Os resultados da nossa equipa de futebol sénior masculino têm sido lastimáveis: nos últimos cinco jogos, perdemos três. Vergonhoso. Com opções técnicas duvidosas da parte do técnico que já abandonou o cargo, Leonel Pontes, esta “crise” – é quase um cliché usar esta palavra nos últimos tempos sempre que se fala no Sporting – revela bem o desnorte que paira no clube do Leão. Concretizo com dois factos ocorridos no último jogo diante do Rio Ave em casa para a Taça da Liga (derrota dos Leões por uma bola a duas) que espelham bem todo este desnorte:
– Na fotografia inicial da equipa antes do jogo não constava o nosso guarda-redes para a partida, ou seja, Luís Maximiano. Ninguém com o sorriso na cara para a foto, ou até mesmo o pobre Jubas, deu por isso. O jovem atleta dirigindo-se para a equipa depois da foto de braços abertos, como que a demonstrar incompreensão pelo sucedido, não apagará as imagens que os sportinguistas tiveram desse momento quer os que estavam no Estádio, quer os que viram pela televisão. Uma vergonha;
– Ao minuto 74’, Jovane Cabral preparava-se para entrar em campo com a camisola de… Gonzalo Plata. Uma situação que mostra a desorientação dos jogadores e staff. Para levar tudo isto aos píncaros, têm surgido notícias recentes que dão conta que o atleta sportinguista foi apanhado a conduzir sem carta, o que nos leva a equacionar se o “lapso da camisola” não poderá ser mais do que um mero lapso…
Estas duas situações são apenas a demonstração de um clube que está numa situação de verdadeiro marasmo identitário. Afinal os “esqueletos”, que Varandas tanto criticou na sua entrevista recente à Sporting TV, têm tido as suas razões para aparecer e contestar a atual Direção. Varandas tem que mudar rapidamente de estratégia ou então está com os dias contados em Alvalade. Os sportinguistas estão fartos de tanta incomunicação, de tanta falta de… transparência. Bruno de Carvalho deve estar a proferir as palavras de Scolari quando era selecionador nacional: “E depois o Burro sou eu?!”
E, cereja no topo do bolo, eis que surge como o “redentor” da pátria leonina, Jorge Silas. Quanto ao treinador em si, não tenho nada a dizer. Esteve no Belenenses SAD, sendo-lhe conhecida daí a sua atração pelo jogo de forte pendor ofensivo, o que pode muito bem ser uma faca de dois gumes: ou corre bem de início e as coisas acertam e motivam jogadores, staff e massa associativa ou, pelo contrário, se correm mal, vai tudo abaixo novamente, numa lógica da Lei de Murphy que tanto tem sido associada ao Sporting nos últimos tempos. É, por isso, mais uma jogada de risco desta Direção. A mentalidade que Silas incutirá na equipa é bastante semelhante ao que Keizer fez quando esteve ao leme dos Leões. E todos sabemos qual foi o desfecho do “keizerball”…
A primeira coisa que Silas terá que fazer, além de ter que motivar um balneário de rastos, é mudar o sistema tático. É que o 4x4x2 losango montado por Leonel Pontes não lembra ao diabo. Losango? Ridículo. Como entender, por exemplo, que Marcos Acuña, um extremo de raiz, que gosta de atacar a linha de fundo, se veja manietado em posições interiores do terreno? Além disso, Vietto parece-me muito mais eficaz a número “10” ou homem mais avançado do meio-campo sportinguista. Trata-se de um jogador que tem, apesar de tudo, permitido anotar excelentes apontamentos da sua performance, dos poucos que verdadeiramente têm feito algo para inverter o rumo dos acontecimentos.
Para finalizar apenas digo, como adepto e sócio do Sporting, o seguinte: minha gente, entendam-se. Assim é que não dá. O Sporting é grande demais para ter dirigentes, jogadores e até mesmo alguns adeptos e sócios a remar para lados diferentes. É que assim, Benfica e Porto não precisam de ter muito trabalho para nos derrotar. O nosso impulso auto-fágico serve-lhes na perfeição. Quanto a Silas, o que todos desejamos é que isto não seja mais uma “Silada” para afundar mais o Sporting. Porque das outras “Ciladas” – com “C” – já estamos todos fartos quanto baste.
Foto de Capa: Sporting CP
artigo revisto por: Ana Ferreira