Better Call Carrillo

    Escolhi díficil. O fácil é de todos

    Quantos fãs de Breaking Bad temos por aí? Calma, a pergunta não é assim tão descontextualizada como parece. Para os que acompanham a famosa série, a frase Better Call Saul não será, de todo, desconhecida. Para os que não acompanham, trata-se de um slogan publicitário de um advogado que promete simplificar a vida a todos os seus clientes.

    Embora sem a especialização na área do Direito, Carrillo apresenta – quando quer- especialidades inequívocas que lhe conferem o direito a reclamar o aparecimento de cartazes do mesmo género: Better Call Carrillo, por exemplo. Na época actual, o extremo peruano já foi titular por cinco vezes e suplente utilizado nas outras duas partidas, tendo já marcado dois golos e contribuindo com várias assistências.

    Contudo, nem tudo são rosas no que ao rendimento de Carrillo diz respeito. Verdinho demais – até para quem de verde se veste –, o ainda jovem internacional apresenta na inconsistência das suas performances o seu pior defeito. Como dizia o comentador da Antena 1 durante o encontro com o Setúbal, Carrillo parece dependente de um qualquer interruptor que ora o eleva a um nível acima dos restantes, ora o torna incompreensivelmente transparente para as ambições do futebol leonino.

    André Carrillo / Fonte: Sporting.pt
    André Carrillo / Fonte: Sporting.pt

    Saul Goodman, o tal advogado, tinha artimanhas e um vasto leque de contactos de que dispunha e que colocava ao dispor dos seus clientes de forma a simplificar-lhes a vida. Andre Carrillo, o tal extremo, tem também artimanhas, mas o leque de que dispõe é de recursos técnicos que usa e dos quais, por vezes, abusa de forma a simplificar a vida dos seus companheiros. Dono e senhor de uma capacidade técnica capaz de corar o segundo melhor extremo do plantel do Sporting, capaz dos arranques mais explosivos da Liga, o 18 do Sporting alia ainda duas qualidades raras nos extremos de hoje em dia: bom jogo de cabeça e sentido pelo golo, que o faz aparecer bem na área a finalizar.

    Pelo contrário, a má capacidade de decisão faz de Carrillo vítima das suas próprias virtudes. Passar a ler o jogo melhor tem de ser uma das suas prioridades, se quer dar o salto qualitativo pelo qual tanto dirigentes como adeptos anseiam. Quando assim for, o Sporting contará com um desbloqueador de jogo como poucos teve no seu passado recente. Carrillo representará o patamar mais simples de se ganhar um jogo: tocar ali a bola e ele que tire um ou dois do caminho e nos abra espaços para sonhar. Como fazem os grandes jogadores.

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