Desde miúdos, e mesmo já crescidos, ouvimos ser-nos perguntado quais são os nossos ídolos, e quase sempre sai o nome de um jogador de futebol. E quando não sai, a pergunta seguinte é “e no futebol?”. É um reflexo da sociedade em que vivemos, obcecado com futebol, sendo o único escape que encontramos para o stress do dia a dia (no nosso caso, não passa de mais um provocador de stress que influencia relações pessoais, familiares e profissionais.). Vendo bem, não será bem um escape, mas onde reflectimos as nossas frustrações, e onde tentamos encontrar vitórias, e superioridade sobre outros, que não conseguimos na nossa vida pessoal e profissional.
Mas voltando à questão inicial, sempre gostei de futebol, e sempre gostei mais de uns jogadores do que outros, essencialmente pela forma de jogar, mas também pela personalidade que pensamos terem. Ora, como não lidamos diariamente com esses jogadores, pessoalmente e intimamente, só conhecemos o que eles tentam projectar para o exterior, conseguindo ou não, conforme o seu jeito para comunicar. Ou seja, nem sempre o que pensamos de um jogador reflecte exactamente o seu verdadeiro eu. E percebendo nós como são egoístas os futebolistas, não poderemos esperar que estes sejam um modelo de modéstia e valores, apesar de esperarmos que o sejam para as gerações mais novas.
Ainda há poucos dias, um ex-jogador e treinador deu uma entrevista onde descrevia esse mesmo cenário. E vindo de alguém que conhece tão bem os bastidores do nosso futebol, por várias vertentes e de todas a barricadas, só me leva a acreditar nisso mesmo. Dizia ele que determinado jogador, que eu sempre considerei, como capitão que foi pelo nosso clube, apesar de deixar a desejar no que tocava a entrega, que a determinado momento tudo fez para que o treinador fosse despedido, em conluio com os dirigentes de então por não haver acordo em termos de contratações. Sabendo nós que, muitas vezes, os jogadores, não estando satisfeitos com o treinador, seja por razões válidas ou não, conseguem mesmo despedir um treinador, não acho descabido acreditar nesta versão. Temos vários exemplos a comprová-lo.
Assim, em vez de ir pela via mais fácil, um presidente, o que deve fazer é entrar no balneário e comunicar ao grupo, que o treinador será aquele, e quem não gostar não joga ou é encostado. Se querem ganhar, terá que ser com esse treinador. E Jorge jesus já passou por uma situação dessas no seu anterior clube, tendo sido segurado pelo presidente. O que se passou depois, todos sabem apesar de ter sido mau para nós (ainda está a ser, apesar de sabermos que não foi apenas pelo treinador).
Não pode ser apenas o treinador a conseguir segurar um balneário, porque ninguém consegue agradar a todos, e os jogadores todos querem jogar para serem vendidos por milhões. Tem que haver apoio da estrutura, e passar para o grupo, de forma a que não passe sequer pelas suas cabeças a possibilidade de poderem boicotar trabalho de quem os comanda.