Com a manutenção em jogo, esperava-se um encontro de emoções entre o Vitória FC e o Boavista FC no Bonfim. Em caso de vitória, os sadinos poderiam ficar a cinco pontos do Tondela, enquanto que no caso dos axadrezados poderiam mesmo garantir a manutenção.
Ao momento do apito inicial previa-se um jogo intenso e de oportunidades, no entanto, tal não se verificou na primeira metade. Apenas aos 25 minutos surgiu o primeiro remate e oportunidade, com Cadiz a cruzar para Nuno Valente que atirou à malha lateral.
Até aos 45′ pouco mais aconteceu. Ambas as equipas se mostraram apáticas e sem vontade de marcar. Aliás, houve apenas mais duas oportunidades, ambas para o Vitória, mas sem perigo suficiente para assustar Bracali.
O tempo foi passando, devagar e sem emoção, até ao intervalo.
E se emoção era o que o jogo precisava, emoção foi tudo a que a segunda parte teve – infelizmente não por boas razões.
Logo aos 50 minutos, Cadiz caiu no limiar da área e o juiz da partida mostrou-lhe amarelo por simulação, deixando os adeptos zangados. Mas como nada abala a confiança do grande avançado sadino, dois minutos depois, o camisola 99 quase inaugurou o marcador, após um grande cruzamento, mas a bola saiu por cima.
O jogo voltou a arrefecer, mas não por muito tempo. Aos 68′ Semedo fez falta sobre Sauer e Fábio Verissimo não teve dúvidas e mostrou vermelho direto. A decisão gerou muita contestação, quer por parte dos jogadores, quer por parte dos adeptos de sangue na guelra. Para juntar a isto, Sauer, depois de a maca entrar em campo, levantou-se saindo pelo próprio pé – e foi aqui que o futebol morreu. A falta gerou um livre e antes desse livre ser batido as substituições não foram autorizadas. Desse livre, totalmente limpo e legal, nasceu o primeiro golo do Boavista. Yusupha não perdoou e aproveitou uma das poucas oportunidades do clube axadrezado até então.
Após o golo, tempo de substituição. E, antes de Zequinha sair de campo, foi expulso por palavras, deixando o Vitória reduzido a nove unidades. A confusão instalou-se no Bonfim.
Os adeptos tentaram invadir o campo, levando a polícia de choque a intervir. Quando o jogo finalmente prosseguiu, Cadiz faz falta, aos 73 minutos e leva o segundo amarelo, sendo, também, expulso. Com oito homens em campo e o Bonfim num reboliço, o jogo teve parado até quase aos 85′, com Berto a pedir calma aos adeptos que atiravam objetos para o campo, que gritavam para o camarote da comunicação social e que tentavam entrar em campo.
Um jogo de futebol acabou por se tornar num qualquer coisa indescritível. As emoções, que nem sempre são positivas, levaram a melhor sobre todos em Setúbal e aquilo a que se assistiu depois da confusão foi de uma pobreza extrema.
Aos 88′ minutos o Vitória ficou a pedir penalti sobre Berto, mas, uma vez mais, o árbitro nada assinalou, consultando ainda o videoarbitro que confirmou a sua decisão. O tormento dos sadinos ainda não tinha acabado.
Aos 90′ Perdigão marcou o segundo golo do Boavista, acabando com as poucas esperanças que o Vitória ainda poderia ter. Face a todo o sucedido, Veríssimo mandou jogar mais quinze minutos para lá dos 90, para infelicidade do Vitória.
Nesse tempo, o Boavista carimbou a manutenção com mais um golo, desta vez por parte de Sauer.
A noite no Bonfim acabou triste, cinzenta e feia, não só pelo resultado, mas por tudo o que aconteceu. Um jogo que terminou marcado por tudo o que há de pior no futebol. No meio da desgraça, os axadrezados saem felizes, com a garantia de que no próximo ano continuam na primeira liga.
ONZES E SUBSTITUIÇÕES:
VITÓRIA FC:
Makaridze, Mano, Artur Jorge, Vasco Fernandes, André S., Semedo, Eder Bessa (Mikel, 76′), Nuno Valente (Allef, 76′), Ruben Micael (Berto, 63′), Zequinha, Cadiz
BOAVISTA FC:
Bracali, Edu Machado, Neris, Jubal, Carraça, Tahar, Sauer, Mateus (Perdigão, 86′), Fábio Espinho (Falcone, 55′), Yusupha (Bueno, 78′), Rui Costa
Foto de Capa: Bola na Rede