Vitória SC 2-1 Boavista FC: Felino madrugador, espírito conquistador

    A CRÓNICA: O VITÓRIA SC TEM DOIS GUARDAS NO SEU CASTELO

    A grande diferença entre o mundo real e um universo de estirpe paralela reside na dosagem de fantasia que cada um dos espetros alicerça em si. A frase anterior constitui o prólogo da história que dispõe onze panteras diante de onze vigilantes do Castelo, narrada na terceira pessoa.

    O felino Gustavo Sauer foi o primeiro a demonstrar que as garras estavam afiadas, mas foi desarmado pelo corta-unhas que subjugou o seu pé esquerdo (8′). O. Estupiñán, como símbolo de proteção e vigilância do Castelo tentou encontrar luz, mas o remate escureceu tal vã tentativa (10′).

    A trapaceirice de Ricardo Mangas, à passagem do minuto 17, subiu à área adversária e encontrou alimento face à negligência dos responsáveis da fortaleza. 0-1!

    O guarda com o número 31, em frente à pantera Léo Jardim (26′), foi absorvido pelo pânico, permitindo a mancha e desperdiçando a retaliação. Numa rusga desde o meio do páteo até ao lado adversário, M. Edwards, através do revólver do lado esquerdo, disparou, mas o tiro dissipou-se entre as patas do guardião brasileiro (32′).

    No minuto 38, pôde depreender-se que Rochinha era o único vigilante munido do que interessava verdadeiramente: lanterna e carabina: da ponta da área, procurou o abrigo da pantera mais distante e premiu o gatilho. 1-1!

    Soou um badalar de um sino. As panteras e os guardas do Castelo juntaram-se em espaços devidamente separados e redefiniram estratégias.

    Na segunda metade, e já com a estratégia devidamente aprimorada, A. André também alvejou a pantera Léo Jardim (62′), a onze metros de distância. 2-1!

    Óscar Estupiñán ainda se deu ao luxo de desperdiçar, por duas vezes, o brilho proveniente das claraboias de Rochinha (78′) e A. Almeida (80′).

    Em cima do tempo de jogo, a pantera Hamache colocou a esperança em Javi García; esta, por sua vez, esbarrou no poste da quina do castelo à guarda de Bruno Varela.

    A partida acabou volvidos alguns minutos. O Vitória SC solidificou a sexta posição da tabela classificativa e ainda luta por um lugar no Sol da Europa, enquanto que o Boavista FC peleja pela permanência na Primeira Liga Portuguesa, ocupando – até ao momento – a 17ª posição.

     

    A FIGURA

    Fonte: Carlos Silva/ Bola na Rede

    Rochinha – Hoje, no D. Afonso Henriques, o extremo teve preponderância acima da média naquele que foi o resultado final. Durante a partida, foi o elemento mais irrequieto da formação vimaranense: abriu espaços e possibilitou a rutura dos companheiros em alguns momentos de jogo, explorou a profundidade, desenhou diversas triangulações com A. André e Estupiñán, ganhou a maioria dos duelos individuais disputados com Devenish e… marcou um golo de antologia poética.

     

    O FORA DE JOGO

    Óscar Estupiñán – A exibição desempenhada não se assemelhou às últimas que realizou. Frente a um Boavista FC permeável, o colombiano foi perdulário até dizer chega. Um golo sinalizava a diferença entre uma exibição sofrida e outra mais segura. Se estivesse em dia sim e com o faro de golo apurado, hoje a goleada tinha o seu cunho pessoal…

     

    ANÁLISE TÁTICA – VITÓRIA SC

    A formação orientada por João Henriques apresenta-se às panteras no habitual 4-3-3 e regista duas alterações no onze inicial face ao encontro da jornada anterior diante do FC Paços de Ferreira: Wakaso deu lugar a André Almeida e F. Sackho foi substituído por Z. Ouattara. Além disto, nota para a ausência de Ricardo Quaresma no banco de suplentes vimaranense.

    A primeira parte assinalou o pendor ofensivo do Vitória SC: jogadas bem construídas, a simplicidade e objetividade eram critérios soberanos. A. Almeida e A. André carregavam consigo a cruz de não assumir a batuta do esférico enquanto que Marcus Edwards e Rochinha se ocupavam pela demanda da profundidade nos respetivos corredores e pela penetração em terrenos mais interiores, protagonizando inúmeras diagonais. Óscar Estupiñán promovia e destilava o ataque apoiado: a receção da bola de costas para a baliza, a procura de espaços livres e o arrastar do quarteto defensivo do Boavista FC eram desenhados com primor; pecou na finalização. Setor defensivo intranquilo e desconcentrado em alguns momentos do jogo.

    A segunda metade serviu para corrigir alguns acertos defensivos e resultou na perfeição: a linha de quatro mais adiantada olvidou toda e qualquer tentativa de perigo por parte do Boavista FC, subindo a pressão e diferenciando como potencial homem-alvo Elis. O meio campo parecia ter regressado com uma injeção de pujança nos músculos: os dois Andrés e Pepelu encarnaram no espírito parasitário e lascaram as veias criativas de Angel Gomes e Paulinho.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    B. Varela (6)

    Z. Ouattara (6)

    J. Fernandes (6)

    A. Mumin (6)

    G. Mensah (6)

    Pepelu (6)

    A. Almeida (7)

    A. André (7)

    M. Edwards (6)

    Rochinha (8)

    O. Estupiñán (4)

    SUBS UTILIZADAS

    R. Lameiras (4)

    M. Agu (-)

    M. Luís (-)

    Noah (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – BOAVISTA FC

    Jesualdo Ferreira manteve o já gizado 4-4-2, tática utilizada na vitória caseira frente ao Moreirense FC. As alterações verificaram-se, apenas, no setor defensivo: Rami substituiu Cannon e posicionou-se ao lado de Chidozie no centro da defesa, enquanto que Devenish Castro ocupou a ala direita.

    Durante a primeira metade, os boavisteiros aproveitavam cada contra-ataque como se do último se tratasse: Ángel Gomes era o elo e onde se iniciava a cristalização de cada investida. A junção dos três setores do terreno permitiu a extermínio da criatividade do meio-campo vimaranense, bem como a projeção dos alas do Castelo. Contudo, o quarteto defensivo apresentava dificuldades de marcação e posicionamento consoante as movimentações de Óscar Estupiñán. A dupla ofensiva, Elis e Paulinho, aquando dos momentos com bola, aclamada com frequência.

    Nos segundos 45 minutos, a equipa boavisteira guardou o golpe de teatro para os últimos minutos: até aí, reinou a inatividade ofensiva, apesar dos sucessivos ensaios de exploração da profundidade e velocidade de Elis, Paulinho e Yusupha. Além disto, esfumou-se a agressividade com e sem bola presente na primeira metade. Angel Gomes perdeu influência, Javi García acusou o cansaço e Gustavo Sauer não conseguia, por vezes, conduzir e encaminhar o fio de jogo do Boavista FC.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Léo (5)

    Devenish (5)

    C. Awaziem (6)

    A. Rami (6)

    R. Mangas (7)

    Paulinho (5)

    J. García (5)

    N. Santos (5)

    Gustavo (6)

    A. Elis (7)

    A. Gomes (6)

    SUBS UTILIZADAS

    Show (5)

    Hamache (5)

    Yusupha (4)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Vitória SC

    BnR: Boa noite, mister. Antes de mais, parabéns pelo regresso aos triunfos. Da primeira para a segunda metade, notou-se uma disparidade significativa nas ações do Vitória SC a meio campo. Por exemplo, até ao intervalo, o André Almeida adquiria uma reduzida liberdade de movimentos e o A. André, por vezes, era pouco criterioso naquilo a que chamamos de “pauta” do jogo face à pressão adversária. O que corrigiu?

    João Henriques: Nada. Questões obvias de adaptação ao adversário. As dinâmicas eram as mesmas e eu pedi o mesmo no início da partida e ao intervalo: explorar determinadas situações e zonas, libertar outras. Quanto a mim, foram 90 minutos muito bons, só pecamos na finalização. Tivemos muitas oportunidades de golo, algumas delas flagrantes. Primeiro levamos um soco no estômago, na entrada em falso que tivemos na partida. Mas depois ficou notório o caráter que a equipa teve e tem. Aliás, à semelhança do jogo com o SC Farense, existiu uma entrada em falso e depois andamos a correr atrás do prejuízo.

     

    Boavista FC

    BnR: Boa noite, mister. O Boavista FC sofreu o segundo golo através da grande penalidade. Precisamente nesse momento, já aqueciam três jogadores do seu plantel. As substituições realizadas acabaram por se revelar tardias naquele que foi o desfecho final do encontro? 

    Jesualdo Ferreira: Não, foram no momento certo. Foram quando tiveram de ser. Não acho que tenham sido tardias. O segundo golo, por acaso, aconteceu antes. Por vezes, as coisas são assim. Não é só estalar os dedos e as coisas acontecem. Mediante os jogadores que temos, tentamos lutar pelo resultado outra vez. Procuramos a profundidade, procuramos a largura. Lutamos até ao último segundo e acho que isso ficou comprovado aqui, hoje.

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.