exceção da oportunidade que Licá teve nos pés. A inferioridade numérica fomentou a diminuição do espírito temerário encarnado na primeira metade e demonstrou a capacidade que o setor mais recuado do terreno possui para fechar a baliza a sete-chaves.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    R. Defendi (6)

    T. Tavares (7)

    A. Pinto (3)

    E. Mancha (8)

    F. Nunes (7)

    Licá (6)

    Jonatan (6)

    A. Oudrhir (6)

    B. Mansilla (5)

    Pedro H. (6)

    R. Gauld (6)

    SUBS UTILIZADAS

    Cássio S. (7)

    Fabrício (5)

    Bilel (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    FC Famalicão

    BnR: Na primeira metade, o meio campo do FC Famalicão – com especial destaque para o Pêpê Rodrigues e para o Ugarte – não conseguiu guardar a posse de bola, pautar o jogo e criar possíveis situações de perigo. Na segunda parte, com a superioridade numérica, os jogadores mencionados já tiveram outra predisposição. O que foi corrigido?

    Jorge Silas: Não corrigimos com bola, corrigimos sem bola. Estávamos mal no jogo direto. Perdíamos muitas segundas bola. O SC Farense é forte e acabou por ter esse ascendente de que eu falei, mas nós realmente, o que mudamos mais, não foi a nível ofensivo, mas defensivo.

    SC Farense

    BnR: Pode considerar-se que o setor defensivo do SC Farense esteve imperial hoje, face às vicissitudes da partida? O ataque, por sua vez, ficou aquém da defesa?

    Jorge Costa: Peço desculpa, mas eu não vejo o futebol por setores. A equipa esteve bem. Eu recuso-me a ver o futebol desse forma redutora. No plano defensivo, o Mansilla, o Pedro e o Licá estiveram imperiais.

    Artigo revisto por Mariana Plácido

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.