CF Estrela da Amadora 1-2 CD Feirense: Fogaceiros arrancam vitória “a ferros”

    A CRÓNICA: SUBSTITUIÇÕES FIZERAM TODA A DIFERENÇA NO RESULTADO FINAL ENTRE CF ESTRELA E CD FEIRENSE

    Numa manhã cinzenta, o 11.º classificado da Liga 2, CF Estrela da Amadora, revigorado após a vitória por 0-4 sobre o Académico de Viseu na jornada anterior, recebeu o quinto classificado CD Feirense, que só vencera um dos últimos cinco jogos como visitante.

    O jogo começou dividido, com um ligeiro ascendente do Feirense, mas foi o Estrela quem criou mais perigo, com Tipote a isolar-se duas vezes, marcando à segunda. Aos 12 minutos, Bruno fez um enorme erro ao atrasar a bola para Brígido; Tipote aproveitou, fez um chapéu ao guarda-redes e marcou pelo segundo jogo consecutivo.

    O Feirense não foi abaixo e trocava bola de forma fluida entre todos os jogadores. Era uma equipa muito bem montada, mas que encontrou um Estrela extremamente competente no processo defensivo.

    Os fogaceiros, que não haviam marcado nos últimos três jogos, criaram algum perigo com remates de Fábio Espinho e de Bruno, mas a equipa não conseguia expressar todas as suas qualidades e foram os estrelistas quem mais se aproximaram do segundo golo, ainda na primeira parte.

    Primeiro, Chapi isolou Madson, mas Brígido saiu da baliza muito bem. E mesmo antes do intervalo, Tipote fez uma jogada soberba ao passar por um defesa, contornar o guarda-redes, mas perdeu o tempo de remate e Madson acabou por atirar por cima.

    Começa a segunda parte e golo do Feirense – Madson perde a bola, fica a queixar-se de falta, mas o árbitro manda seguir; na transição rápida consequente, Fábio Espinho faz um ótimo passe para Jorge Teixeira (que entrara ainda na primeira parte) atirar a contar.

    O Estrela procurou imediatamente restabelecer a sua vantagem e conseguiu chegar com critério à área do Feirense. O jogo estava mais aberto e partido, e apesar do ascendente tricolor, o Feirense conseguiu marcar o segundo.

    Cruzamento de Zé Ricardo, a bola é desviada, mas chega a Petkov (entrado ao intervalo) que fuzilou a baliza de Tabuaço, confirmando a reviravolta no marcador. Rui Ferreira leu na perfeição o jogo, fazendo as substituições necessárias para chegar à vantagem.

    O Estrela teve então mais urgência em procurar o golo, mas as cinco substituições feitas por Ricardo Chéu não trouxeram o critério necessário para a equipa chegar ao empate.

    O Feirense venceu assim, pela primeira vez, o Estrela da Amadora no Estádio José Gomes e continua a disputar os lugares de subida à Liga Bwin, enquanto o Estrela permanece na 11.ª posição.

     

    A FIGURA

    Fábio Espinho (CD Feirense) – É certo que não marcou nenhum dos golos, mas foi sem dúvida um dos principais construtores desta reviravolta, em todos os sentidos da palavra. Recuou e ajudou muito na ligação de setores através da criação de espaços e distribuição de jogo (sobretudo entrelinhas), no qual inclusive assistiu Jorge Teixeira com um passe em rotura. Esteve em praticamente todas as jogadas, que jogo incrível mesmo!

     

    O FORA DE JOGO

    Diogo Pinto (CF Estrela da Amadora) – Normalmente, é dos melhores jogadores em campo, pois possui um talento enorme. E é por esse mesmo motivo que hoje é “fora de jogo” – esperava-se muito mais da “estrela” de Amadora. Não conseguiu mostrar a sua melhor versão, estando apagado em inúmeros momentos da partida.

     

    ANÁLISE TÁTICA – CF ESTRELA DA AMADORA

    O Estrela partiu numa estrutura de 4-2-3-1 com Mamadou Traoré a recuar e a dar estabilidade ao eixo defensivo, encaixando (sem bola) no meio dos centrais. Entretanto, no miolo do campo, Diogo Pinto desceu um pouco para trazer alguma verticalidade na construção de jogo tricolor, enquanto Chapi atuou como balança. Sérgio Conceição e Afonso Figueiredo preencheram as alas, algo que é habitual.

    Apesar de terem começado em vantagem e serem muito perigosos no último terço (mesmo com poucas oportunidades), observou-se, em vários momentos, claras dificuldades em manter o esférico, circular bem e jogar em ataque apoiado, obrigando a explorar as bolas longas (o golo de Tipote nasceu assim). A defender, alinharam-se num 5-3-2 ou 5-2-3, consoante a pressão e onde estava o esférico, no qual demonstraram um coletivo defensivo muito competente e organizado, anulando as investidas nortenhas pelos corredores laterais e sobretudo o jogo interior. Apesar disso, na segunda parte, observou-se uma clara aposta no 4-3-3 a atacar.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Gonçalo Tabuaço (6)

    Sérgio Conceição (5)

    Anthony Correia (5)

    André Duarte (6)

    Afonso Figueiredo (5)

    Mamadou Traoré (6)

    Chapi (6)

    Salomão (4)

    Diogo Pinto (4)

    Madson (4)

    Tipote (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Xavi (5)

    Aloísio (6)

    Paulinho (5)

    Fabrício (5)

    Miguel Rosa (6)

     

    ANÁLISE TÁTICA – CD FEIRENSE

    No confronto com o CF Estrela da Amadora, a equipa de Rui Ferreira organizou-se num 3-4-3 que se desdobrava em 5-3-2 sem bola. A apoiar o setor defensivo, à frente do mesmo, vimos sobretudo Latyr e, por vezes, Washington. Enquanto as faixas laterais estavam entregues a Zé Ricardo (muito importante) e João Oliveira, observámos muitas vezes André Rodrigues a procurar terrenos interiores e Fábio Espinho a descer com muita liberdade de movimentos para ser a ponte entre setores (médio e avançado), apostando no jogo entrelinhas. Em consequência, o tridente ofensivo não se limitava aos mesmos espaços, verificando uma constante alternação de posições entre Vargas (tanto jogava no centro, como descaía para as laterais), Zé Ricardo (a subir) e André Rodrigues, este último até aos 34 minutos, quando foi substituído.

    A entrada de Jorge Teixeira foi fundamental, uma vez que deu muito mais alento à ofensiva nortenha e inclusive empatou a partida. A ideia terá passado porventura em lançar um jogador veloz com um bom porte físico que fosse capaz de atacar o espaço nas costas do defesa e explorar a profundidade. Na segunda parte, a dinâmica de rotatividade ofensiva continuou com Jorge Teixeira, Petkov (marcador do segundo golo) e Zé Ricardo.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Brígido (6)

    João Pinto (6)

    Sidney Lima (6)

    Bruno (5)

    João Oliveira (6)

    Washignton (6)

    Latyr (7)

    Zé Ricardo (7)

    André Rodrigues (5)

    Vargas (5)

    Fábio Espinho (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Jorge Teixeira (7)

    Stivan Petkov (7)

    Oche (5)

    João Paulo (5)

    Tony (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    CF Estrela da Amadora

    Bola na Rede: Na primeira parte, o Estrela teve algumas dificuldades em jogar desde trás com a bola controlada, sendo que a equipa aproximou-se mais vezes da área através de transições rápidas. Como é que procurou corrigir isso ao intervalo, uma vez que na segunda parte a sua equipa já conseguiu ter mais bola e chegar mais vezes com perigo à área adversária?

    Ricardo Chéu: Permita-me discordar quando diz que chegamos com mais perigo, porque nós podíamos ter ido para o intervalo a ganhar, não por 1-0, mas por mais. A prova disso foi aquela oportunidade claríssima do Madson mesmo em cima do intervalo.

    Claramente foi parte estratégica, o Anthony curto, para sairmos a jogar longo, até pelas características dos jogadores que tínhamos, sabíamos que podíamos ganhar a profundidade, acabamos por fazer o golo assim, porque foi algo estratégico. Na segunda parte, apenas tentamos baixar um pouco os laterais, porque sabíamos que o Feirense alterou a sua forma de estar em campo ao fixar dois homens na frente e, por isso, aquilo que nós queríamos era precisamente aclarar e tentar ganhar esse espaço fora, com os laterais baixos para podermos sair depois com mais qualidade através dos nossos médios.

    Foi uma das fórmulas que nós achámos em função da nossa análise, porque sabíamos que, ao baixar os laterais, depois, na segunda parte, obrigaríamos os laterais adversários a percorrerem uma grande distância e a chegarem sempre tarde. Penso que isso foi criado com muito sucesso e criamos inúmeras oportunidades. É importante valorizar aquilo que são as qualidades individuais dos jogadores que temos, como é o caso do Tipote, que é um jogador que gosta de bola no espaço e não é tão forte na referência.

    Depois, com as substituições, mudámos um pouco, porque sabíamos também que o Feirense tentou explorar mais as transições, mas, acima de tudo, aquilo que fica, acho que foi uma extrema injustiça aquilo que se passou aqui. Se um empate era penalizador para nós, uma derrota é claramente algo de uma injustiça enorme, mas isto é Futebol. Se calhar, já nos aconteceu, noutros campos, termos a felicidade ou a competência de, no Feirense, termos ganho 2-1 com um penálti defendido no último minuto. Hoje faltou-nos um pouco essa sorte, ou a competência de finalizar.

     

    CD Feirense

    Bola na Rede: Ao longo do jogo, o Feirense dispôs de um tridente ofensivo em constante troca de posições (Vargas, Fábio Espinho, Zé Ricardo, Jorge Teixeira, Steven, entre outros). Qual foi o objetivo desta rotina, e ainda lhe perguntava se a entrada de Jorge Teixeira foi a chave para o sucesso de modo a explorar mais a profundidade, enquanto Fábio Espinho era o construtor da equipa na ligação entre setores?

    Rui Ferreira: Começo pelo final. Foi fundamental a entrada de Jorge Teixeira, ao marcar o primeiro golo. Em relação àquilo que procurámos para este jogo, foi a dupla avançada entre Vargas (de grande mobilidade) e Andrézinho que é um médio, mas que também efetua movimentos atacantes muito bons. Não saiu tudo o que nós queríamos com Andrézinho que pudesse ganhar uma superioridade numérica no meio campo. É certo que estava a fazer bem esses movimentos, mas estava a perder muitas bolas. Não tínhamos jogadores no corredor central para procurar essa mesma profundidade. De uma forma muito estranha, o Vargas estava sempre no lado esquerdo e não lhe foi pedido isso. Foi lhe pedido para jogar na frente no corredor central e ele estava preocupado defensivamente.

    Portanto, não tínhamos ligação e não estávamos a conseguir sair. Foi nesse sentido que alterámos para meter o Jorge Teixeira para dar mais profundidade, força e velocidade e corrigimos o posicionamento de Vargas. Depois, na segunda parte, metemos o Petkov que é um jogador mais posicional e de área no sentido de dar maior mobilidade ao Jorge e com a vinda do Fábio Espinho que já lá estava dentro do jogo, pegar na bola e partir para o último passe. Mas antes de partir para o último passe, trabalhar o jogo através dos nossos médios e a sua qualidade, nomeadamente o Latyr.

     

    Rescaldo da opinião de Afonso Viana Santos e Diogo Lagos Reis.

    Artigo revisto por Joana Mendes

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