No regresso ao principal escalão da Liga Portugal, o CF Estrela recebeu o Vitória SC. Os minhotos venceram o jogo pela margem mínima: 0-1.
Os postes de eletricidade da Reboleira ainda seguram os cartazes de promoção ao playoff com o Marítimo que colocou o CF Estrela na Primeira Liga. Resistente o papel que sobreviveu à festa que se fez junto ao Estádio José Gomes quando a equipa garantiu o acesso ao escalão principal. Diga-se, em nome da verdade, que não passou assim tanto tempo, até ao regresso na competição.
Para os menos crentes, os do “só acredito quando vir”, este era o momento de terem a Primeira Liga diante de si e ficarem encurralados pela dimensão que o CF Estrela, 14 anos depois, conseguiu voltar a atingir. O cúmplice do regresso foi o Vitória SC.
A estrada em torno do Estádio José Gomes tinha uma faixa de carros que praticamente tinha que dar para os veículos que circulavam nos dois sentidos e a dos adeptos que faziam fila para entrar para o jogo da jornada inaugural do campeonato. A nostalgia vestia as camisolas de patrocinadores antigos do clube e que faziam a ponte entre os anos em que o CF Estrela esteve afastado dos grandes palcos e o dia que marcava o regresso.
Só que isto da experiência ao nível mais elevado também joga. Aí, o Vitória SC entrava a ganhar. Miguel Lopes, um dos três centrais tricolores, errou um passe em zona central. Jota Silva resgatou a bola e avançou a passos curtos, mas rápidos, para a baliza. O defesa tentou remediar o erro, só que pisou o Grealish do Minho. O árbitro expulsou o jogador estrelista e o lapso acabou por ser elevado ao cubo. No lance seguinte, o próprio Jota Silva desviou um canto ao primeiro poste para dar vantagem ao Vitória SC.
Na frente de ataque, o CF Estrela tinha um Ronald e um Ronaldo. Porventura, faltava um Cristiano para ajudar a marcar. Não aparecendo nenhum candidato a reforço com esse nome, o médio defensivo, Aloísio, tentou o primeiro remate.
Faltavam ao CF Estrela oportunidades e um homem no campo. Na lógica da toponímia, o Vitória SC também tinha argumentos. Quatro elementos no onze com o apelido Silva eram mais do que suficiente para jogarem como uma família ainda que, no sangue que lhes corre nas veias, só o ADN vitoriano os ligue. De todos eles, Manu Silva, que, fruto dos 22 anos, se aqui construíssemos uma árvore genealógica, seria o filho, foi a revelação do encontro. No meio da linha de três centrais, o jogador que fez apenas o segundo jogo na Primeira Liga fez esquecer a saída de André Amaro.
O que uma senhora gritava da bancada (“joguem à bola, Estrela”) era uma exigência audaz para as circunstâncias. O avançado do Vitória SC, Jota Silva, começava a espoletar fenómenos de antipatia da bancada talvez pelas várias ocasiões que criou.
O CF Estrela usou as substituições que Sérgio Vieira, treinador que acabou expulso, fez ao intervalo para fazer esquecer que jogava em inferioridade numérica. Léo Cordeiro acrescentou uma intensidade que Aloísio não estava a dar e, com isso, libertou Vitó para tarefas de
distribuição. Em simultâneo, a entrada de Kikas para o lugar de Régis que estava a atuar na direita do ataque levou a que funcionasse mais como um segundo ponta de lança do que como um extremo.
As melhores oportunidades continuaram a pertencer ao Vitória SC. André Silva e Jota Silva ficaram a dever mais golos ao resultado. Os conquistadores venceram (1-0) e conseguiram um nível exibicional suficiente para sarar a ferida que ficou com a eliminação nas pré-eliminatórias da Liga Conferência.