Trio do Sporting que muito prometeu, mas não deu quase nada

    Sempre que ouço falar em “novo Messi”, “novo CR7” ou qualquer segunda versão de qualquer outro craque que tenha vingado no futebol fico logo desconfiado. Seja no Sporting ou noutro clube qualquer.

    Primeiro porque está mais que comprovado que uma versão nunca é tão boa como o original e depois porque cada um tem o direito de fazer o seu caminho sem que tenha de crescer com o peso do sucesso de quem cresceu sem a carga de uma expectativa desmesurada colocada por adeptos, imprensa e principalmente empresários e família.

    Antigamente as crianças eram “descobertas” enquanto jogavam com os amigos na rua. Eles andavam apenas a divertir-se sem responsabilidade alguma.

    Hoje, uma criança que demonstre algum jeito para dar uns pontapés na bola, ou qualidade em manobrar a “redondinha” é logo colocado a jogar numa “escolinha” de futebol, com a responsabilidade de “não desiludirem o pai” porque começam logo a ouvir que vai ser um grande jogador, até que apareça um empresário que vai querer que ele se “mostre” para ele o poder negociar com quem lhe dá mais lucro (ao empresário), e se ele não conseguir por si, o agente começa a pressionar o mercado “plantando” notícias sobre “tubarões” interessados no novo “menino de ouro”, “a nova coqueluche”.

    O problema é que ninguém prepara as crianças, e principalmente os pais delas, para o facto de que o caminho para o sucesso não é linear. Tem várias encruzilhadas, e em cada uma delas é necessário tomar uma decisão que poderá, ou não, levar à glória. Para além disso, como em tudo, há os interesses de terceiros e principalmente a sorte que podem mudar e condicionar as decisões.

    Isto é um assunto por demais debatido, e por isso não vou aprofundar muito, mas decidir reavivá-lo porque li que Joelson Fernandes, “uma das grandes promessas da academia de Alcochete” saiu para a Turquia por um valor “aparentemente irrisório”. E apesar de concordar que o jogador mostrava muita qualidade com a bola nos pés, não é só isso que conta. Não sabemos se é aplicado nos treinos, se a sua vida pessoal se adequa à de um atleta profissional, se as suas características se adequam ao modelo de jogo do treinador… Há mil e uma condicionantes.

    Por tudo isso temos alguns exemplos que surgiram na academia do Sporting CP, e tinham potencial para ser dos melhores do mundo, mas não conseguiram sequer ser jogadores muito relevantes, pela sua inconsistência e não só. Deixo aqui apenas três.

    3.

    Bruma com a camisola do Sporting num jogo contra o CD Nacional.
    Fonte: Sporting CP

    Bruma Apareceu no Sporting a conseguir desequilibrar qualquer jogo a partir das alas. Tinha, e tem, uma finta desconcertante que entusiasma qualquer adepto.

    Porém, ainda no Sporting, situações extrafutebol indicavam que o seu caminho para o sucesso podia ter vários entraves. Para além dos vários problemas que ele e/ou o seu empresário daquela época colocaram para renovar contrato com o Sporting, ainda decidiu rescindir contrato unilateralmente com o clube.

    Depois de a justiça o ter “obrigado” a retomar o seu contrato com os leões, o clube viu-se “obrigado” a vender o jogador, correndo o risco de não ter nenhuma compensação futura com o mesmo. A verdade é que, ainda que nada disso pudesse indicar se poderia ou não vir a ter sucesso desportivo, o atleta nunca foi um jogador de destaque por onde passou, até agora. Tem agora 28 anos, quem sabe ainda consegue algo de relevante para a sua carreira.

    2.

    Dani – Foi comparado a Luís Figo, e para mim tinha mais qualidade técnica que o “primeiro Bola de Ouro de Alvalade” e, para além disso, Dani tinha ainda um pontapé fortíssimo.

    Apesar de ter feito carreira em clubes como Sporting, Ajax AFC ou Club Atlético de Madrid, nunca se impôs verdadeiramente por não encarar a vida no futebol a sério (já várias vezes admitido pelo próprio).

    A sua vontade de aproveitar a vida pessoal em detrimento do futebol fez com que a sua qualidade em campo se perdesse.

     Sem trabalho não há glória, sem profissionalismo não se chega ao sucesso. Talento sem trabalho não chega, e são vários os casos que o comprovam.

    1.

    Fábio Paím Sempre que se fala neste tema, este nome surge sempre no topo da lista, primeiro porque tinha realmente muita qualidade e porque Cristiano Ronaldo fez questão de a determinando momento enfatizar que se o achavam bom tinham que conhecer o Paím.

    A verdade é que muitos ouviram falar deles, mas poucos pelo futebol que jogava. Depois do Sporting ainda teve uma oportunidade de ir jogar por empréstimo no Chelsea FC, mas não conseguiu aproveitar e dai em diante foi sempre a decair sem nunca ter demonstrado o que poderia ter sido.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.