Quem gosta de futsal, gosta do Sporting

    Desculpem, não me consegui conter, tive que roubar uma frase de autor. E fi-lo com intenção. Principalmente porque quem declamou a frase original se referia ao clube que é vice-campeão de futsal em Portugal e não ao campeão, o Sporting CP.

    E por falar em vice, após o final do jogo quatro da final do campeonato de futsal, que consagrou o Sporting campeão, fiquei com dúvidas se ser segundo não será mais importante que ser primeiro. Vocês não ficaram?

    Se não ficaram foi porque não ouviram o capitão do vice. Dizia ele que todos devem respeitar o seu clube porque é por causa deles que há pessoas a assistir ao futsal. Bem, falando por mim, devo dizer que não me revejo nessas palavras. Esperem, pensei melhor e é também por isso, mas não só.

    Vejo futsal porque gosto de ver o meu clube a dominar o futsal em Portugal, ou não fosse o clube com mais títulos de campeão nacional com dezoito conquistas, mais do dobro do vice que tem oito. Mas claro que também gosto de ver os outros porque não jogamos sozinhos.

    Erick Futsal Sporting
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Mesmo que não gostasse de os ver, teria, pelo menos, que os assistir quando jogam contra o Sporting, e normalmente, a maior parte das vezes, têm perdido, o que também me agrada de sobremaneira. Portanto é verdade que vejo futsal por causa deles, mas não só.

    Com esta frase podiam vir dizer que, só por lhes vencermos um jogo é como se ganhássemos o campeonato. Bem, no futsal, por força das circunstâncias, tem sido. Normalmente quando lhes ganhamos significa efectivamente vencer o campeonato, mas já não sei se devíamos ficar tão contentes, porque afinal o bom é ser vice.

    Entendo que, para quem não é do Sporting, ver futsal possa parecer um pouco masoquista, mas tentem ver apenas pela beleza do jogo, pelas dores de pescoço e rins que os jogadores do Sporting provocam aos seus adversários, ou pela serenidade e prazer que dá ver um desporto que nem causa sofrimento e ansiedade por já se saber quem ganha.

    Eu entendo-os. É difícil, cria frustração, e isso percebe-se, principalmente quando ouvimos o treinador vice contradizer-se na “Flash”. Então não é que, no fim do único jogo da final que conseguiu ganhar (Com os lances duvidosos que todos lembramos) veio, com o seu ar sereno (como é bom ver gente nova com outro tipo de comportamento, mais civilizado), dizer que não se deve justificar o insucesso com arbitragem e quando perde a final não fez mais nada que falar disso mesmo? (ora, afinal é igual aos outros). Mas sempre querendo passar a mensagem que só fala porque outros falaram e tiraram vantagem disso.

    O que mais me preocupa nas duas “entrevistas rápidas” ao capitão e treinador do clube vice é o que vem a seguir. Porque, por muito que seja normal eles mostrem frustração após mais um campeonato perdido para o Sporting, a verdadeira intenção destas intervenções é prepararem já os próximos encontros.

    A pressão em jeito de ameaça direcionada aos dirigentes federativos e de arbitragem foram visíveis e óbvios. A verdade é que eu entendo o desespero. Já que não dá para ganhar na quadra, há que tentar novas estratégias. Até acho inteligente da parte deles. Pode não ser legal, mas é inteligente.

    “Sem nós não há futsal em Portugal”. Deviam estar a falar do Sporting, de certeza. Mas se eles têm certeza disso, que experimentem deixar o futsal, só para testarem. Será uma pena porque perdemos estas pérolas, e deixamos de os ver a perder finais para nós, mas de certeza que sobreviveremos. Uma coisa é certa, se o fizerem eliminam à partida uma causa de frustração sazonal.

    Aproveito para pedir ao treinador Nuno Dias e a sua equipa técnica para continuarem o ótimo trabalho para que este texto de escárnio não se vire contra mim no futuro. Não se deixem abalar por terem tido um ano menos bom, em que “só” ganharam a supertaça e campeonato nacional. Na próxima temporada com certeza iremos ganhar mais, e vendo bem, se não é tão mau ser vice, para além das conquistas já referidas ainda fomos vice na “Champions” e na taça de Portugal. Ainda assim, deixemos o título de vice para outros, sempre que possível, que, a meu ver, não são tão apetecíveis, mas isso deve ser por nos ter habituado a ganhar tantas vezes.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.