Há (mesmo) uma luz que nunca se apaga!

    A música, a par da literatura, encarcera toda a minha índole. The Smiths, desde os 14 anos (salvo o erro!), constituem a magnum opus de tal forma de arte que, ao leme da poesia cáustica e mordaz de Morrissey, “nascente de fel” para uns, fonte de fogo perpétuo para outros, e do dedilhar da guitarra quase “imaginário” de Johnny Marr, suplantavam todos os que escutavam para a dimensão estratosférica e utópica do instante.

    De 1956 a 2003, inúmeras memórias se prorrogaram, profusas recordações trespassaram as almas do auditório em tons de verde, o ancião José de Alvalade, o palco onde determinadas quimeras se metamorfosearam, o palanque onde se transpuseram travessias árduas, a plataforma mais próxima do éden. Não me inquiram sobre o porquê, mas creio que a magnânima obra arquitetónica encerra em si aquele proferido hermetismo, aquele secretismo que magnetiza tudo e todos…

    O conceito, provavelmente, acaricia a estupidez, mas a canção “There Is A Light That Never Goes Out” foi engendrada para seu culto e consagração: o monumento surge personificado por um veículo que se evade dos problemas, dilemas e contratempos do quotidiano.

    Anseia-se ainda poder repetir as alegrias no novo palco verde e branco
    Fonte: Sporting CP

    “Take me out tonight” implorava o interior de cada leão nos dias em que a turma jogava, pelo facto de, junto dos demais, se inteirar e observar estrelas e luzes que reluziam intensamente no Teu relvado. A crueldade poderá estar sobreposta à razão, mas a vontade de regressar à linhagem genealógica era ínfima pelo facto de Alvalade ser o lar de toda a imponente onda verde.

    O conforto resumia-se àquele lugar, o lar de cada leão estava confinado ao espaço que albergava 75000 pessoas, “I never never want to go home/ “Because I haven´t got one, anymore”. E, apesar de todas as inglórias derrotas e ocorrências injustas, aqueles que acompanharam a Tua eclosão, no momento da perda, responderam com odes de paixão ardente, com juras de amor eterno e colocaram-Te no pedestal que mereces estar, “Because I want to see people/ And I want to see lights”; O regozijo prevalecente no meu espírito é inenarrável dado ao ópio que contagiava as multidões. Intitulem-me do que bem entenderem, mas perecer no reduto do amparo de todos os sportinguistas constituía a forma mais apetecível de canonização. “To die by your side/ Well the pleasure and privilege is mine”.

    O espaço que reuniu a quantidade infindável de sensações jamais se olvidará. Sobre ele, brilha e brilhará a narrativa de múltiplas personagens concernidas ao seu incrível legado.

    Foto de Capa: Sporting CP

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.