O caso da dívida AMORIM-19

    Mais uma semana sem desporto, sem futebol e já se fala na retoma dos campeonatos em alguns países. Em Portugal, ainda não há previsões, e considero que pelo menos mais um mês irá durar, seguramente. Numa altura em que a Direção do Sporting CP ganhou um balão de oxigénio devido à estagnação das mais diversas atividades, esta semana surge mais um tema na comunicação social que é, no mínimo, caricato. O Sporting CP contrata Rúben Amorim ao Sporting Clube de Braga, no mês de março, pelo valor de 10 milhões de euros (mais juros e IVA). Na sua apresentação, Frederico Varandas refere que esta contratação não iria influenciar em nada o orçamento desportivo para a época 2021/2022, e que tudo estaria de acordo com o planeamento e construção da equipa. Curiosamente, um mês depois da aquisição de Rúben Amorim, o Sporting CP deveria liquidar a primeira prestação da dívida aos minhotos, algo que não se concretizou.

    Salgado Zenha, vice presidente e responsável financeiro do clube, no seguimento das notícias avançadas pela comunicação social no âmbito da falta de pagamento da primeira prestação, afirma que é “absolutamente ridículo” falar em dívidas no contexto atual provocado pela pandemia de COVID-19. Mas… Na minha sincera opinião, o que me parece absolutamente ridículo é o investimento recorde feito num treinador e depois não ter meios financeiros para cumprir com um acordo e responsabilidades assumidas perante a lei.

    Quando há acordos que não são cumpridos, gera-se desconfiança. Ou, se quiserem de outra forma, falta de credibilidade, e isso é prejudicial para a instituição Sporting CP. Existe sempre qualquer coisa que nos faz aparecer quando menos se espera, pelos piores motivos.

    Sabe-se agora que o atraso neste pagamento poderá eventualmente fazer com que o valor de Rúben Amorim ascenda aos 14 milhões de euros (mais 4 do que o previsto). Se as minhas contas não me falham, este valor que teremos de pagar a mais (alegadamente) chegaria muito bem para ter mantido Bas Dost, Nani ou Raphinha, por exemplo. Nem quero mencionar o encaixe financeiro pela venda de Bruno Fernandes.

    Todos temos consciência da crise económica que poderá surgir no pós pandemia, e a solidariedade tem que estar, mais do que nunca, alinhada para que os danos sejam menores. Mas não podemos utilizar isso como desculpa. O Sporting encontra-se em lay-off, e a carga salarial diminuiu substancialmente, o que me leva a imaginar qual seria o contexto financeiro atual se nada disto tivesse acontecido. Será que seria pior? É verdade que com o futebol em stand by não se geram receitas e os ativos desvalorizam, mas com os funcionários em regime de lay-off os gastos também diminuem bastante.

    Já foram dadas várias entrevistas nas quais se referiu que o Sporting está muito melhor, mas depois surgem situações como estas que nos deixam com algumas dúvidas. O “Doutor Coragem” continua a sorrir para as câmeras na luta contra o COVID-19, Salgado Zenha desvaloriza a situação, e a sensação que eu tenho é que o Sporting CP continua de pernas para o ar e a prestação AMORIM-19 por pagar. Pede-se exigência, competência e responsabilidade!

    Artigo revisto por Mariana Plácido

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    Tomás Parreira
    Tomás Parreirahttp://www.bolanarede.pt
    Alentejano de natureza, apaixonado por futebol com alma verde e branca. Licenciado em Marketing, procuro dedicar-me e empenhar-me em tudo o que faço. Embora tenha crescido numa família adepta do clube rival, desde cedo percebi que era o leão rampante que me apaixonava. Ser sportinguista é mais do que uma forma de estar na vida, é respirar Sporting Clube de Portugal. O seu grande sonho profissional é servir o clube.                                                                                                                                                 O Tomás escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.