Slimani era o primeiro a exercer uma pressão ofensiva e Dost não é um jogador com esse tipo de características. E Jorge Jesus teve de adaptar o estilo de jogo – cada vez mais – ao plantel e jogadores que tinha. Nestes últimos dois anos, o clube nunca preparou bem o mercado e se inicialmente o onze titular, ou seja, a espinha dorsal do plantel parecia garantir soluções, já no banco não se podia dizer o mesmo, fazendo com que a qualidade da equipa se fosse prejudicando mais, caso fosse necessário proceder a alterações no sistema de jogo ou em algum jogador. O modo de jogo do clube leonino começou a ficar cada vez mais afunilado, com pouca vertigem, com pouco jogo interior, muitas vezes sem ideias recorrendo quase sempre ao cruzamento como única solução possível, confiando na capacidade de Bas Dost.
Como disse anteriormente, reconheço e elogio as capacidades de Bas Dost, é sem dúvida um jogador com capacidades únicas, mas o mesmo veio trazer alguma previsibilidade ao jogo leonino, tirando aquilo que de bom foi construído no primeiro ano de Jesus. Claro que as culpas não são todas do jogador holandês, mas a verdade é que o plantel começou a jogar em função do jogador e de apenas um jogador, perdendo noções de jogo e jogando quase que em desespero, com um estilo de jogo directo e lento. Outra nuance a realçar é que Bas Dost por vezes aparecia na área a cabecear sozinho contra quatro ou cinco defesas adversários, existindo pouco envolvimento ofensivo por parte do resto da equipa, ideia essa que com o novo treinador tem vindo a ser contrariada, pois os médios e os alas/avançados interiores procuram chegar com maior regularidade a zonas de golo e mais próximo do avançado, numa tentativa também de, numa eventual transição defensiva, recuperar a bola numa zona mais avançada do terreno.
Em suma, creio que Bas Dost, apesar de todos os golos que fez, não proporciona um estilo de jogo atrativo, passando até nos jogos grandes um pouco ao lado do mesmo, pois não se adapta bem a esse estilo de jogo e àquilo que o jogo pede. Naqueles jogos fechados e complicados, sobretudo em campos difíceis, poderá ser a peça chave para entrar e resolver o jogo, mas o Sporting ficaria a beneficiar de um avançado com outro tipo de características, o chamado avançado completo, sobretudo com as ideias que José Peseiro tenta incutir no novo leão. Têm-se visto algumas lacunas defensivas na equipa do novo técnico leonino, mas a nível ofensivo as ideias têm sido bastante agradáveis e uma lufada de ar fresco face ao que foi apresentado por Jorge Jesus nas duas épocas anteriores, onde existe maior mobilidade, criatividade e rapidez.
Nestas novas ideias, o avançado – e não o ponta de lança como Bas Dost é – tem de ser mais móvel, sair das zonas mais centrais do terreno, procurando criar espaços para si e para os seus colegas de equipa, jogando de costas para a baliza e procurando também fazer tabelas com os avançados interiores e os médios centrais, de modo a garantir um maior envolvimento ofensivo por parte de toda a equipa e baralhando também a defensiva contrária, sendo que neste estilo de jogo e olhando para o actual plantel leonino, creio que Montero partirá com ligeira vantagem, sendo o que mais se aproxima destas características. Existe assim alguma expectativa e curiosidade para ver como Bas Dost se irá adaptar neste novo estilo de jogo e se irá conseguir produzir os mesmos números que produziu até hoje com o leão ao peito.
Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal
Artigo revisto por: Jorge Neves