A CRÓNICA: PÓDIO? FALTAM DENTES A ESTE FC PAÇOS DE FERREIRA
No seio da biosfera dependente da atmosfera onde o esférico rola, sempre existiu uma preocupação acrescida acerca da reintrodução do castor na ribalta. A travessia para a sétima dentada consecutiva colocou frente a frente FC Paços de Ferreira e Portimonense SC e, em caso de boa aptidão dental, o castor calcorreava rumo ao pódio da Primeira Liga Portuguesa.
Na Capital do Móvel, figurou um vendaval atmosférico e uma tempestade no que dizia respeito à fertilidade criativa. Na primeira metade, Aylton quase provocou – por duas vezes – a boa morte do FC Paços de Ferreira, mas Fali Candé e Beto não encerraram em si a audácia suficiente para dadivar o castor com a extrema unção.
O insólito também compareceu. As três equipas viram-se obrigadas a cessar atividade por breves momentos pela queda abrupta de dilúvio em estado sólido. Os céus contemplavam a partida e teciam rugidos. A ausência de piedade não era uma metáfora…
Quem previu e confiou no seu instinto para apostar numa vitória tranquila dos castores, certamente não esperou que este Portimonense SC fosse folha difícil para herbívoro…
Sorriso amarelo e quadro em branco ao intervalo!
O Portimonense SC adentrou pela segunda parte com o pragmatismo e as linhas de pressão subidas junto da lapela – Dener seguiu as pisadas de Candé e Beto (na primeira parte), mas de forma mais escandalosa – enquanto que o FC Paços de Ferreira dava mostras sucessivas de apneia de sono.
O golpe de teatro (quase) teimou em comparecer no término da partida: Bruno Moreira, através de um movimento de corpo em sentido contrário e após ser solicitado por Salmina, atira rasteiro e permite a interseção de Marcelo no cimo da linha de golo.
A possibilidade de inserção no pódio da tabela classificativa desvaneceu pelo nulo final. A mudança de que o mundo padece constantemente não atracou em Paços de Ferreira.
A FIGURA
Setor defensivo do Portimonense SC – o quarteto defensivo esteve irrepreensível no desenrolar da partida. Controlou as movimentações dos castores desde o começo da partida e anulou a pujança e o pendor ofensivo que, num passado recente, resolveram jogos que se vislumbravam espinhosos. Destaque, ainda, para a capacidade ofensiva de Fali Candé e Moufi.
O FORA DE JOGO
Poderio ofensivo do FC Paços de Ferreira – Douglas Tanque não constituiu o veículo através do qual os castores ingressaram numa guera, nem Luther Singh, Hélder Ferreira, João Amaral e João Pedro as locomotivas que apressavam e eram os apeadeiros de posíveis situações de perigo. A desinspiração foi a pedra de toque e capaz de se dividir pelos cinco atacantes de igual forma.
ANÁLISE TÁTICA – FC PAÇOS DE FERREIRA
Pepa apostou numa estratégia que brada pragmatismo: um 4-3-3 objetivado pelo poder de explosão da frente de ataque, ocupada por Luther Singh, Douglas Tanque e Hélder Ferreira, e pelo possível controlo e gestão do miolo em vários momentos do jogo, onde normalmente pontifica a experiência de Luiz Carlos e a salto qualitativo de passe que Eustáquio confere aos castores.
Primeira metade muito abaixo das expetativas. O vendaval dificultou o processo ofensivo, mas o FC Paços de Ferreira foi dominado pela inépcia desde o apito inicial: Diaby construía mal e lateralizava demasiado, L. Singh e Hélder Ferreira raramente procuraram movimentos interiores e Eustáquio, aquando da posse do esférico, não progredia; além disso, o setor defensivo pacense aparentava intranquilidade quando deparado com Beto e Aylton Boa-Morte.
Na segunda metade, a passividade dominou e não existiram dentes para agarrar a partida. Um FC Paços de Ferreira descaracterizado face à primeira metade da época, incapaz de criar a barafunda na grande área adversária e perfeitamente conformado com os factos do jogo.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Jordi (6)
F. Fonseca (5)
M. Baixinho (6)
Marcelo (7)
Rebocho (5)
Luiz Carlos (5)
Diaby (5)
S. Eustáquio (6)
H. Ferreira (5)
Tanque (5)
L. Singh (6)
SUBS UTILIZADAS
João Pedro (4)
Uílton (4)
João Amaral (3)
A. Castanheira (-)
ANÁLISE TÁTICA – PORTIMONENSE SC
A Sul, desenhou-se outro quadro. Paulo Sérgio gizou um 4-4-2 precavendo-se das ausências de Rúben Ferreira, Lucas e Pedro Sá. Perspetivam-se inúmeros golpes de contra-ataque e o estancar da criatividade adversária a partir do setor mais recuado do terreno. Boa-Morte e Beto eram as lanças apontadas ao horizonte e timoneiros de uma possível profundidade na quadra.
Aylton Boa-Morte e Beto, durante os 45 minutos iniciais, foram o rosto do inconformismo: lançados, sempre que possível, em profundidade, os extremos incomodavam o setor mais recuado do adversário, quer no gizar de triangulações, quer em tentativas individuais. Por acréscimo, Willyan parecia ter lido a enciclopédia das movimentações de Eustáquio e Luiz Carlos e revelava ser uma muralha a meio campo.
Segunda parte não premiada pelo golo, cor que faltou ao desenho das jogadas. As melhores intentonas vieram do sul. Dener e Willyan jogaram de pantufas e metamorfosearam-se em cortes nos rasgos de genialidade e nos momentos de construção pacense. Fali Candé e Moufi também se transfiguraram em avalanches ofensivas.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Samuel (5)
Cande (7)
Possignolo (7)
Mauricio (7)
Moufi (7)
Dener (7)
Ewerton (6)
Queiroz Cantero (6)
Willyan (7)
Boa Morte (6)
Beto (6)
SUBS UTILIZADAS
Bruno Moreira (6)
Salmani (6)
Henrique (6)
Lucas T. (-)
Poha (-)
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
FC Paços de Ferreira
BnR: Boa noite, mister. Nulo final. Certamente que não era o resultado esperado. Atualemente, caracterizam o FC Paços de Ferreira como uma equipa com um ímpeto ofensivo acima da média em Portugal, organizada, que sai bem a jogar a partir de trás. Sente que a equipa se descaracterizou hoje, face aos resultados anteriores?
Pepa: Somos uma equipa com dificuldade no jogo direto e isso é notório. Quando assim é, mesmo assim, conseguimos somar, conseguimos vencer. Temos que perceber que o jogo foi interrompido pelas condições atmosféricas. Mas os meus jogadores estão de parabéns. Tenho um balneário unido e com muita vontade de vencer. Do outro lado, hoje, encontramos uma equipa com uma tremenda capacidade física, que ganharam na maior parte das vezes as primeiras e as segundas bolas. Hoje, mesmo não jogando tremendamente bem, anulamos o Portimonense SC, não os deixamos crescer mais do que aquilo que eles cresceram em campo e tivemos uma atitude que considero positiva face ao que aconteceu. É verdade que também tivemos sorte em dois momentos do jogo, mas faz parte. Mais um ponto na nossa caminhada. Resta levantar a cabeça e pensar no próximo jogo.
Portimonense SC
BnR: Boa noite, mister. Do ponto de vista defensivo, o Portimonense SC esteve imperial. Qual a estratégia para cessar o poderio ofensivo deste Paços Ferreira?
Paulo Sérgio: Concentração, o segredo foi a concentração. Não mudamos nada daquilo que foi o nosso trabalho. Penso que os resultados, até os defensivos, estão somente a aparecer agora. A competitividade aumentou com a inclusão de mais três ou quatro jogadores no plantel. a qualidade do treino é melhor e quando tal acontece, reflete-se no jogo.