Quando o futebol é só um jogo, é estar em família… e desfrutar disso.
Estou a escrever este texto no dia em que se celebra algo tão importante como ser Pai. Por esse motivo vou mudar um pouco de registo. Pode ser menos apelativo do que estar a criticar um jogador, um treinador, atitudes de alguns adeptos, a pouca transparência do futebol, os adversários, mas neste momento não é isso que me vai na alma.
Ainda que este meu artigo de opinião vá gerar menos discussão, menos “clicks”, menos “views” por não ser um texto de conflito ou polémica (que é o que todos gostam ainda que o possam recriminar por parecer bem) hoje só quero falar da boa sensação que é ir à bola com os meus filhos.
Não foi hoje, porque a equipa de futebol do Sporting não jogou este fim de semana, mas há uns dias consegui ir a Alvalade com os meus dois filhos mais velhos (ainda ficou um em casa). Não é que não goste de o fazer mais vezes, mas em termos de logística e carteira nem sempre é possível fazê-lo (os horários também têm de ajudar). Já tínhamos ido algumas vezes ao João Rocha, mas o ambiente de um jogo de futebol no estádio é diferente.
Ainda que não consiga que eles tenham presença assídua nos jogos, posso garantir que já são tão sportinguistas que cada um dos que está a ler. E para comprovar isso basta vê-los a pedir para levar a verde e branca listada para a escola, ou o quanto vibram com os golos da equipa.
E ir ao futebol com os nossos filhos não é tanto, ou só, pelo jogo, mas pelo antes e depois. Tudo começa com a comunicação da novidade mostrando os mágicos ingressos que nos dão possibilidade de ir à nossa “casa” ver os “nossos”. A partir daí gera-se uma sensação de ansiedade e o contar das horas e minutos.
“Pai, quando vamos para o Estádio?”, “Mas pai, eu ainda tenho uma festa de aniversário. Dá tempo? A que horas que vais buscar?”, “E vamos diretamente para Alvalade?”, “Não nos podemos atrasar”, “Vamos ganhar de certeza”. Toda esta empolgação dura até ao momento em que os mando ir escolher os adereços leoninos.
– “Filho, assim a camisola fica-te muito apertada. Não era melhor levá-la por baixo do casaco?”
– “Mas assim o casaco tapa a camisola.”
– “Mas o casaco também é do Sporting”
– “Mas a camisola é que é fixe.”
E lá vai o “chouriço” a exibir a sua listada com orgulho.
Pelo caminho sentia-se a excitação de chegar ao estádio. E o pai que nunca mais encontrava estacionamento. “Daqui a pouco estão eles a aquecer e nós aqui”. Quanto mais nos aproximávamos do estádio, maior se tornava a azáfama e o nervosismo do pai a tentar controlar aqueles dois “leõezinhos”.
– “Não querem uma bifana?”, digo eu.
– “Não. Quero entrar. Comemos um cachorro lá dentro.”
Ao entrarmos, e ao darmos de caras com aquela bancada, aquele relvado… Sensação boa.
– “Aquele relvado não é de verdade, pois não?” dizia o mais novo.
– “Parece um tapete não parece? Dá vontade de ir para lá” dizia o mais velho.
– “E os jogadores onde estão?”
– “Calma, vocês quiseram entrar cedo, agora têm de esperar”
– “Olha o Adan. É o melhor guarda-redes. É melhor que o Rui Patrício?”
– “São os dois bons. Mas não fales do Patrício que há pessoas aqui que podem não gostar.”
– “Ele jogou no Sporting e fazia grandes defesas. Eu gosto dele. Mas também gosto do Adan.”
Quando começaram as equipas a entrar ao som do “Mundo sabe que” eu fiquei só a admirar aqueles dois a esticar os seus cachecóis e a cantar a plenos pulmões, terminando com um entusiasmante “Espetáculo, pai”.
No fim do jogo de futebol, pouco importava que o árbitro tivesse, mais uma vez, errado, pirotecnia na bancada ou os falhanços dos avançados do Sporting. “Pai, e aquele golo de letra do Nuno Santos?”, “Quando há jogo de novo?”
E por um dia, depois de muito tempo, tive o prazer de estar a ver um jogo de futebol do Sporting apenas pelo prazer de estar, de gostar de futebol, de gostar do Sporting, do ambiente, ali com os meus amores… mesmo que não tivéssemos ganho.
Mas ainda bem que ganhámos. Eu já tinha ganho.