Tudo parecia agora novamente um mar de rosas, em que nada tem defeito ou algo a apontar. O problema é que isso não existe, e muito menos numa equipa constituída por seres humanos cujso desempenhos físico e psicológico podem ser influenciados por vários tipos de situações. O treinador não está interessado na Liga Europa, e os jogadores perceberam isso. O próprio presidente já tinha dito que, primeiro teremos que consolidar-nos internamente, depois conseguir jogar competições europeias – Liga Europa primeiro, Champions depois – e como sabemos ainda não estamos consolidados internamente, o que será prioridade dos dois para já.
Ora bem, quem acompanhe minimamente o futebol, e possa ver de uma forma racional as possibilidades, poderia perceber que o Sporting tem melhor equipa que o Légia, porque tem jogadores com mais qualidade técnica, só que o jogo ia ser disputado num campo quase gelado (percebeu-se pelas várias quedas e escorregadelas), isto consequência do tempo frio que se fazia sentir. Estas condições atmosféricas, para quem não joga e treina diariamente adaptado às mesmas, podem cansar um jogador mais rapidamente, porque esses atletas sentem até dificuldade em respirar esse tipo de ar gelado (vão lá fazer uma corrida de 1 ou 2 quilómetros na Serra da Estrela com um habitante que viva lá, e veremos quem se aguenta mais). Juntando a isso o facto de estar do outro lado um conjunto de adversários mais fortes e pesados, o que é uma vantagem neste tipo de tempo e relvado. Ou seja, com o relvado gelado e escorregadio, a vantagem é para quem gera mais pressão no chão, e consequentemente reacção mais rápida para recuperar bola.
Isto percebeu-se e notou-se mais até ao golo do Légia, em que os seus jogadores chegavam sempre primeiro à bola, e conseguiam pressionar alto os jogadores do Sporting. Ora, os jogadores portugueses, em constante choque com adversários bem mais fortes e o cansaço criado pelo ar frio, tornou os jogadores e o jogo dos leões mais lento. Também sei que a táctica dos três centrais talvez não tenha sido a melhor opção para este jogo (sei-o agora que se confirmou pelo resultado, JJ não teve essa vantagem), mas entendo-a pelo facto desta equipa polaca ter marcado três golos ao Real Madrid e quatro ao Dortmund. Essa mesma táctica, que agora vejo tão criticada pelos adeptos, quando utilizada contra o Dortmund já era considerada por muitos a mais indicada para a maioria dos jogos que o Sporting ainda iria disputar (lá está a bipolaridade).
Mas mais que esta bipolaridade, o que me incomodou foi ver adeptos do Sporting escrever coisas como “é por coisas assim que somos gozados”. Mas que raio de argumento ou demonstração de amor ao clube é esta? E a esses digo que quem se rege pelo que os outros pensam, é porque não acredita em si e nas suas convicções. Pois se não estão convictos de terem escolhido o clube indicado para apoiar e defender, já sabem que têm toda a liberdade de mudar de clube, de convicções, do que quiserem. Ninguém os prende. E já agora, para os que levam com os dos outros clubes nestes momentos, é porque também já foram autores de acções idênticas (pelo menos a maioria, porque parvos há em todo o lado).
Vi também alguns a quererem organizar-se para fazerem uma espera aos jogadores, e tenho a certeza que pelos menos os vinte ou trinta do costume lá vão aparecer, de cara tapada aos gritos e a fugir da polícia para aparecer no dia seguinte em todos os jornais e noticiários como os representantes da vontade e método do universo leonino. Não os critico, porque de certeza que é convicção desses que será a melhor forma de motivar os seus jogadores a lutarem e correrem mais no próximo jogo. Mas antes de tentarem desestabilizar ainda mais os jogadores que, com certeza, já vêm insatisfeitos pelo que não conseguiram fazer, pensem que ainda andam a chorar a perda do último campeonato por um jogo idêntico ao que vai ser disputado no próximo domingo.