Esta é a hora dos verdadeiros líderes

    Sempre se ouviu dizer, e vem nos livros, que é nas horas mais difíceis que se veem os verdadeiros líderes. É nos maus momentos que se vê quem está presente para lutar ao nosso lado, para nos apoiar, para nos exigir mais através do próprio exemplo.

    A equipa de futebol do Sporting está a passar por um momento desses, e precisa urgentemente que os líderes apareçam para conduzir a “galera” a bom porto. E no que toca à própria equipa não vale a pena estar a culpar o presidente por ter vendido, por não saber motivar, por estar a fazer isto ou aquilo, porque os jogadores estão pouco preocupados com um dirigente. Os atletas só vão aceitar, para além dos ensinamentos do treinador, a voz de quem eles respeitam, quem eles admiram, a quem eles reconhecem valor e mérito dentro do plantel.

    É chegada a hora dos líderes do balneário assumirem um papel de responsabilidade e vontade de reverter o ânimo e vontade de muitos dos jogadores que, por serem muito novos, ou por terem traços de personalidade menos vincados, denotam algum desânimo dentro de campo.

    Eu não estou a dizer que haja falta de profissionalismo de alguém, mas a verdade é que aquele sentimento de missão, vontade de ganhar a qualquer custo e até ao último segundo se perdeu um pouco. E não tem que ser necessariamente por culpa dos jogadores, até porque estas questões psicológicas acontecem sem que nos apercebamos, e muitas vezes difíceis de contrariar sem ajuda. (No ano do título ganhávamos jogos nos últimos minutos. Agora estamos até ao último minuto com medo de não perder.)

    Sporting x Vitória Coates
    Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

    Como também se costuma dizer, pode haver falta de qualidade, não pode é haver falta de vontade. Até porque muitas vezes a vontade de ganhar esconde alguma falta de qualidade que a equipa possa ter perdido, apesar de eu achar que continuamos a ter jogadores de muito valor.

    Um dos líderes do balneário mais respeitados será Coates, o nosso “Capitan”, que, com a sua serenidade, qualidade e profissionalismo dentro de campo, mostra aos restantes como se devem encarar os jogos. Os jovens olham para ele como um exemplo a seguir, alguém de quem devem ouvir os conselhos, alguém com quem devem lutar. Ele é o defesa a quem recorrermos para ganhar os jogos como último recurso. No entanto, a meu ver, tanto ele como Neto são o tipo de líder que dá conselho, mas não dá um grito sempre que necessário.

    FC Porto x Sporting: Neto e Coates são ambos líderes no balneário.
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Eu sei que muitos defendem que a educação e formação não devem basear-se no grito, mas muitas vezes uma conversa em tom mais “grosso” é a forma mais eficaz de demonstrar ao receptor que estamos a falar de algo importante, grave, algo que precisamos mudar. Para muitas personalidades, se tentamos ensinar, pedir por favor, aconselhar, eles nem vão ouvir, não vão querer saber. Um GRITO acciona nas suas mentes um alerta de urgência em mudar a atitude, a forma de fazer as coisas. E se esse grito for dado por alguém por quem se sente grande admiração será mais eficaz.

    Posso estar enganado, mas Coates e Neto não me parecem ser o tipo de capitão com perfil para dar um “Berro” no meio de um jogo. Não digo que não tenham uma boa forma de liderar, até porque no ano do título resultou, mas acho que neste período que estamos a viver precisamos de outro perfil.

    Não estou a dizer que tenhamos de mudar de capitães, até porque considero estarmos bem servidos, mas para se ser líder no balneário não tem que se estar nomeado para isso. Pedro Porro, pela sua postura em campo, pela sua vontade de vencer, a sua garra, é um exemplo a seguir por todos os outros. Outro com a mesma atitude é Nuno Santos, mas neste coloco apenas a ressalva de entrar em picardias, muitas vezes desnecessárias, que podem fazer perder o foco no que realmente importa.

    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Ou seja, precisamos encontrar alguém, dentro do plantel, com personalidade e reconhecimento necessário para poder dar um murro na mesa sempre que necessário, e que os jogadores aceitem como forma de motivação e não de reprimenda (para não amuarem).

    No fundo, temos de reencontrar aquela vontade de querer sempre mais do jogo, estejamos a perder, empatados, a ganhar por um ou por cinco. E os jogadores têm de escolher seguir o exemplo dos que se esforçam, dos que mostram garra, vontade, e não dos conformados.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.