Formação para render desportiva ou financeiramente?

    Bem sei que os clubes portugueses precisam de vender para equilibrar as suas contas, e até aceito que seja feita uma boa venda no final de cada época desportiva, no entanto não quero fazer disso um trunfo sobre os adversários, até porque eu quero é os melhores jogadores no meu clube. E se assim é, não posso ambicionar que sejam vendidos. Depois haveria o problema de resolver a frustração dos jogadores em não poderem receber melhores salários em clubes com maior poder económico, mas aí teriam que ser eles também a compreender se será melhor opção para as suas carreiras serem opção para a equipa principal onde jogam, ou serem ricos durante um ou dois anos sentados no banco de suplentes até serem esquecidos.

    Portanto, apesar de saber que teremos sempre que vender jogadores, nunca irei ficar feliz por ver sair grandes jogadores do meu clube, como não fiquei quando vi sair Slimani e João Mário. Podem pedir-me que entenda, mas não que goste. Assim, outros bem podem vender qualquer mexicano por 200 milhões que eu nunca irei gostar de ver o Gelson Martins sair por 40, 50 ou 60 milhões, apesar de ser inevitável.

    João Mário rendeu uma verba recorde ao Sporting, mas tem feito muita falta à equipa leonina Fonte: Sporting CP
    João Mário rendeu uma verba recorde ao Sporting, mas tem feito muita falta à equipa leonina
    Fonte: Sporting CP

    Outros poderão fazê-lo que pouco me importa. Ou melhor, não me importo se não influenciar o crescimento, valorização, motivação dos nossos miúdos, “esquecendo-os” para promover outros. Porque, apesar de não querer ver os melhores jogadores a sair, quero que sejam promovidos pelo seu real valor, sendo reconhecidos com chamadas às seleções, motivando-os para serem ainda melhores. E quanto a isto, já falei na semana passada da última convocatória sub 19 e da opção em convocarem preferencialmente jogadores de equipas classificadas nos últimos lugares do campeonato em detrimento de jogadores de equipas do topo da tabela. O resultado deste tipo de decisões é a dificuldade que um país com uma das melhores formações de jovens jogadores de futebol teve em apurar-se para a fase final do Campeonato da Europa. (Infelizmente os Sub 17 já não vão poder defender o titulo, e os Sub 20 parecem ter falhado também).

    É o que dá tomar o caminho de patrocinar uma fábrica “fast player”, com jogadores a serem vendidos aos pacotes dois em um com promoções de quinze milhões. A urgência de salvar um clube pode hipotecar o futuro do nosso futebol de selecções. A sorte é termos muitos valores actualmente para garantir qualidade aos próximos anos (apesar de, no último jogo, ainda não terem demonstrado que estejam preparados para ser real alternativa aos craques). Veremos se este caminho é rectificado a tempo de termos uma seleção AA competitiva daqui a dez ou quinze anos.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.