📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

Ariana Grande disse “Santa Telma” e só aí o Sporting competiu com o Benfica

- Advertisement -

Nos últimos anos, poucos jogos entre Sporting e Benfica foram tão desproporcionais como a meia hora inicial o fez parecer. O primeiro golo encarnado, chegado aos 20 minutos, era uma questão de tempo, e o segundo, o terceiro e o quarto assim o faziam parecer, tamanha a superioridade inicial.

Micael Correia admitiu-a à ansiedade e o nervosismo de uma equipa que ainda se procura conhecer e dar os primeiros passos em conjunto. A verdade é que, se é natural e evidente que o aspeto mental tem essa importância, também o é que o plano tático para a segunda parte, mais ousado e ajustado, cumpriu melhor os propósitos de um Sporting que, por longos minutos, foi vendo o Benfica chegar de qualquer maneira ou feitio.

A tónica da primeira meia hora não é difícil de chegar. Ao Benfica não era preciso ser perfeito para se acercar à baliza do Sporting. Bastava ser, no sentido que a palavra tem de existir. Havia desenhos bem feitos, timings identificados e capacidade para pressionar o Sporting. A esta, juntava-se a inabilidade das jogadoras leoninas para guardar a bola ou ameaçar as costas da linha defensiva encarnada.

Benfica Jogadoras
Fonte: Ana Beles / Bola na Rede

A receita da superioridade do Benfica, a partir da capacidade de pressionar e impedir o Sporting de guardar a bola para si, permitiu às águias ter a bola. Depois disso, também não foi complicado chegar ao último terço. Novamente, há méritos na forma como Catarina Amado foi capaz de projetar e chegar ao último terço, como Chandra Davidson e Lúcia Alves, mais na vontade que na intenção, forçaram, nos passes de Anna Gasper ou nas delícias que Caroline Moller foi fazendo entrelinhas, a ligar jogo. Mas também há um mundo de distância entre o que deve ser feito para defender e o que o Sporting fez.

O Benfica arranjou espaço para entrar. Variações de flanco, ruturas entre centrais, bolas entrelinhas, onde Brenda Pérez não era capaz de chegar a todo o lado, provocaram o pânico. Outro acerto na definição, no último passe, na decisão e, em último caso, na finalização, teriam deixado o jogo respondido ao intervalo. Tal não aconteceu e o Sporting cresceu.

Se há lacunas na estratégia inicial de Micael Sequeira, também há méritos na forma como conseguiu, antes demais, dar conforto à equipa. Fixou Érica Cancelinha na base da linha de três, dando outra estabilidade ao trabalho defensivo e reduzindo os espaços entre as jogadoras, e inverteu, no momento defensivo, o triângulo do meio-campo, aproximando uma segunda média de Brenda Pérez e reduzindo as distâncias percorridas pela espanhola. O Benfica continuou a chegar, mas menos vezes e quase sempre com más decisões ou a fraquejar perante Anna Wellmann.

Micael Sequeira Sporting
Fonte: Ana Beles / Bola na Rede

Além das melhorias defensivas, o Sporting cresceu com bola. Na primeira parte, a inexistência só foi quebrada pelos lampejos de fúria de Telma Encarnação, visando a baliza na base do instinto de uma goleadora nata. Na segunda, o cenário aparentou o mesmo, com uma mudança: a madeirense foi acompanhada pela equipa.

Telma Encarnação funciona perfeitamente como avançada a solo, ou, pelo menos, como a referência mais próxima das centrais avançadas, quando pode dedicar-se a atacar espaços, a desmarcar-se em ruturas constantes ou a forçar jogadas. Quando a bola não chega para isso, também consegue maior amplitude de movimentos, jogando a toda a largura e pedindo a bola em posições mais baixas, para virar e definir.

Num Sporting que pediu a segunda versão, tudo se tornou mais fácil quando Brittany Raphino entrou. Longe de ser uma brutalidade técnica, a norte-americana oferece presença física e capacidade de choque e incómodo às centrais adversárias. Libertando Telma Encarnação desse jogo sujo, a avançada ganhou bola e preponderância. As restantes substituições foram aproximando o Sporting da área e o golo acabou por surgir. Dos pés de Telma, claro. Quando Ariana Grande disse “Santa, tell me if you’re really there”, ocorreu numa clara homofonia. Quem estava cá era, realmente, a Santa Telma.

Sporting Jogadoras
Fonte: Ana Beles / Bola na Rede

BnR na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: Já destacou o facto de, ao longo do jogo, ter colocado mais gente na frente e maior presença do Sporting na área do Benfica. Quão importante foi a entrada da Britanny e a presença de jogadoras mais capazes de fixar as centrais no jogo da Telma Encarnação, que se conseguiu saltar mais um bocadinho e ter maior raio de influência.

Micael Sequeira: Penso que estivemos bem nesse aspeto. Ao intervalo mexemos muito bem. Arriscámos e fomos à procura do que tínhamos de fazer, ser mais pressionantes, meter mais gente perto da Telma. A Britt foi fundamental, porque começaram as duas, uma a vir mais em apoio, a outra com mais na profundidade e começámos a complicar a vida à Ucheibe e à Diana Gomes. A partir daí fomos crescendo e a [Carolina] Santiago teve uma entrada fantástica no jogo. Acabou por forçar naquele lado, aproveitando o desgaste da [Catarina] Amado. Sentimos a Amado a quebrar e, colocar lá a Santiago fresca, também foi crucial. Íamos acabar por ganhar o jogo desta forma. Há momentos em que as coisas correm bem. Hoje, estrategicamente e pelas mexidas que fizemos, íamos ser beneficiados. Hoje mexemos bem, arriscámos, as jogadoras entraram bem e na parte final quase que seríamos beneficiados por esse risco, por ir à procura de igualar sem medo de ficar 1X1 atrás. Uma pena não termos conseguido esse segundo golo. Fomos beneficiados pela ousadia que tivemos e pelo risco na segunda parte.

Bola na Rede: O Benfica tem uma superioridade evidente na primeira parte, quer na pressão, roubando bolas, quer com bola, entrando por vários lados, mas na segunda parte o jogo é mais repartido. Quais as diferenças que encontrou e que análise faz das duas partes?

Ivan Baptista: Uma primeira parte diferente da segunda. Na segunda parte fomos claramente superiores durante 35 minutos, até ao jogo ficar dividido nos últimos minutos da segunda parte. Fizemos um golo, podíamos ter feito mais. Aliás, fizemos dois golos, mas acaba por ser uma precipitação da árbitra. São erros que só quem está lá dentro é que comete. Faz parte, também cometo os meus. É algo factual, foi um golo limpo que não valeu para nós é que tem impacto no resultado. Ainda assim, uma primeira parte superior no que foi a análise tático-estratégica. Estivemos superiores e melhor, conseguimos controlar a construção e tipologia do jogo do Sporting, que se resumia muito a profundidade e dinâmicas no corredor. Conseguimos facilmente identificar e depois ajustar e controlámos o jogo ofensivo do Sporting. No jogo ofensivo, muito iguais a nós mesmas e ao que temos feito no campeonato e tem dado frutos, com várias nuances e posicionamentos. Chegámos várias vezes ao último terço, pecámos um bocadinho na finalização. Podíamos e devíamos ter ido para o intervalo com um resultado diferente, o 1-0 peca por escasso. Uma segunda parte diferente, bem na análise que faz. O Sporting ajustou na segunda parte, com a Érica [Cancelinha] mais fixa na linha de três centrais e a projetar mais para um 3-5-2, a fixar mais duas avançadas, o que ficou mais claro com a entrada da Britanny [Raphino]. A partir do momento em que temos essa ameaça nas costas, com as duas jogadoras a igualar as nossas centrais, tivemos de tomar outras cautelas. Ainda assim, sinto que conseguimos pressionar bem e limitar bem a construção do Sporting, que acaba por ter as maiores oportunidades em lances de transição. O jogo está partido, são lances em que recuperamos bola, falhamos o primeiro ou segundo passe e o Sporting, com a velocidade na frente e nas alas, consegue criar perigo. O golo acaba por surgir num lance desses. Em organização defensiva estivemos muito bem, diferentes na primeira parte e na segunda porque o adversário estava posicionado de forma diferente. Mas há outros momentos, momentos de transição, em que o Sporting conseguiu criar mais perigo. Ainda assim, apesar da segunda parte mais dividida porque o Sporting tinha de ir atrás do resultado, um domínio evidente. Tivemos mais posse de bola, remates, remates a baliza, cantos. Uma superioridade evidente que nos deixa frustrados por sair daqui com um empate. Ainda assim, orgulhosos porque saímos na liderança com cinco pontos e a deixar o rival sem depender só dele para ser campeão. Tem de ser o foco a partir de agora.

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo tem formação em Ciências da Comunicação, Jornalismo e 4-4-2 losango. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

Subscreve!

Artigos Populares

Marselha goleia e Lyon de Paulo Fonseca vence com ajuda de Afonso Moreira: Eis os resultados do dia na Taça de França

Marselha venceu 6-0 ao Bourg-en-Bresse, enquanto o Lyon bateu o Saint-Cyr Collonges por 3-0. As equipas já conhecem o próximo adversário.

Futsal: Seleção Nacional fecha o ano com triunfo sobre a Ucrânia

Portugal venceu por 5-2 a Ucrânia, em Tavira. Depois do empate no primeiro particular, a seleção nacional ganhou e fechou o ano da melhor forma.

Corinthians leva a melhor sobre o Vasco da Gama e conquista a Taça do Brasil

O Corinthians venceu o Vasco da Gama durante este domingo por duas bolas a uma, em jogo da segunda mão da final da Taça do Brasil.

João Pereira põe fim a série de 7 jogos sem vencer enquanto Galatasaray triunfa e mantém a liderança da Liga Turca

O Alanyaspor de João Pereira venceu por 2-0 o Karagumruk. Já o Galatasaray ganhou ao Kasimpasa por 3-0 e segue na liderança da Liga Turca.

PUB

Mais Artigos Populares

Micael Sequeira responde ao Bola na Rede: «Fomos beneficiados pela ousadia que tivemos e pelo risco na segunda parte»

Micael Sequeira analisou o empate entre o Sporting e o Benfica. Treinador respondeu à questão do Bola na Rede em conferência de imprensa.

Ivan Baptista responde ao Bola na Rede: «Conseguimos controlar a construção e tipologia do jogo do Sporting, que se resumia muito a profundidade e...

Ivan Baptista analisou o empate entre o Sporting e o Benfica. Treinador respondeu à questão do Bola na Rede em conferência de imprensa.

Santa Clara e Arouca empatam para a Primeira Liga

O Santa Clara e o Arouca empataram durante a noite deste domingo, num encontro válido pela 15.ª jornada da Primeira Liga.