Académica OAF 1-2 Rio Ave FC: Pedro Mendes da cabeça aos pés

    A CRÓNICA: UM GOLO, UM AUTO-GOLO E UM GOLAÇO ENTRAM NUM ESTÁDIO

    O Rio Ave FC deslocou-se a Coimbra para se encontrar com a Académica-OAF e regressou a Vila do Conde com três pontos como lembrança. Os vila-condenses chegaram em vantagem ao intervalo, mas permitiram o empate na segunda parte, antes de matarem o jogo com o 2-1. Assim foi o jogo:

    Tempo frio, primeira parte morna. Ambas as equipas mostravam esforço e vontade de fazer mais e melhor, mas as aproximações que iam tendo às áreas contrárias não redundaram em lances dignos de constarem nos registos mediáticos. O encaixe tático era notório e, pese embora a diferença pontual entre os clubes, não se faziam notar sinais de desequilíbrio entre os dois conjuntos.

    Contudo, quando o desequilíbrio se fez sentir, fê-lo com estrondo – e com estrondo na barra da baliza de Mika. Um remate deleitoso de e portentoso de Pedro Mendes a quatro, cinco metros da linha frontal da área de penalti (numa posição descaída para a esquerda do ataque rio-avista) fez a bola encontrar-se primeiro com a trave e depois com a relva, sobejando para Aziz, que a amparou com o peito e a deitou nas redes.

    Os adeptos forasteiros (na casa das duas dezenas e meia) esqueciam o frio aquecendo a voz, embalando a equipa para o período de descanso em vantagem. Todavia, não sem antes verem Costinha correr com bola na direção da baliza verde-e-branca com perigo. A bola haveria de descansar nas mãos de Jhonatan. João António Gonçalves tinha visto o suficiente e deu ordem de recolhimento obrigatório por 15 minutos.

    A segunda parte começou amorfa, mas quem via em casa e mudou de canal cometeu um erro enorme. É que, aos 66 minutos, João Carlos transformou-se numa locomotiva, qual desenho animado, e levou tudo à frente. Acima de tudo, levou a bola. E levou. E levou. E levou. Encorajado pelos adeptos deixou de a levar. Rematou. Mais de 20 metros separavam-no da linha de baliza. Não quis saber. Rematou ainda assim. E fez um golo que levantou todos quantos o encorajavam na sua corrida.

    Foi com eles que foi festejar e beber do entusiasmo que só jorra daquela forma de quem mais vive o amor a um clube: os seus adeptos. Estava alcançado o empate e o jogo aquecia e arrebitava. Sei ninguém dar por ela, Pedro Mendes foi buscar um balde de gelo e aguardou.

    Aos 81 minutos despejou-o. A bola cruzada da direita para o segundo poste encontrou o “19” do Rio Ave FC, que a cabeceou contra a cabeça de Guilherme (que a disputava consigo no jogo aéreo). Porém, a Liga atribuiu o golo ao jogador. Da cabeça do lateral-direito da Académica-OAF às redes à guarda de Mika foi um instante. Um instante gélido para todos os academistas presentes no Estádio Cidade de Coimbra.

    Até final, Mauro Caballero ainda obrigou Jhonatan a uma defesa apertada, em cima da linha de baliza, mas o resultado não se alterou.

    A FIGURA

    Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

    Pedro Mendes – Acabou o jogo com um golo e no primeiro golo do Rio Ave teve também papel importante ao fazer o penúltimo toque antes da bola entrar na baliza da Briosa. Além do que continua a trabalhar em campo (recuando, lutando, dividindo lances), mantém uma importância muito grande nas ações ofensivas da sua equipa.

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Cláudia Figueiredo / Bola na Rede

    Primeira parte: em claro contraste com o segundo tempo, a primeira parte do encontro foi demasiado amena para aquecer um fim de tarde bastante frio em Coimbra. Mesmo esmiuçada, dela só retira o golo vila-condense como evento digno de ficar registado para a posterioridade.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICA OAF

    A Briosa apresentou-se no seu cada vez mais habitual 4-2-3-1, com João Tiago e Reko a formarem (pelo menos de início) o duplo pivô defensivo de meio-campo, à frente do qual existia uma porção de terreno alugada a Jonathan Toro. “10” na camisola e nas funções, Toro tinha na sua dianteira João Carlos e nas suas alas Fatai e Costinha.

    Os estudantes procuravam construir com os dois centrais a receberem o apoio de um dos médios do sistema duplo de pivô do meio-campo, com os seus laterais a encostarem às respetivas linhas para darem largura e esticarem o campo na saída com bola da equipa da casa.

    No segundo tempo e, talvez, por não encontrar João Tiago livre para receber a bola (sempre muito condicionado pelos rio-avistas), a Académica-OAF começou a procurar mais sair com os dois centrais e o lateral-direito, Guilherme. O “36” dos estudantes continuava a posicionar-se muito próximo da linha direita, mas não avançava tanto para permitir uma linha de passe que no primeiro tempo os academistas não haviam desbravado.

    Na falta de melhor recurso, era com passes longos, aéreos e verticais que os de negro procuravam chegar ao último terço.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Mika (6)

    Guilherme (5)

    Michael Douglas (6)

    Pedro Justiniano (6)

    David Sualehe (5)

    João Tiago (5)

    Reko (5)

    Toro (5)

    Costinha (6)

    Fatai (5)

    João Carlos (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Traquina (5)

    Fábio Vianna (5)

     Dani (5)

    Mauro Caballero (6)

    ANÁLISE TÁTICA – RIO AVE FC

    No seu momento de ataque posicional, os rio-avistas colocavam Joca em terrenos interiores no miolo, fazendo subir Costinha e construindo a três – com os dois centrais e o lateral-esquerdo Sávio. Desta forma, a turma de Luís Freire atacava num 3-5-2, com Costinha a atuar como “falso” ala na direita, sendo mimetizado na esquerda por Gabrielzinho.

    A dupla de meio-campo (Guga e Vítor Gomes) ganhava a companhia de Joca, formando um trio, mantendo-se a dupla de ataque composta por Aziz e Pedro Mendes. O trio que os vila-condenses formavam no miolo permitia encaixar bem no sistema apresentado pelos estudantes, que colocavam também três elementos no seu setor intermédio.

    No momento defensivo, o Rio Ave FC dispunha-se num 4-4-2 de três linhas. Todavia, no momento de pressionar a Académica-OAF na sua primeira fase de construção, Joca por vezes pisava terrenos mais avançados e interiores (numa transmutação temporária de sistema para um 4-3-3), de forma a controlar as linhas de passe que os centrais academistas procuravam na saída com bola – em particular, Sualehe aberto na esquerda e João Tiago que recuava mais do que Reko para receber bola.

    Com isto, a turma visitante obrigava o adversário a jogar direto mais vezes do que este pretendia, conseguindo os verde-e-brancos controlar a profundidade da melhor forma e fechar essas investidas com relativa tranquilidade.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Jhonatan (6)

    Costinha (5)

    Renato Pantalon (5)

    Hugo Gomes (6)

    Sávio (5)

    Guga (6)

    Vítor Gomes (6)

    Joca (8)

    Gabrielzinho (6)

    Aziz (7)

    Pedro Mendes (9)

    SUBS UTILIZADOS

    Zé Manuel (5)

    João Graça (-)

    Ukra (-)

    Zimbabwe (-)

    Ângelo (-)

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    ACADÉMICA/OAF

    Bola na Rede: Com movimentos muito presos no meio-campo, sobretudo na primeira parte, faltou à Académica-OAF mais descidas no terreno de João Carlos (como a que dá o golo), faltou mais Toro no encontro ou faltou algo mais?

    Pedro Duarte: Faltou trabalhar relações, que nós não trabalhamos relações há 15 dias, porque ao trabalhar com dez ou 12 jogadores durante a semana, como facilmente deverão compreender, não é fácil criar essas relações. Juntando a isso termos jogado com o João Tiago a médio, que é um central de raiz (porque não tínhamos mais ninguém) … Portanto, tínhamos que ser muito inteligentes e optámos quase sempre por jogar por fora, por soluções exteriores. (…) Tínhamos que arranjar um plano de jogo em que não corrêssemos muitos riscos.

     

    Rio Ave FC

    Bola na Rede: Quão importante foi o controlo tático que o Rio Ave FC teve sobre o meio-campo da Académica-OAF, em particular sobre o médio que mais recuava para procurar auxiliar os centrais na construção academista, e acredita que Joca foi a chave tática da sua equipa neste jogo, jogando como ala mas também como terceiro médio?

    Luís Freire: Por iniciativa nossa, tentamos procurar a pressão alta, tentamos condicionar o adversário o mais alto possível e foi isso que tentámos. Sabíamos que a Académica-OAF construía com os dois centrais. O Aziz controlou muito o médio, os extremos saltaram um bocadinho mais aos centrais, os nossos laterais saíam mais aos laterais da Académica-OAF. E tentámos controlar o jogo de profundidade. (…) Sabíamos que tínhamos de estar atentos a esses duelos individuais, sobretudo no meio-campo e no setor defensivo. Penso que surtiu efeito, porque ganhávamos a bola e depois atacávamos nós. Satisfeito com essa capacidade de pressão da minha equipa. O Joca acaba por ser um jogador que tem uma função quase de “10”, acaba por poder baixar ou ficar ou estar mais perto do ponta-de-lança. É um jogador com alguma liberdade de posicionamento.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.