A espécie humana contenta-se com pouco, muito pouco. Apraz-me, por exemplo, ver a minha casa repleta, de amigos ou familiares. Na verdade, enche-me de alegria. É isso mesmo. Erguer a cabeça, olhar discretamente e pensar que aquela gente podia – eventualmente – sofrer sucessivas metamorfoses de modo a assemelhar-se a mobília e a acompanhar-me durante a diáspora que a vida representa. Tudo seria mais fácil.
Ora, tecendo a analogia para o campo futebolístico, dá qualquer coisa como ver o meu José Alvalade XXI cheio, uma autenticidade oval composta pela dosagem certa e equilibrada de gemas e claras, içando cachecóis, bandeiras e tarjas de apoio ao clube e rugindo cânticos que irritam a pele e lhe causam a maior das dobras. O Mundo Sabe Que o Homem, de forte, tem pouco ou nada; portanto, o leitor encontra-se automaticamente dispensado de dissimular o caldo lacrimal aquando da construção de memória fotográfica.
Trago, a público, uma pequena lista sintomática das cheias que uma parte restrita de Lisboa experimentou (atenção: a última atualização foi aplicada em maio de 2018. Porém, dadas as circunstâncias e sabendo de antemão os factos que enjaularam o clube nos últimos dois anos, a atualização seguinte deve aponta para uma margem de erro nula ou quase nula).