Jogo grande de quem joga como gente grande| FC Porto B 2-2 SCU Torreense

    No Olival, estiveram em exposição duas mostras de maturidade. De um lado, a maturidade que o FC Porto B demonstrou na primeira parte. Os dragões dominaram o jogo, chegaram ao 1-0 e colocaram o SCU Torreense em claro desconforto. Quão desconfortável estavam os homens de Rui Ferreira? Aos 33 minutos houve dupla alteração. Era esse o nível de desconforto. Mas a maior prova de maturidade dos jovens azuis e brancos não foi ter bola e dominar o jogo até aí: foi ter sabido reagir aos novos estímulos do jogo.

    Os visitantes introduziram duas novas peças e nuances táticas para tentar inverter o jogo até ao intervalo, mas o FC Porto B foi capaz de não permitir que Rui Ferreira ao mexer na equipa mexesse também no jogo. Com qualidade e com bola, o que impressiona talvez mais, os portistas colocaram o jogo no bolso no quarto de hora final da primeira parte e o SCU Torreense, mesmo com as alterações, foi para os balneários sem qualquer remate realizado.

    Essa foi a primeira mostra de maturidade da partida. Na segunda parte, foi a vez do SCU Torreense prestar provas da equipa madura que é. Cientes de que a exibição na primeira parte tinha sido paupérrima (algo assumido pelo seu treinador na Conferência de Imprensa) e de que a entrada na segunda metade tinha que refletir a qualidade real da equipa, os pupilos de Rui Ferreira entraram em campo transfigurados e a marcar. Depois de 45 minutos sem remates, aos 48´ os de Torres Vedras já tinham obrigado Meixedo à defesa do jogo e já tinham empatado a contenda.

    O FC Porto B, num pontapé de bicicleta de Wendel Silva, viria a fazer o 2-1 e, de novo, o SCU Torreense voltaria a chegar ao empate, mostrando fibra suficiente para suprir a clara ausência de qualidade nesta partida. E isto é algo muito característico das equipas maduras: mesmo quando jogam mal, sabem e conseguem fazer o suficiente para não perder o encontro. Num grande jogo com grandes golos, fica na retina as maturidades das duas equipas. A manutenção não deverá ser problema para nenhuma delas. Veremos o resto…

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    BnR: Gabriel Veron hoje foi titular neste FC Porto B, jogando os primeiros 45 minutos, e, nesse tempo, vimos o trio que atua nas costas de Wendel com muita mobilidade, com Rodrigo Mora mais vezes por dentro, mas com Veron e Gui Guedes a permutarem muitas vezes de lado e a colocarem-se, por vezes, um ou outro ou até mesmo os dois, no corredor central, deixando as alas para os laterais. Sem Veron em campo, essa mobilidade não foi tão grande e pareceu haver mais rigidez nos posicionamentos. Essa mobilidade da primeira parte foi uma forma de perceber como melhor enquadrar Veron na equipa ou foi uma forma de aproveitar estrategicamente o brasileiro?

    António Folha: Foi para o colocar na equipa. Ele já não joga há muito tempo e nós, no FC Porto, achámos por bem ele ter minutos, porque tem alguma infelicidade com algumas lesões e ele saiu também com alguma queixa, esperemos que não seja nada de grave. É pena, é um excelente jogador. Foi pô-lo onde ele se sente bem. Jogou mais pela ala, porque nós tínhamos o Wendel, e jogou pela ala porque tem alguma versatilidade, vem para dentro, liga-se ao jogo em tabelas, em profundidade… E, de facto, estava a fazer isso. Aliado a isso, acho que a equipa fez um excelente jogo na primeira parte. Foi só pena a lesão dele.

    BnR: A capacidade que o FC Porto B teve para controlar a partida, muitas vezes com bola, entre as substituições aos 33´ do adversário e o intervalo e a reação ao golo do 1-1 sofrido logo no início da segunda parte mostram a maturidade individual e coletiva que esta equipa vai apresentando?

    António Folha: Eles estavam confiantes porque estavam a conseguir fazer.

    Outras declarações: Independentemente do que eles mexeram, a equipa estava a conseguir fazer. E depois há a quebra, a quebra do “baixa tudo, respira tudo”. O foco começa a não estar tão presente e é que o treinador intervém e alerta, mas a questão é esta: nós aqui temos que ter uma preocupação maior. Mesmo depois de estar a acontecer isto e de percebermos que, quando tínhamos bola, tínhamos de ajustar, porque eram os nossos laterais que ficavam soltos. Na primeira parte, nós metemos gente por dentro e estavam a ser os laterais que estavam a andar. Na segunda parte, com as mudanças deles, o jogo não ficou tão assim e ficou o jogo mais para os nossos laterais ficarem livres se os nossos alas não viessem tanto para dentro e abrissem nas alas. Nós na equipa B, como não há ainda aquela experiência que muitos dos outros jogadores têm, temos de dar feedback. Por muito que a gente treine, depois chega o jogo e é preciso adaptar. E demorou até eles perceberem. Nós demos essa indicação e eles demoraram aquele bocadinho. Depois, quando percebemos que se metêssemos os nossos alas abertos e os defesas mais baixos, iam ficar mais livres. Porquê? Com aquela linha de cinco, normalmente na rotação eles querem bater com o homem de fora no nosso lateral. Se o nosso lateral estiver projetado, aquele homem vai bater facilmente. Se o nosso lateral estiver baixo, ele tem de percorrer 20 ou 30 metros para o vir buscar. E não vai, porque se não vai ficar com uma linha de quatro. E isto, às vezes, para os jovens é difícil.

    “Foi um excelente jogo”.

    “Se dois jogadores estiverem no mesmo nível, joga o mais novo. A minha equipa sabe disso”.

    “Fomos sempre uma equipa à procura de ganhar o jogo”.

    BnR: O que não estava a sua equipa a conseguir fazer para contrariar o domínio do FC Porto B no primeiro tempo? David Tavares foi a única alteração no onze titular em relação à partida anterior e foi uma das peças alteradas na dupla substituição da primeira parte. O que pretendia dar ao jogo com ele em campo e o que pretendeu, depois, incutir na partida com a saída do David, mas também do Balanta, aos 33 minutos?

    Rui Ferreira: Em termos estratégicos, a nossa abordagem ao jogo foi um bocadinho diferente, no meio-campo, com o David, o Balanta, o Andrézinho, depois o Rentería por trás, de forma a criarmos ali alguma superioridade no meio-campo. O FC Porto B gosta muito do jogo interior e nós queríamos contrariar isso mesmo, fazer ali uma linha vertical com esses três elementos, na basculação também defensiva. Não conseguimos fazer isso por duas razões: primeiro, porque o FC Porto B condicionou os nossos dois médios interiores e nós estávamos a ficar na dúvida quem é que tinha que sair, e nós tínhamos que explicar tudo isso; a outra tem a ver, essencialmente, com a falta de atitude que nós tivemos na abordagem a este jogo. Não fomos uma equipa com uma atitude correta. Foram essas duas situações: uma má interpretação daquilo que pretendemos e a atitude que não transportámos, na primeira parte, para o campo. Quisemos depois alterar, com a saída do Balanta e do David, dando ao Pipe e ao Antoine essa largura para que a bola não pudesse entrar. Fizemos uma linha de quatro para tentar contrariar, esperando o que aquilo nos poderia dar e esperar pelo intervalo para depois acertar.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.