Frederico, as dissertações sobre o meu clube tornam-se cada vez mais complexas de serem escritas. Aglutinam-se emoções completamente adversas, fundem-se pensamentos incertos com a certeza de tantos outros. Tudo se transforma num gigante ponto de interrogação, sem qualquer traço retórico, tudo se compõe num oceano de perguntas para as quais as respostas são uma espécie de alucinação… um caso de estudo que Stanley Kubrick dispensou erroneamente.
Frederico, a descrição supracitada rapidamente me subjugou a si. “Não estamos preocupados”: inicialmente, inferi que fosse acerca das polémicas socialistas, entre Tancos e Marquês de Pombal, com uma breve passagem por todos os familiares de Carlos César. Então, emergia a designada “desonestidade intelectual”, porque o panorama político nacional está à disposição de toda a gente, incluindo os indiferentes. Contudo, e como a desinformação constitui um processo célere e frequente, preocupei-me em contextualizá-la: Frederico referia-se, nada mais, nada menos, do que ao seu clube: uma declaração proferida aquando do término de uma pré-época desastrosa, pressagiando tudo o que se contempla no presente.
Frederico, é facilmente questionável a sua capacidade para efetuar contas certas ao contrário do que se verifica nos líderes partidários. Ora vejamos: três treinadores em oito jornadas, um ponta de lança fixo disponível para quatro competições, um deserto personificado na posição seis sendo que as aspirações apontam para o título (risos, risos, risos) e uma entrevista que se resume na palavra “Teresa”, Frederico. Para além disto, a golpada de génio também consta na presença de Beto e Hugo Viana nos quadros da “team manager”. A tarimba é tanta ao ponto de a legião sportinguista não se aperceber, o núcleo duro ressente-se e exibe-se maleável. Situamo-nos perante um caso de gaguez de personalidade.
Frederico, urge a alteração de toda a postura e estratégia (se é que existe alguma) adotada até então. O impasse que nos envolve impera à transfiguração de uma gestão que se apresenta danosa e raquítica. O Sporting Clube de Portugal descansa na sombra da árvore da rebelião: a atualidade metaforizada na anarquia do Punk, nos casacos de cabedal, nas unhas pintadas de preto e nos alfinetes pregados na boca a sangue frio; e a New Wave com as pernas estendidas e com os olhos cerrados. Os The Sound foram visionários e recitaram “New Dark Age”.
“And it’s pressure from all sides
Coming down around our ears
Stuck in this room without a door
Scratched away at the walls for years
All we’ve got to show is the dust on the floor
And here it comes, a new dark age”
Os poetas advertiram-nos para esta situação. Volteiam-nos as Trevas e todo o breu aglomerado ao longo de gerações e gerações. As fábricas futebolistas necessitam de triunfos, positividade e confiança.
E continua a pairar a incerteza, porque não sei se o Frederico é capaz de metamorfosear o caráter soturno do clube numa das mais belas melodias líricas, de arquivar todas as matemáticas e de se preocupar genuinamente com o assunto mais pequeno.
Frederico, gastei muito o seu nome?
Foto de Capa: Sporting CP
Artigo revisto por Diogo Teixeira