A transição como final de uma epístola mal escrita | Rio Ave FC 2-0 Portimonense SC

    Foi um jogo de parco futebol, mas que se manteve em aberto até final, compensando a falta de qualidade com a acentuada presença de drama neste encontro entre Rio Ave FC e Portimonense SC.

    Drama em termos teóricos, uma vez que o 2-0 que selou a vitória verde-e-branca surgiu apenas nos últimos minutos do tempo regulamentar. Na prática, contudo, o drama não era assim tão palpável, dada a incapacidade demonstrada pelo Portimonense DC para criar perigo.

    A ligação de jogo dos algarvios foi pouco estimulada, com perdas de bola a surgirem rapidamente – três, quatro passes eram a média de passes corretos até à perda do esférico. Carlinhos, o jogador de maior valia da turma de Portimão, teve pouco jogo e pouco em jogo, não necessariamente por culpa própria. As bolas paradas foram igualmente inócuas, de parte a parte, e foi de erros no primeiro terço defensivo que surgiram as melhores ocasiões da partida.

    A exceção foi mesmo o 2-0 dos rio-avistas, que foi conseguido numa jogada de transição ofensiva bem desenrolada, com a velocidade de Boateng a pontificar, apesar do estilo arrojado e afoito à posse de bola, com construção desde trás. O conjunto de Luís Freire vem apresentando algumas melhorias nesta fase da época e a capacidade de jogar de forma mais pragmática quando necessário tem contribuído para isso, ainda que a fidelidade ao seu ideal de jogo seja louvável.

    O Rio Ave FC somou o quarto jogo caseiro seguido sem perder (duas vitórias por 2-0 e dois empates a um golo) e apanhou o Portimonense SC na classificação. Os algarvios voltam a dar maus sinais na ligação ofensiva e continuam a demonstrar demasiada permeabilidade defensiva, acentuando o registo de segunda pior defesa do campeonato, com menos cinco golos concedidos do que o GD Chaves.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    RIO AVE FC

    BnR: O Rio Ave FC abriu o marcador no primeiro quarto de hora do segundo tempo, que é, de longe, o período mais produtivo da equipa no campeonato. Há algum motivo especial que justifique esse dado estatístico? Pedia-lhe ainda um comentário ao momento de Boateng, que soma quatro golos e duas assistências nas últimas sete jornadas, estando em seis dos nove golos do Rio Ave FC nesses encontros.

    Luís Freire: “Nós fazemos sempre um plano de jogo ofensivo, tentamos ter um jogo positivo, com uma linha defensiva um bocadinho mais alta do que era suposto dentro da nossa dimensão na tabela. Queremos tentar desafiar o adversário, seja quem for, ser uma equipa agressiva, dominante, tentar jogar para construir e fazer golos. As primeiras partes às vezes desgastam o adversário e nas segundas conseguimos dar confiança aos jogadores. O principal objetivo ao intervalo é fazer ver aos jogadores que há coisas que estão a ser bem feitas – quando há correções a fazer, fazemos -, os jogadores entram bem, confiam. Tem dado frutos e entrámos muito bem na segunda parte. Depois, entram os jogadores. O Boateng, infelizmente, esteve quase dois meses de fora, e nota-se, porque é um jogador com caraterísticas diferentes, muito físico, muito trabalhador na frente, com jogo aéreo, consegue finalizar. Dá muito trabalho às defesas e para nós é uma mais-valia. Está num bom momento, está confiante, não só pelos números, mas pelo que dá à equipa.

    Outras declarações:

    “Entrámos bem no jogo, mas não finalizámos bem”.

    “Os primeiros 25 minutos são de qualidade da nossa parte”.

    “O Portimonense SC conseguiu ganhar segundas bolas que nos causaram alguns problemas”.

    “Ao intervalo, pedimos personalidade aos jogadores e que fizessem aquilo que é o nosso jogo”.

    “Na segunda parte, não tivemos grandes dificuldades em controlar o caudal ofensivo do Portimonense SC”.

    “Fomos uma equilibrada emocionalmente”.

    “Não é fácil jogar como nós jogámos”.

    “Vencemos justamente este jogo”.

    PORTIMONENSE SC

    BnR: A sua equipa, a par do Gil Vicente FC, é a que mais golos sofreu nos segundos tempos na Primeira Liga. Há algo que o justifique ou é apenas uma coincidência estatística?

    Paulo Sérgio: “Teríamos que fazer um estudo mais alargado e comparativo com as outras equipas, mas acho que isso é um bocado senso comum. Em todas as partidas, nas segundas partes há mais golos. Não acho que seja um dado relevante. O que é relevante é olhar e ver os erros cometidos”.

    Outras declarações:

    “Até ao 1-0 a equipa deu uma boa imagem e teve as melhores ocasiões”.

    “Tivemos sempre um bom controlo na partida, mas pouco esclarecidos no ataque e pouco agressivos na defesa”.

    “É a segunda semana seguida em que somos prejudicados”.

    “A equipa do Rio Ave FC é uma boa equipa. Sabemos das dificuldades que provocámos ao Rio Ave FC”.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.