Rio Ave FC 0-0 SC Braga: Maré de inoportunismo e desinspiração

    A CRÓNICA: COM DALA, O RIO AVE FC PODIA TER IÇADO A BANDEIRA VERDE

    O mar, essa longínqua esfera que assume dimensões e simetrias bem planas ordenava, sob o Estádio dos Arcos, uma brisa amena e débil em intensidade.

    Filipe Augusto e Galeno levantaram as primeiras ondas, mas os guarda-redes, enquadrados e atentos, mergulharam no cimo das respetivas cristas.

    Borevkovic foi molhar os pés, levou um balde furado, levantou-o sobre próprio corpo e – respeitando os trâmites da gíria – meteu água (23′): Ricardo Horta aproveitou a falha, colocou em Fransérgio e este disparou para defesa apertada de Kieszeck.

    Realizada a aritmética concernida aos livres diretos, F. Geraldes arremessou para o interior da grande área minhota e Carlos Mané, oriundo da término do areal, dispara às malhas laterais (31′).

    O naufrágio espreitou, mas redundou apenas em susto: após perda de bola de Filipe Augusto, A. Ruiz conduz a bola até à grande área vilacondense e deposita em Galeno; este simula o remate e permite que Borevkovic lhe beije os pés, remata na diagonal e é travado pelo movimento da luva do polaco (38′). Gera-se, posteriormente, um imbróglio na área, mas a equipa de arbitragem assinala fora-de-jogo.

    Do outro lado, contemplou-se – por momentos – o afundar de uma jangada de papel. Rolando, após fazer ressaltar a bola num companheiro de equipa, perde terreno para a desmarcação de G. Dala (44′): este atira contra o corpo de Matheus e, na sobra, o literato F. Geraldes constituiu-se um óbice ao outorgar da fatalidade e vantagem vilacondense.

    A primeira metade primou pela acalmia da maré. Esperava-se, de parte a parte, que a bandeira verde ou vermelha fosse içada.

    Guga correu exasperadamente e cruzou dois corredores, deixou a bola à guarda de G. Dala (52′), mas a prancha apresentou uma brecha na altura de ludibriar a igualdade.

    O Rio Ave FC brotava entusiasmo e sentia que podia aplicar o golpe misericordioso volvidos os minutos do relógio. Contudo, Gelson Dala comprometeu as aspirações da equipa e viu o vermelho direto (80′). Cabia, ao SC Braga, aproveitar a situação e tirar proveito da superioridade numérica.

    João Novais (87′) e Zé Carlos (90′) ainda investiram em equipamento para domar as ondas, mas Kieszek e a má abordagem do lateral direito não chegaram a bom porto.

    O SC Braga recupera um ponto na desvantagem que mantém em relação ao SL Benfica e manteve o quarto lugar na tabela classificativa.

    A FIGURA

    Meio-campo do Rio Ave FC – Podia, neste parâmetro, constar o nome de P. Kieszek. O miolo dos vilacondenses, em superioridade numérica, criou e causa muitas dificuldades à equipa bracarense. Guga, com espaço, gerava e produzia iniciativas atacantes; Filipe Augusto combatia mais atrás, juntamente com Tarantini, encurtava espaços e era o responsável pelo prólogo de jogadas ofensivas. Com 11 até ao fim, a história podia ter sido distinta…

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Definição e critério no último passe do SC Braga – Não compareceu em jogo. Ricardo Horta e Fransérgio, em dias normais, costumam ser exímios na aplicação. Galeno, num dia sim, idem aspas. Abel Ruiz, quando inspirado, a mesma história. Além disso, pecaram a ausência de triangulações e “tabelinhas” entrelinhas, a busca pelo movimento interior e o ataque à recuperação de segundas bolas.

     

    ANÁLISE TÁTICA – RIO AVE FC

    Defronte do Boavista FC, no Estádio do Bessa, Miguel Cardoso montou o habitual 4-3-3 com F. Geraldes subido no terreno para urdir o apoio necessário a Gelson Dala e com um meio campo musculado, utilizando uma linha de três composta por Tarantini, Pelé e Gonçalo Rodrigues. Hoje, diante da formação bracarense, apostou em dois médios mais recuados (Tarantini e F. Augusto) e mais três responsáveis pelas investidas ofensivas (Guga, C. Mané e F. Geraldes) tendo em mente o suporte a profundidade de Gelson Dala.

    Durante a primeira metade, registaram-se algumas falhas e tumultos do ponto de vista defensivo face a uma pressão em zonas altas do terreno, imediatamente realizada ao portador da bola. Gelson Dala e Carlos Mané, quando solicitados na profundidade, faziam crescer água na barba do quarteto defensivo do SC Braga. O controlo do meio-campo esteve, maioritariamente assegurado pelo facto de a equipa dispor de superioridade numérica nesse setor.

    A segunda parte trouxe, do balneário do Rio Ave FC, resquícios de temeridade e atrevimento: os vilacondenses cresceram no terreno e ambientaram-se às anotações e estratégias dos oriundos de Braga. Guga era um dos motores da equipa e Filipe Augusto compensava e colmatava possíveis situações de perigo adversário. A nível defensivo, o quarteto reduziu as preocupações e anulou as investidas quer na profundidade, quer na demanda das entrelinhas e movimentos interiores.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    P. Kieszek (7)

    I. Pinto (7)

    T. Borevkovic (6)

    A. Santos (7)

    P. Amaral (7)

    Tarantini (6)

    F. Augusto (7)

    C. Mané (6)

    G. Rodrigues (8)

    F. Geraldes (7)

    G. Dala (6)

     

    SUBS UTILIZADAS

    N. Monte (-)

    Costinha (-)

    Anderson (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SC BRAGA

    Face ao empate caseiro que opôs os guerreiros ao Belenenses SAD, Carlos Carvalhal alterou algumas peças no xadrez, quer defensiva, quer ofensivamente: no setor mais recuado do terreno, R. Esgaio e R. Silva deram lugar a Z. Carlos e Rolando; no miolo, Castro rendeu A. Elmusrati; na frente atacante, o técnico português invocou a presença de João Novais no apoio a A. Ruiz e preteriu A. Sporar e N. Gaitán.

    Nos primeiros 45 minutos, defensivamente, regista-se o lapso provocado por Rolando e corrigido por Matheus. Várias e vãs foram as investidas ofensivas na cata da profundidade de Galeno, R. Horta e A. Ruiz. Castro e Fransérgio perderam, inúmeras vezes, o controlo e a batuta do miolo, facto comprovado pela inferioridade numérica nesse setor. Zé Carlos e N. Sequeira, a nível ofensivo, não corresponderam ao nível exibido em alguns jogos da temporada. Parte do perigo criado surgiu a partir de bolas paradas.

    No segundo tempo, o SC Braga acionou o “complicómetro” e não personificou a vingança nem esvaziou o espírito perdulário característico da primeira parte. Até à expulsão de G. Dala, escassas foram as vezes nas quais chegou com perigo à baliza adversária. A gestão da posse, quando feita, circunscrevia o último terço do terreno, mas o último passe e a definição não compareceram. Permaneceu a incontinência defensiva e a criação a partir da linha mais recuada. Além disso, as substituições não surtiram o efeito devido: Sporar apenas marcou presença na ala, faltou o génio de Gaitán e Piazón limitou-se a afunilar o jogo pelo lado esquerdo.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Matheus (7)

    Z. Carlos (6)

    V. Tormena (7)

    Rolando (7)

    N. Sequeira (6)

    R. Horta (7)

    Fransérgio (6)

    Castro (6)

    Galeno (6)

    João Novais (7)

    A. Ruiz (6)

     

    SUBS UTILIZADAS

    N. Gaitán (4)

    L. Piazón (4)

    A. Sporar (4)

    A. Horta (-)

    C. Borja (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Rio Ave FC

    BnR: Boa noite, mister. Fica a sensação de que, de igual para igual, o resultado poderia ter sido diferente? Pergunto-lhe isto porque, principalmente na segunda metade, houve – digamos – um controlo do meio campo por parte da sua equipa, até à expulsão.

    Rui Santos: Exatamente! Uma interpretação muito inteligente da sua parte. E eu comungo da mesma. O SC Braga só começou a criar oportunidades a partir do momento da expulsão, ou seja, em superioridade numérica.

     

    SC Braga

    BnR: Boa noite, mister. No cômputo geral, faltou definição e critério no último passe. As substituições que realizou tinham em mente a resolução desse fator? Pergunto-lhe ainda se o facto de a profundidade, em grande parte dos lances, ter sido travada prejudicou aquela que seria a estratégia previamente delineada?

    Carlos Carvalhal: Sinceramente, não sei o que responder. Não vi o jogo dessa forma. Gostei da prestação da equipa. Não tínhamos essa estratégia delineada. Penso que exploramos a profundidade. Inclusive existem um ou dois jogadores isolados defronte do guarda-redes. Tivemos situações de ataque pela direita, pela esquerda, pelo meio. Estou mais satisfeito com os jogadores do que com o resultado. Encontramos pela frente um Rio Ave que também precisa de pontos e que também fez pela vida para tentar vencer a partida. Eles também tiveram mérito na forma como abordaram o jogo. No jogo contra o Belenenses SAD, tivemos menos oportunidades claras de golo. Quanto ao critério, concordo em parte. Nós definimos bem, penso é que, no momento da concretização, não soubemos dar a melhor resposta.

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.