“Epopeia” a Ricardo Esgaio

    Com Esgaio no plantel pode-se contar com pelo menos cinco passes para golo por temporada, pelo menos tem sido assim nas últimas cinco épocas. E não é só com participações para golo que se pode contar, é com um jogador disponível e versátil, sempre pronto a jogar, está raramente lesionado e pode fazer várias posições – é normalmente um jogador que agrada aos treinadores.

    Casa de formação

    Chega a Alvalade com 12 anos proveniente do GD Nazarenos. Permanece em Alcochete e veste pela primeira vez a camisola principal dos leões aos 19 anos, época 12/13, pela mão de Frank Vercauteren numa derrota em Alvalade frente ao FC Paços de Ferreira. Depois desse encontro voltou a representar o conjunto principal mais 20 vezes até ser emprestado à Académica de Coimbra. Regressou e esteve ao serviço dos verdes e brancos nas épocas 15/16 e 16/17, onde participou em 27 jogos com a equipa principal. Nunca encantou os sportinguistas nem mesmo os treinadores que por Alvalade passaram, tendo, por isso, rumado ao Minho para jogar pelo SC Braga.

    Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

    Em Alvalade ninguém encantou, na Pedreira alguns alegrou

    É onde chega para jogar na temporada 17/18. Um novo começo. Foi certamente como o encarou. Com mais tranquilidade a confiança chegou. Em 48 jogos fez balançar as redes por quatro ocasiões e protagonizou 13 assistências (o melhor da equipa), estando envolvido em 17 golos na primeira época ao serviço dos arsenalistas. Por outras palavras, um excelente ano por parte de Esgaio, o melhor da carreira.

    Foram mais duas temporadas no conjunto minhoto até que voltou à casa que o formou. Rúben Amorim que foi “roubado” pelo Sporting CP ao SC Braga decidiu trazer um jogador no qual deposita toda a sua confiança e que conhecia bem o clube para onde ia. Não voltou para ser primeira opção, mas chegou a sê-lo por diversas vezes, visto que Porro esteve muitas vezes lesionado.

    Apesar de colmatar muitas vezes as carências da equipa, de demonstrar defender a camisola que enverga com tudo o que tem, continua a ser mal-amado pelos sportinguistas.

    Fetiche de Amorim

    Aos olhos de Amorim vai ser sempre um jogador importante. É muito útil, pois pode jogar no corredor, quer a defesa, quer a lateral, pode jogar a central e em caso de extrema necessidade até mesmo no meio-campo como foi dito por Amorim no momento da sua contratação.

    Já aos olhos dos adeptos nunca vai ser um favorito ou até mesmo um jogador que os alegra ver no onze. A verdade é que Ricardo Esgaio é fiável e cumpre com o que é pedido pelo treinador. Não é exuberante nem revela uma técnica muito apurada, mas está presente quando o treinador precisa e joga onde for necessário.

    Sporting
    Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

    A seu favor tem o facto de ter pulmão para fazer todo o corredor durante todo o tempo do jogo, e mostra-se quase sempre competitivo e agressivo no bom sentido (nunca levou um vermelho direto). Com bola é um jogador banal, dificilmente se lança a uma situação de um contra um, mas consegue muitas vezes chegar à linha de fundo contrária para fazer o cruzamento, e costuma ser bem-sucedido, sendo um dos capítulos em que é mais forte. A prova está na percentagem de cruzamentos eficazes em bola corrida que regista. Em dezembro do ano passado registava uma percentagem de sucesso de 45%, o que o colocava no topo da lista no campeonato. Dos 29 tentados, 13 chegaram ao destinatário, três dos quais deram em golo. É um jogador que tem noção das suas debilidades e que, por isso, é normalmente prático e objetivo.

    Creio que, pelos adeptos, Esgaio sempre foi visto como um dispensável e creio que continuará a ser. Não vejo nele qualidade para ser jogador do Sporting, mas aos olhos do treinador é alguém que cumpre e não compromete, e isso tem valor. Para Amorim estão 11 em campo, para os adeptos apenas 10. Não acrescenta, faz número.

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Miguel Amaral Rodrigues
    Miguel Amaral Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Desde que se lembra que o Miguel joga à bola. Sentiu sempre uma ligação com a redondinha. Com 7 anos de idade começou a ir a Alvalade e desde então é raro falhar um jogo. Aos 13 iniciou a sua carreira no futebol federado. E para sua tristeza, há cerca de dois anos pendurou as botas. Mas não largou a maior paixão que tem na vida. Estuda jornalismo na ESCS e é por intermédio da comunicação que quer acompanhar o futebol daqui para a frente.