Sempre se ouviu dizer que o mundo é dos espertos. É uma ideologia que está enraizada na cultura “tuga” e no desporto, menos do caso do Sporting CP. Os espertos, os que melhor se desenrasquem para atingir os seus objectivos conseguirão passar à frente de todos os que tentam seguir conforme as regras e leis implementadas.
A culpa é só dos “malandros”? Claro que não. É também culpa de quem permite que esses se possam dar bem com essas atitudes. Quem arbitra o cumprimento de leis e regras também é culpado por não fazer bem ou seu trabalho, ou simplesmente “fechar os olhos” a esse tipo de comportamento.
E porque é que, quem policia, fecha os olhos? Porque, como seres humanos e “tugas”, haverá o dia em que também vão precisar de se desenrascar e transformar-se num dos espertos que aqui estamos a falar.
Desengane-se quem ache que isto algum dia vai mudar. Porque “burro” é quem não se aproveita do “sistema” de espertice implementado e liberado. Como exemplo disto posso relatar uma vez em que, para fazer uma viagem, eu e familiares meus tivemos que nos dividir em dois carros. Para sairmos da autoestrada havia fila de trânsito e eu encostei no fim da mesma. Já os do carro que nos acompanhava seguiu na fila da esquerda até à saída e safou-se do engarrafamento (tendo ele provocado ainda mais trânsito por obrigar os que vinham atrás a parar para que conseguisse espaço para sair). À chegada fui “gozado” por ter ali ficado a “fazer o correcto” e eles terem conseguido chegar dez minutos mais cedo.
No desporto funciona exactamente assim, e já o disse aqui várias vezes. O “tuga” só se preocupa com o que não considera correcto se for desvantajoso para si. Se conseguir tirar algum benefício para si, pouco importa a forma como se alcança.
Acontece isso no número de campeonatos de futebol ganhos por alguns emblemas em Portugal e está a ver-se, a olho nu, nas finais das principais modalidades entre o Sporting e águias.
Aconteceu no primeiro jogo da final de basquetebol. A dois segundos da final o Sporting ganhava por um ponto, e num lance com falta ofensiva não marcada por quem la estava para arbitrar transformou uma vitória leonina numa vitória adversária. Ou seja, a águia “esperta” ganhou espaço para o lançamento fazendo falta não assinalada e foi premiada por isso.
Aconteceu nos jogos da final de futsal em que os nossos “pivots” são constantemente agarrados, puxados… e segue jogo. Resultado disso é que é o Sporting a equipa que faz mais faltas (assinaladas), o que condiciona muito um jogo de futsal. E há mais um acontecimento que é mais certo que a matemática: assim que as “águias” chegam à quinta falta, passam a ser a equipa mais leal que há (deixa de haver faltas para o lado encarnado). Eles podem, porque já lhe mostraram que podem. É desigual, mas temos de tentar ganhar mesmo assim.
E por fim aconteceu no Hóquei em Patins, no qual o “esperto-Mor” mais uma vez, para além de quatro golos, ainda faz faltas sobre si próprio e consegue excluir adversários. Não é a primeira vez que o faz pelo que quem arbitrava não pode ter desculpa. Eles já o conhecem há muitos anos e sabem que é assim. O problema é que os árbitros adaptam a sua avaliação a cada jogador e por isso já ouvi um árbitro dizer barbaridade como “Se eu apitasse tudo, alguns jogadores, pelo seu temperamento não acabavam um jogo.” Então andam lá a fazer o quê?
Mas já dizia o outro: “Não vi nada fora do normal”. Falta saber o que para eles é normal. É que já se percebeu que, para eles, o normal é ser esperto, enganando, ludibriando, no fundo, fazer tudo para ganhar, seja legal ou não.
Querem continuar a ser os “espertos”? Sejam, mas pelo menos sejam honestos. Ou isso não é normal para vocês? Parece que não, a ver pela leveza com que festejaram determinados campeonatos.
Já nós, que nos esforcemos a ganhar com lealdade, porque a vitória saberá sempre melhor de consciência limpa e tranquila. E isso só é possível para quem a tem.
Para resumir e ilustrar tudo isto que acabo de escrever, e sobre a impunidade e a certeza de que há quem se sinta e viva acima da lei, basta ouvir o que determinado presidente disse ainda há poucas horas em que declara que «O presidente da Liga sabe perfeitamente qual é a nossa posição, e apesar da Lei ser governamental, é que o Benfica não irá cumprir Lei nenhuma se se sentir prejudicado».