Moreirense FC 1-1 Rio Ave FC: Vitória foge a vila-condenses perdulários

    A CRÓNICA: QUEM NÃO MARCA, SOFRE!

    Na solarenga tarde deste domingo, o desafio que opôs Moreirense FC e Rio Ave FC, a contar para a 23.ª jornada da Primeira Liga, acabou com um empate a uma bola. As equipas, separadas por quatro pontos na tabela classificativa, com vantagem para os caseiros, prometiam um excelente espetáculo de futebol, não só pelas recentes prestações – ambas entravam em campo depois de uma vitória – mas também por partilharem ideias de jogo interessantes.

    O “pressing” ofensivo do Rio Ave pautou uma exibição demasiado penalizadora depois de uma avalanche caracterizada pela indefinição na hora de finalizar. Sobre um jogo altamente dinâmico, as articulações ofensivas da turma de Miguel Cardoso, potenciadas pela mobilidade do trio da frente e pelo pensamento de Francisco Geraldes, constituíram-se como um osso impossível de roer.

    Aos seis minutos de jogo, já havia golo do Comendador Joaquim de Almeida Freitas. Após a marcação de um canto, Santos embrulhou-se com Filipe Soares à boca da baliza, tendo o último colocado o esférico na própria rede.

    Depois de estabilizar a partida, o Moreirense apostou fortemente na profundidade, mas sem criar muito perigo, pelo menos tanto quanto o Rio Ave continuou a criar. Só mesmo a falta de discernimento na hora de finalizar hipotecaram as hipóteses dos visitantes para cimentar a vantagem antes do final da primeira parte.

    Na segunda parte, o tal espetáculo veio com um número bem mais vistoso para todos os espectadores. Mais fluidez, mais espaço e mais oportunidades. O Rio Ave usufruiu de mais terreno para explorar de maneira fortemente pragmática a velocidade de Camacho, Dala e Mané. Essa objetividade, nos pés de Francisco Geraldes, ganhou forma com a criação de oportunidades clamorosas para matar o jogo mais cedo.

    Não aconteceu. O Moreirense, incapaz de tornar a maior posse de bola em algo factualmente positivo, continuou a acreditar. Não foi um jogo sólido em termos defensivos e tão pouco positivo no que concerne ao ataque à baliza forasteira. Entre aproximações tímidas, aos 84 minutos de jogo, o Moreirense, por intermédio de Filipe Pires, empatou a partida, atestando a resiliência e força de vontade desta equipa depois de um belo lance de ataque.

    O Moreirense é oitavo classificado e soma agora 30 pontos, mas ainda não foi desta que Vasco Seabra se estreou a vencer em casa desde que assumiu o comando da equipa de Moreira de Cónegos. O Rio Ave totaliza 26 pontos e é nono classificado. O empate deixa um dissabor enorme e, em termos factuais, uma tentativa falhada de aproximação à equipa do Moreirense.

     

    A FIGURA

    Francisco Geraldes – Podia ser Dala pela velocidade estonteante e os desequilíbrios constantes. Podia ser Filipe Pires pelo golo fundamental para o Moreirense e para o resultado final. Outros jogadores efetuaram excelentes exibições, mas o destaque principal vai para Francisco Geraldes. A atuar como médio ofensivo e num papel preponderante na manobra atacante da equipa, associou-se aos outros homens do ataque de maneira fluída, jogando simples e clarificando um jogo ofensivo do Rio Ave de grande nível.

    Por mais do que uma vez, colocou os seus companheiros na cara do golo. Associou-se aos colegas de equipa na hora de criar desequilíbrios e foi um elemento chave para criar superioridade sobre os da casa, potenciando assim o pendor ofensivo do Rio Ave. Dá a ideia de que, com maior consistência, Francisco Geraldes tem capacidade para confirmar o talento que tem com maior consecutividade.

     

    O FORA DE JOGO

    Momento de definição do Rio Ave FC – Foi o aspeto do jogo mais facilmente verificável. Tanto falhanço não podia ter custado mais caro. A equipa tem muito mérito em como foi criando situações de golo ao longo do jogo, mas não há treinador que resista a uma dor de cabeça depois do que se passou hoje. Porém, acima de tudo, há que referir que o Rio Ave tem vindo a melhor imenso este aspeto, no que toca a criar oportunidades de golo, estando cada vez mais perto de atingir um nível ofensivo próximo do talento dos seus atacantes. Passar a “vias de facto” é o que está a faltar.

     

    ANÁLISE TÁTICA – MOREIRENSE FC

    O Moreirense de Vasco Seabra voltou a apresentar-se no clássico 4-4-2. Em certos momentos, foi possível constatar uma linha de cinco homens no momento defensivo, provavelmente para povoar a zona interior do terreno e fazer frente às intenções vila-condenses, no que toca à procura pelo jogo interior.

    A exploração pela profundidade foi o esplendor do timing ofensivo da equipa. Incapaz de criar desequilíbrios de outra forma, a bola nas costas (principalmente nos corredores) foram a grande aposta da equipa. Destaque para as exibições de Yan Matheus, como um elemento desestabilizador, e de Rafael Martins, um jogador fulcral para segurar e permitir à equipa ocupar os devidos espaços na fase de ataque.

    Privada de explorar terrenos onde se sente bem, como por exemplo a associação da ação de Filipe Soares com a distribuição de jogo no último terço, a equipa teve de se adaptar. A estrelinha e o acreditar até ao fim foram brindados com um ponto.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Pasinato (4)

    Matheus Silva (4)

    Rosic (5)

    Ferraresi (5)

    Abdu (6)

    Ibrahima (4)

    Alex Soares (4)

    Yan Matheus (6)

    Walterson (4)

    Rafael Martins (6)

    Filipe Soares (4)

    SUBS UTILIZADOS

    Franco (4)

    Filipe Pires (6)

    Lacerda (5)

    David Simão (5)

    André Luis (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – RIO AVE FC

    É costume dizer-se na gíria futebolística que “em equipa que ganha, não se mexe”. Miguel Cardoso, certamente apologista do termo, continua fiel aos seus princípios, tendo dado continuidade a várias nuances táticas verificadas na última partida (vitória frente ao SC Farense).

    O 4-2-3-1 dos vila-condenses voltou a moldar-se numa ideia que privilegiou um quarteto defensivo subido no terreno e linhas bastante juntas, com o objetivo de anular o jogo interior dos de Moreira de Cónegos

    O pendor ofensivo do Rio Ave, no entanto, foi um ponto apetecível de observar. Dala, Mané e Camacho foram uma enorme dor de cabeça, sobretudo nas movimentações coordenadas entre ambos os extremos e laterais, isto de forma a criar desequilíbrios nos corredores. Mas também pela zona interior do campo, Francisco Geraldes e os três da frente, através da sua mobilidade, causaram grande superioridade. Faltou golo à equipa de Miguel Cardoso.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Kieszek (5)

    Costinha (5)

    Borevkovic (5)

    Santos (6)

    Sávio (5)

    Pelé (6)

    Filipe Augusto (6)

    Francisco Geraldes (6)

    Carlos Mané (5)

    Rafael Camacho (4)

    Gelson Dala (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Nelson Monte (5)

    Guga (4)

    Tarantini (4)

    Pedro Amaral (-)

    Ronan (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Moreirense FC

    BNR: O mister já tocou no ponto da busca pela profundidade e na tentativa de colocar a bola nas costas. Questiono-o se isso se deveu ao facto de o Rio Ave ser uma equipa que junta muito as linhas e anula assim o espaço para tornar objetivo o jogo interior do adversário?

    Vasco Seabra: Sim, o Rio Ave ainda por cima não tira profundidade no momento em que nós estamos com bola descoberta ou aberta, sem pressão. Retira profundidade unicamente no momento em que nós efetivamente fazemos o movimento de ameaçar a profundidade com um passe. Nós pretendíamos que, ao estar uma linha tão curta e diminuindo tanto o espaço entrelinhas, precisávamos de criar tanto à largura como à profundidade, e para isso criar movimentos e contramovimentos para que a bola pudesse entrar na profundidade ou entrelinhas, mas para isso tínhamos que fazer a ameaça para que o portador da bola tivesse solução à frente e atrás. Em alguns momentos da primeira parte estávamos só a pedir entrelinhas, só a pedir no pé e não estávamos a ameaçar na profundidade o que tornava mais simples a análise da linha defensiva do Rio Ave. Na segunda parte corrigimos essa situação e conseguimos ser mais fortes a explorar o espaço por causa disso.

     

    Rio Ave FC

    BNR: Em termos emocionais, como é que se recupera a equipa depois de uma exibição destas e de um resultado, diria, desproporcional, e também que consequências é que este resultado pode ter no futuro?

    Miguel Cardoso: Este resultado só pode ter boas consequências. O Moreirense estava a quatro pontos e se ganhasse ficava a sete. Apesar de tudo, viemos cá, competimos, mostramos que somos competentes comparativamente com uma equipa que estava à nossa frente e isso significa que temos de olhar para a realidade. Naturalmente somos ambiciosos, mas a ambição é aquilo se põe a cada momento daquilo que se faz. Isso foi o que eu disse aos meus jogadores. Tive o cuidado imediatamente para reduzir o impacto das coisas. Quando alguém falha, temos de estar unidos à volta dos que falham. Senti completamente o balneário e falei com os jogadores. Esta liga não está para meninos, esta liga está para homens com carácter e eu encontrei um balneário de carácter. Tenho jogadores de carácter e esse carácter foi hoje expresso no campo.

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.