FC Famalicão 5-0 Moreirense FC: A vingança é um prato com cinco ingredientes

    A CRÓNICA: SE É BANZA E JOÃO CARLOS TEIXEIRA, DEIXEM PASSAR!

    Qualquer indivíduo que acompanhe a atualidade do país se depara com a aridez e a esterilidade dos solos propícios à prática da agricultura e com a redução da capacidade das barragens para metade. São Pedro escolheu o dia 13 de fevereiro para iniciar o período de inverno em Portugal e as populações massacradas pelos acontecimentos descritos esperam que a autoridade máxima da Meteorologia se mantenha fiel a si durante dois meses, no mínimo.

    Em Famalicão, os adeptos de futebol tiveram um dos principais problemas do país em consideração e compareceram ao estádio com o intuito de contemplarem uma chuva de golos e dançarem ao som da mesma. Contudo, soado o apito inicial, a precipitação deu tréguas.

    O minuto 14 foi assinalado com o primeiro momento de perigo: Paulinho bate o canto na direita e encontra André Luís perto do céu, mas o brasileiro, devido à pontaria excessiva, faz a bola embater na trave. Luiz Júnior ainda levou com algumas gotas suspensas no ferro da sua baliza…

    A intranquilidade também perpassou o meio-campo cónego. Após tentativa de aprofundar o jogo em Ivo Rodrigues, Pedro Amador convidou a displicência para jantar e perde o lance para o camisola sete: o médio cruza, Bruno Rodrigues aparece atrasado junto da marca de grande penalidade, mas o esférico sobrevoou a baliza de Pasinato (18’).

    O perigo parecia rondar de quatro em quatro minutos. Banza, após receber a bola e sempre sob a vigilância de Pablo Santos, metaforizou o arranque de um carro: meteu a primeira velocidade, travou e acelerou a fundo. Resultado? Rasteira e grande penalidade. Após validada a decisão do árbitro, Pêpê converteu o lance e impingiu à alteração dos dígitos do placard. 1-0!

    O primeiro tento parece ter acordado a massa adepta da equipa da casa. Os jogadores, com o ouvido na bancada, responderam ao pedido do segundo golo com uma demonstração do ímpeto do coletivo: o comboio Luiz Junior – Ivo Rodrigues – João Carlos Teixeira – Simone Banza Luiz delineou a segunda paragem na baliza adversária: o corredor direito, na perspetiva da tripla famalicense, oferece uma quantidade de soluções que possam surtir efeito. O camisola 17 ainda vê o seu remate intersetado, mas sai vitorioso do lance. 2-0!

    Perpetuado o designado golo da tranquilidade, esperava-se que o ritmo da partida acalmasse. João Carlos Teixeira, após recolha do esférico oriundo de uma dividida no centro do terreno, calcorreou metros em posse, tabelou com Simone Banza à entrada da área e cruzou atrasado novamente: Adrián Marín, proveniente do lado contrário do terreno, aparece sem marcação e encosta para a contagem (34’). 3-0!

    A frase “quando menos se espera, acontece alguma coisa” é sintomática. Uma vantagem de três golos, para os pupilos de Rui Pedro Silva, ainda sabia a pouco e um livre conquistado junto da área do Moreirense FC pressentia-o. Ivo Rodrigues, fingindo ameaçar o remate, isola Adrián Marín do lado esquerdo. O lateral encontra João Carlos Teixeira expectante e só lhe dá um trabalho: encostar. A resposta foi afirmativa (44’). 4-0!

    Intervalo na partida. Se a segunda parte alcançasse o ritmo alucinante da primeira, o público atingia o nível máximo de êxtase. E a verdade é que o FC Famalicão, após o intervalo, geriu a vantagem confortável e exibiu uma quebra das dinâmicas usadas.

    Porém, ao minuto 69, a equipa da casa chegou à mão cheia de golos. A dupla recém entrada na partida, De La Fuente – Dolcek, erigiu o quinto tento: uma variação de flanco de Gustavo Assunção encontrou De La Fuente no flanco esquerdo; o extremo enfrentou Walterson e depositou o esférico nos pés do camisola 21. 5-0!

    Até ao término da partida, Matheus Pasinato ainda evitou o sexto tento a remate de Dolcek.

    O FC Famalicão vence, convence, sai da linha de água e ganha terreno na luta pela manutenção em relação à equipa de Moreira de Cónegos.

     

    A FIGURA

    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Ataque do FC Famalicão – Em Alvalade, Banza e companhia mereciam algo mais do que um simplório 2-0. Hoje, o quarteto encarregue das manobras ofensivas vingou-se no Moreirense, adversário direto na luta pela manutenção. Que espetáculo assistiu o público presente no Estádio Municipal 22 de julho!

     

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Zito Delgado / Bola na Rede

    Linha defensiva do Moreirense FC – o quarteto defensivo do conjunto minhoto, ao contrário do que tem habituado o seu público, estudou pouco o adversário. A falsa referência representada por Banza colocou à nora as marcações e o posicionamento do trio de centrais. Além disto, face à insistência na profundidade, as debilidades defensivas de Paulinho e Pedro Amador foram expostas pela insistência na profundidade.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC FAMALICÃO

    Na semana passada, no Estádio José Alvalade XXI, Rui Pedro Silva estruturou um 3-4-3(5-2-3 em plano defensivo) e tirou o mesmo trunfo da manga que Amorim costuma exibir: Ivo Rodrigues e Adrián Marín foram os responsáveis pelas transições nos respetivos flancos. João Carlos Teixeira, contratação de inverno, estreou-se pelo FC Famalicão. Diante do Moreirense FC, Gustavo Assunção assumiu o lugar deixado pela suspensão de Pickel.

    Durante a priemira metade, o FC Famalicão apresentou um sistema distinto: utilizou uma linha de quatro defesas (Alexandre Penetra ocupou o flanco direito), duplo pivôt e um trio de cariz ofensivo no apoio a Simone Banza. O corredor direito, com Ivo Rodrigues à cabeça, realizou diversas investidas ofensivas pelo facto de perceber, desde cedo, a brecha existente entre Pablo Santos e Pedro Amador. Além disto, Gustavo Assunção e Pêpê eram ajudados pelo trio que suportava Banza frequentemente, facto que impulsionou a garantia da superioridade no miolo.

    Na segunda metade, o FC Famalicão limitou-se a controlar e fazer a gestão dos momentos de jogo. Face ao resultado expressivo aplicado durante a primeira metade, Rui Pedro Silva pode modificar peças no seu xadrez e, simultaneamente, manter a consistência da sua equipa.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Júnior

    Nascimento (6)

    Marín (7)

    Ivo Rodrigues (8)

    Bruno Rodrigues (7)

    Gustavo A. (8)

    Riccieli (7)

    Banza (8)

    Teixeira (8)

    Penetra (7)

    Pêpê (7)

    SUBS UTILIZADAS

    Batubinsika (6)

    De La Fuente (7)

    Ivan Dolcek (7)

    Jhonder Cadiz (5)

    Júnior C. (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – MOREIRENSE FC

    Defronte do Belenenses SAD, Ricardo Sá Pinto gizou para os cónegos a mesma estratégia: uma base de três centrais, um meio-campo mutável com a respetiva flexibilidade dos homens dispostos nos flancos e um trio atacante com dois pontas de lança de raiz (André Luís e Rafael Martins alternavam entre si e ocupavam tanto o centro do terreno como o lado esquerdo). O técnico dos cónegos, fruto do resultado anterior, optou pela mesma postura tática

    Nos primeiros 45 minutos, os cónegos procuraram chegar à vantagem em primeiro lugar. A subida das linhas de pressão ao portador da bola atraía os médios do Moreirense FC para a armadilha de um miolo adversário reforçado e em vantagem em situação defensiva. A linha de quatro, após considerar S. Banza uma referência atacante e o homem mais avançado no terreno, baralhou as suas marcações com a presença constante de João Carlos Teixeira como segundo avançado.

    Ricardo Sá Pinto esgotou as alterações na segunda parte, mas em nada alterou a estratégia da equipa. Apesar de a primeira oportunidade de perigo pertencer à sua equipa, o Moreirense FC ressentiu-se da eficácia famalicense demonstrada ao longo da primeira metade.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Pasinato (5)

    Rosic (4)

    Artur Jorge (4)

    Fábio Pacheco (4)

    Ibrahima (5)

    André Luís (6)

    Yan Matheus (5)

    Pedro Amador (3)

    Pablo (3)

    Paulinho (4)

    Rafael Martins (4)

    SUBS UTILIZADAS

    Jefferson (4)

    Walterson (4)

    Ramos (4)

    Conceição (4)

    Lacerda (5)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    FC Famalicão

    BnR: Mister, boa tarde! Antes de mais, parabéns pelo triunfo importante na luta acesa pela manutenção. Pergunto-lhe se criar uma espécie de falsa sensação de referência atacante (refiro-me a Banza), suportada por um trio com forte pendor ofensivo, ajudou a construir este resultado dilatado?

    Rui Pedro Silva: Temos padrões enquanto equipa. Temos dinâmicas que privilegiamos. Temos alternativas para todos os jogos, mas existe uma tática a que damos primazia. Hoje, o Simone foi preponderante na construção do resultado e da vitória da equipa. Resultou bem diante do adversário, mas isto não é uma constante.

     

    Moreirense FC

    BnR: Boa tarde, mister! O Moreirense, sob o seu comando, é uma equipa que não tem grandes dificuldades a controlar a profundidade em momentos defensivos e aguerrida, combativa em todos os momentos do jogo. Pergunto-lhe o que faltou hoje para travar essa constante e se este jogo é uma exceção à regra?

    Ricardo Sá Pinto: Exatamente. Espero que sim, espero que não aconteça mais. A equipa tem feito bons jogos, mas tem pecado em lances fortuitos e que, por vezes, afetam o rendimento e causam alguma inquietação. Há jogos em que temos de aprender e este serve precisamente para isso. Para ver e rever! Por exemplo, em Braga fizemos uma primeira parte excelente e sem nada a apontar e acabamos por sofrer um golo ridículo. O futebol está ao detalhe.

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.