Arrisco-me a dizer que Daniel Bragança está no melhor momento da sua carreira – e o próprio reconheceu isso recentemente. Demonstrou a sua qualidade pelos clubes que foi passando e agora, ao viver o seu sonho por jogar de leão ao peito na equipa principal, demonstra cada vez mais capacidades e também a maturidade que foi construindo. Preocupava-me a falta de minutos de há uns meses, mas o jovem demonstrou ser resiliente e, sempre que entrou, a equipa melhorou e acabou por ser muitas vezes o joker da equipa: aliás, sempre que joga, o Sporting CP vence.
Essa falta de minutos transformou-se finalmente numa oportunidade a titular diante o Vitória SC no último jogo do campeonato, onde se demonstrou a um excelente nível e onde dá indicações de começar (finalmente) a ganhar maior preponderância e minutos como titular numa nova dinâmica leonina – curioso também perceber que foi precisamente nessa nova dinâmica e com Daniel Bragança que o Sporting CP realizou a melhor primeira parte da época.
Recentemente na Seleção Nacional de Sub-21, no Europeu, realizou uma exibição de encher o olho e começou a chamar a atenção de muitos adeptos estrangeiros que rapidamente estabeleceram comparações com Xavi, Iniesta ou até Riquelme, por serem jogadores aparentemente lentos, mas com uma inteligência enorme e com um cérebro muito capaz.
A verdade é que ao serviço da seleção atuou como médio mais defensivo, na posição seis, e encheu o campo tanto com bola como sem bola, demonstrando que tem também essa grande capacidade para recuperar bolas e que pode jogar tanto a seis, como a oito, como a dez e manter toda a sua qualidade; aliás, na presente época, já jogou em todas essas funções e ainda como falso nove no Sporting CP.
Daniel Bragança é um jogador para os adeptos do futebol romântico e é dos jogadores que mais gosto de ver. Para mim, o facto de ser esquerdino concede ainda um toque de magia extra. A forma como se movimenta é diferenciada e a forma como toca na bola é subtil e sempre certeira. É um jogador inteligente, com uma capacidade técnica enorme e que para mim não sabe jogar mal. Se na seleção já tem o número dez na camisola, espero que possa ser o próximo número dez de Alvalade e por muitos e muitos anos.