Após uma conturbada e polémica Assembleia-Geral do Sporting CP, onde houve beijinhos à mistura, Frederico Varandas foi alvo de contestação por parte de muitos associados, que o assobiaram no Pavilhão João Rocha. À saída, nas curtas declarações que foi deixando à imprensa, o atual presidente do clube leonino afirmou que no Sporting CP impera a democracia. Será mesmo assim?
O método de voto do clube beneficia os sócios mais antigos. Quero com isto dizer que, quanto mais anos de sócio um indivíduo tiver, maior o seu número de votos a favor. Assim, o número total de votos numa eleição não significa que seja a vontade da maioria, mas sim do número de pessoas que tem mais anos de afiliação ao clube. Justo? Na minha ótica, não.
Olhemos agora para o caso do atual presidente do Sporting CP. Frederico Varandas por várias vezes, para se defender das críticas, reforçou que no clube o que existe é democracia. Contudo, a sua própria eleição não é, quanto a mim, digna de uma situação democrática. No ano passado, em Setembro, decorreram umas eleições das mais quentes na história do clube, e foi o ex-médico do clube o vencedor com 42,32% dos votos, enquanto que João Benedito, candidato que ficou em segundo lugar, teve 38,64%. Contudo, olhando para a percentagem de votantes, o caso muda de figura. Se o Sporting CP utilizasse um sistema de votação totalmente democrático, com um voto por sócio, teria sido João Benedito o vencedor, com 43,46% dos votos, enquanto que Frederico Varandas ficava apenas pelos 38,92%, na segunda posição.
Se analisarmos também os resultados da última Assembleia Geral, verificamos que o caso é semelhante. O Relatório e Contas do clube, do exercício da época 2018/2019, foi aprovado por 52,95% dos votos, mas se analisarmos o número de votantes, constatamos que 756 sócios votaram contra e apenas 596 é que deram o parecer positivo às contas do clube.
Concluindo, a democracia que Frederico Varandas apregoa não é correta. A maneira como foi eleito não representa a vontade da maioria dos sócios e o atual sistema de votação não é, nem nunca será, justo enquanto se der mais votos a uns do que a outros. Julgo que deveria ser um tema discutido, mas duvido que o atual presidente tenha intenções de mudar, uma vez que tem sido o principal beneficiado desta situação.
Foto de Capa: Sporting CP
Artigo revisto por Diogo Teixeira