O guarda-roupa da discórdia e a bênção de maldizer | Sporting CP

    Todos nós temos as nossas preferências, seja na comida, no que vestimos, cores partidárias ou futebolísticas. Temos o direito e a liberdade de escolher o que gostamos e, por isso, temos também o dever de aceitar os gostos dos outros.

    E no que toca ao Sporting CP, nas últimas semanas tivemos muita gente a criticar o gosto de quem desenhou e aprovou o design do novo equipamento leonino. No entanto, também houve muita gente que gostou. É o que nos distingue como uma sociedade e um clube democrático. Todos temos o direito às nossas preferências.

    Quanto à nova camisola, muitos foram os argumentos contra. Ou eram as listas que não deveriam ter aquele apontamento com linhas brancas, que efectivamente dão a sensação de que as listas são mais finas, ou porque a cor verde não corresponde ao “pantone” Sporting CP. As mangas brancas também não foram do agrado de muitos, assim como a parte de trás do equipamento. Houve ainda quem criticasse a fonte usada no design dos números nas camisolas. Os motivos foram muitos.

    Eu devo dizer que sou dos que não gostou nada, assim como não gostei das listas “esborratadas” da camisola com que fomos campeões. E, no entanto, ganhámos. O que me leva a pensar que tanta discórdia e maldizer até nos esteja a trazer sorte.

    Senão vejamos: no início da última época, começamos por criticar os nomes que iam surgindo como contratações certas do Sporting CP. Era Feddal, era Porro, Adán, eram só jogadores que nunca ninguém (quase) tinha ouvido falar, o que até levou a uma intervenção tipo “sketch humorístico” de um humorista afecto a um dos nossos rivais. Confesso que agora acho mais piada do que quando o ouvi pela primeira vez.

    Feddal foi uma das mais agradáveis surpresas de 2020/2021, no Sporting CP
    Fonte: Isabel Silva / Bola na Rede

    Depois, quando se apresentavam os jogadores, era porque vinham mal vestidos (sempre uma questão de guarda-roupa), ou porque eram velhos e vinham já para gozar a reforma. E a verdade é que todos esses jogadores foram extremamente importantes na conquista deste campeonato. Foi ou não uma bênção?

    Criticamos o valor que pagamos por um jovem treinador que nem isso era ainda, e que tinha feito carreira num dos nossos maiores rivais. Jovem que colocou o Sporting CP a jogar como já não se via há anos. Um mister com discurso agregador e assertivo que conseguiu lançar jovens da academia tornando-os campeões e futuras mais valias desportivas e financeiras. Criticar foi o melhor que poderíamos ter feito.

    Ainda criticamos o Paulinho, pelo valor que tivemos que pagar e colocando em causa o seu valor desportivo. Assumo aqui que sempre gostei dele, e me desiludiu o seu rendimento no Sporting CP. A verdade é que foi ele a marcar o golo que nos consagrou como campeões. Mais uma bênção lançada pelas críticas.

    Portanto, a ver como está a começar esta época, pode ser um bom pronúncio para mais uma época vitoriosa. Que essa camisola venha pelo menos abençoada.

    Mas a verdade é que não deveríamos ser tão atritos a alterar um pouco o visual do nosso equipamento, até porque originalmente a equipa leonina vestia com uma camisola metade verde e metade branca. Duas listas ao alto, portanto. E não foi isso que fez com que o Sporting CP deixasse de ser um grande clube. Desculpem, enorme clube.

    Vamos então continuar a criticar que já vimos que nos dá sorte, mas respeitando quem tem uma opinião e visão diferente da nossa.

    Eu, por exemplo, que não gosto mesmo nada (acho que já disse) desta nova camisola, daqui a umas semanas já me habituei. E se começarmos a ganhar, então já nem vou reparar nas mangas brancas, ou nas linhas que rasuram as lindas listas verdes das nossas vestes sagradas e abençoadas.

    Seja com este equipamento, com o Stromp, ou o alternativo, temos é que continuar a ganhar e a apoiar o Sporting CP!

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.