Carta Aberta a Sebastián Coates | Sporting CP

    Caro Seba,

    Permite-me que te trate assim. Sei que não me conheces, mas eu conheço-te muito bem. Enquanto jogador, obviamente. E mesmo enquanto pessoa, sei do teu caráter. Sei porque não rescindiste quando era fácil fazê-lo. Acredito que pensaste em sair, mas não prejudicaste o clube. É claro que também conseguirias arranjar uma boa equipa lá fora, onde ganharias mais e jogarias num campeonato de topo. Mas não o fizeste, assim como outros. Mas hoje é sobre ti, Seba!

    Muitos duvidaram das tuas capacidades. Vieste de um clube que lutava para não descer em Inglaterra e tinhas um certo histórico de lesões. É normal. Eu também fiquei desconfiado, mas dou sempre o benefício da dúvida a qualquer jogador. E a realidade é que pegaste de estaca desde o início e jogaste sempre regularmente. Cometeste erros, como todos cometem. Foste criticado, por mim inclusive. Umas vezes justamente, noutras vezes acredito que injustamente.

    Mas isso faz parte da vida de jogador e tu saberás isso bem melhor do que eu. Na época passada, tiveste alguns momentos menos bons a nível individual e nesta época foste o melhor jogador do campeonato, bem como o mais decisivo. Penso que ganhaste uma nova vida. E acredito que tu também pensarás assim, afinal, nunca tinhas sido tão preponderante como este ano.

    Sebastián Coates apontou sete golos decisivos durante a temporada, no campeonato nacional 2020/2021
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Para além do teu rendimento em campo, és o nosso capitão. E não és português, mas sim uruguaio. Não é que haja problema com isso, mas, naturalmente, não nasceste sportinguista. Quando eras pequeno, provavelmente nem imaginavas o que era o Sporting CP, ou pelo menos não tinhas ideia da nossa grandeza. Sabemos que o teu clube do coração é o Nacional de Montevideu, que também é um grande clube. Mas acredito que hoje também sejas um bocadinho do Sporting CP, porque já cá estás há algum tempo – cinco anos não são cinco dias, Seba!

    Acredito que o principal objetivo de jovem futebolista sul-americano seja atingir a glória no topo do futebol europeu. Passaste pelo Liverpool FC, um gigante europeu e um dos maiores clubes do mundo. Não obtiveste grande sucesso por lá, mas hoje és uma referência em Alvalade. No Sporting CP, um clube especial. És uma referência tanto para os mais velhos como para os mais novos, Seba!

    E os mais velhos viram outros grandes jogadores! No entanto – acredita – já se renderam a ti. Normalmente, os jovens gostam mais dos avançados porque são quem marca os golos. Têm os holofotes todos para si. São os seus primeiros ídolos. Mas hoje, quando têm de escolher um jogador do Sporting, falam em ti. Porque és tu a referência e isso conta muito mais que os golos, Seba!

    A par de Gonçalo Inácio, Zouhair Feddal e Luís Neto, edificou a defesa menos batida do campeonato
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Mas tu também marcas. És um goleador, à tua maneira. Esta época foram sete e todos eles foram cruciais. E não falo apenas dos golos propriamente ditos. Goleias os adversários, no sentido literal, mas também no plano defensivo. Os teus cortes imperiais lá atrás são tão valiosos para nós como um golo. E este ano foram só goleadas!

    Com isto, quero te dizer que me representas em campo. Sou do Sporting CP desde que me conheço e já gostei de vários jogadores que davam tudo em campo, do início ao fim. Mas como já escrevi antes, hoje é sobre ti. E tu és um deles. Representas a alma do Leão em campo e os sportinguistas valorizam muito isso. Não tenho ídolos, mas há jogadores que merecem o nosso respeito. És liderança, raça e mentalidade de campeão. Finalmente e merecidamente campeão!

    Gracías, Seba!

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    Francisco Guerra
    Francisco Guerrahttp://www.bolanarede.pt
    É apaixonado por futebol, principalmente pelo Sporting CP, o seu único clube. Está a licenciar-se em Comunicação e Jornalismo, adora escrever sobre futebol no geral, além de outras modalidades como o wrestling, que acompanha desde pequeno. Também gosta de apreciar o futebol fora do espectro da paixão clubística, tendo como principais referências Cristiano Ronaldo e Diego Maradona.                                                                                                                                                 O Francisco escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.