Os culpados são os que fazem os esquemas táticos | Sporting CP

Este é um tema que muito tem dado que falar e muito dará daqui para a frente, até porque a culpa nunca pode morrer solteira. E a verdade é que há sempre culpa de algo ou alguém para que algo tenha acontecido, até porque há sempre uma decisão que gera um acontecimento.

Ora, muito se fala que foi desde a entrada de Paulinho na equipa titular do Sporting CP que a mesma começou a perder pontos em barda. Pode ter sido, mas a culpa não é dele, ou pelo menos não é só dele.

O Sporting CP nunca foi uma equipa que jogasse um futebol deslumbrante, mas até ao momento em que o “nove” recuperou de lesão, a equipa de Alvalade ia conseguindo ganhar jogos, nem que fosse pela margem mínima e nos últimos minutos.

Será então coincidência que isso se tenha alterado desde que Paulinho entrou na equipa? Penso que não. Desde já, porque para entrar o ponta de lança, alguém teria que sair da equipa, sendo preterido Nuno Santos, e só isso já alterou dinâmicas.

Sem o médio na equipa perdemos um dos jogadores com mais assistências para golo da equipa de alvalade, senão o que mais assistia. Sem ele, perdemos alguma capacidade de acelerar o jogo no último terço do campo. Nuno Santos é muito bom a tabelar com os colegas junto à área, dar apoio, ganhar a linha, e dos poucos que cruza para a área com critério. Ou seja, estamos a falar de um jogador que ajudaria muito o Paulinho a ter mais chances de golo, mas não pode lá estar para estar o avançado (ou até podia).

Com a chegada de Paulinho a Alvalade, Nuno Santos perdeu influência no onze leonino
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Tirando Nuno Santos, tiramos Pedro Gonçalves do meio, encostando-o a uma das linhas, ficando a outra entregue a Tiago Tomás. Mas “Pote” e “TT” têm jogo mais interior, afunilando sempre que recebem a bola (pela ânsia de marcar). Assim, com isto, tendo um meio-campo que não é muito rápido nas trocas de bola, e usa muito pouco os lançamentos longos para mudanças de flancos, fica mais fácil para os adversários defenderem-se das constantes investidas interiores, com trocas de bolas curtas que permitem ao oponente tempo para se reposicionar e pressionar. (Daí a dificuldade que o Sporting CP tem e jogar em campos pequenos contra adversários muito fechados).

Ficam assim os flancos entregues apenas a Porro e Nuno Mendes. Pelo que, conseguindo bloquear estes dois, consegue-se anular quase na totalidade o jogo exterior leonino.

E porque é que a equipa do Sporting CP consegue muitas vezes ganhar ou empatar o jogo nos últimos momentos? Talvez porque em quase todos esses momentos entra Bragança, um dos nossos melhores médios a flanquear jogo, e Jovane, que nos dá velocidade no jogo exterior, para além de passarmos a usar mais o lançamento para a área, movimentos esses que deveríamos fomentar durante o jogo todo.

O Rúben, contra o SC Braga, ia tentar mostrar-me se eu tenho razão (ou não), colocando em simultâneo Nuno Santos e Paulinho, mas tivemos que jogar com outro esquema que também estamos habituados: o de jogar sempre contra adversários em maior número. Normalmente é 11 contra 14 ou 15.

Sejam estes os motivos ou não, a verdade é que estamos menos rápidos a atacar, menos eficazes, e mais permissivos. Mas o treinador do Sporting CP já tinha avisado que poderíamos passar por fazes menos boas. Aqui está o nosso momento menos bom, e não está a ser bonito de ver. (Esperamos que este jogo épico em SC Braga seja o momento de viragem).

Rúben Amorim, diante do SC Braga, arriscou e saiu vencedor de uma partida que pode abrir alas ao título
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Ainda tenho outra possível razão para lançar aqui para o debate, mas esta sei que dará lugar a insultos. Acho que, assim que começamos a fazer corredores e esperas de apoio à equipa, esta se desconcentrou. É mais uma situação que altera a rotina do plantel do Sporting CP. É algo que não acontecia em jogos anteriores, e passa a acontecer. E mesmo que os jogadores gostem, pode desconcentrá-los. Já tinha ficado com essa sensação na época que perdemos o lugar de Champions na Madeira e volta a acontecer. Não digo que os adeptos do Sporting CP não tenham o direito de o fazer, mas talvez esteja a mexer com os jogadores. Têm que se habituar, é certo. Eles sabem que são apoiados. (Menos nas redes sociais, em que podem “assassinar” um jogador).

Portanto, a culpa pode não ser deste ou daquele jogador. Pode ser de todos. É com certeza de quem tem que tomar as decisões. Se as características dos jogadores não estiverem a servir da melhor maneira o jogo do Sporting CP, há que alterar os atletas ou o esquema.

Outro motivo para não termos ganho mais pontos? Em alguns jogos não tivemos Matheus Nunes para entrar e resolver. Tem muita qualidade e capitalizou o trabalho de toda a equipa num jogo de sacrifício.

A verdade é que todos os jogadores são importantes, pelas diferentes características que podem dar ao jogo. Simplesmente essas características, por vezes, não se adequam àquele jogo, àquele esquema táctico, ou mesmo ao tipo de movimentação que o colega do lado lhe pode proporcionar.

Portanto, os culpados são os treinadores, que tomam a decisão dos posicionamentos e de quem joga, e dos jogadores que tomam decisões quanto às suas movimentações. Só erra quem faz, ou tenta fazer, e por isso temos de confiar. Até porque, até ao momento,o Sporting CP tem errado menos que os outros.

Ou então a culpa é da juventude.

*Nota final – Dois factos “estranhos” que nunca aconteceriam a nenhum dos outros “grandes”, muito menos estando a lutar pelo título, e menos ainda estando na liderança: o guarda-redes do Sporting CP levar quinto amarelo; um jogador expulso com duplo amarelo antes dos 20 minutos (num campeonato que por norma nunca se mostram amarelos antes da meia hora). O Boloni é que sabe.

*Segunda nota – Este texto não é uma crítica, mas apenas uma tentativa de ajudar a perceber o que pode ter alterado o momento que o Sporting CP vivia.

Nuno Almeida
Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.

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