O atual presidente do Sporting, Frederico Nuno Faro Varandas, foi eleito no dia 9 de setembro de 2019 numa altura em que a tristeza, a revolta e a desilusão eram sentimentos que pairavam sobre o clube leonino, num dos piores períodos – senão mesmo o pior – desde a sua fundação em 1906.
Na corrida à presidência, enfrentou muita concorrência sendo João Benedito o seu maior opositor. Tal facto deve-se à sua juventude, ao carinho e empatia que os sportinguistas têm em relação ao antigo guarda-redes de futsal, fruto do seu empenho e da sua dedicação que tanto contribuíram para os sucessos do futsal, quer no plantel leonino quer na seleção. Contudo, o atual presidente possuía a seu favor um trunfo chave, conhecia o balneário melhor do que os restantes candidatos, sendo que na minha opinião foi um fator crucial para a sua eleição. Com o final da época é hora de fazer um balanço ao seu trabalho até agora.
Desde que foi eleito Frederico Varandas optou sempre, e bem, por uma postura de tranquilidade e de serenidade, totalmente o oposto de Bruno de Carvalho, que optava por uma postura agressiva e intolerante a todos os que ousavam criticar o Sporting. Porém esperava que tal atitude levasse a uma passividade do clube leonino e consequentemente, aumentasse ainda mais a distância para os nossos rivais do ponto de vista competitivo, o que acabou por não se confirmar.
No início deu o seu voto de confiança a José Peseiro e quando ficou provado (com uma derrota em casa, frente ao Estoril-Praia, a contar para a Taça da Liga) que não era o homem certo para conduzir o futebol leonino, decidiu confiar no seu staff para garantir o melhor para o Sporting. Surpreendendo tudo e todos, decidiu apostar em Marcel Keizer que desconhecia totalmente o futebol português, enganando inclusive a imprensa portuguesa que afirmavam que o treinador escolhido era Leonid Slutsky.
Na altura toda a massa adepta leonina ficou revoltada porque haviam treinadores portugueses bastante qualificados, como era o caso de Paulo Sousa ou até mesmo Luís Castro. Contudo, o treinador dos Países Baixos, apesar de alguns resultados e exibições paupérrimas, tem todo o crédito e mérito nas conquistas desta época.
No que toca ao staff, Varandas fez alterações significativas, com o intuito de tirar o máximo rendimento do plantel que tinha à disposição, tendo em conta que, quer o orçamento quer o plantel eram limitados, acoplando nomes como Hugo Viana e Rodolfo Correia que foram fundamentais para uma época que acabou por ser satisfatória.
Também procedeu a uma reestruturação do staff de forma a conseguir reduzir a dívida leonina, tentando por isso achar um equilíbrio entre qualidade e quantidade, revelando uma excelente competência e coragem. Graças a este staff, o clube de Alvalade conseguiu adquirir bons reforços no mercado de inverno oriundos de vários sítios, como é o caso de Borja e Gonzalo Plata, sendo este último uma grande promessa a curto/médio prazo.
Mas os maiores desafios para o 43º presidente da história do Sporting iriam estar para vir, com os casos das rescisões e da quase bancarrota no mês de março. No que toca às rescisões estava de pés e mãos atadas, porque os clubes que contrataram esses jogadores não eram obrigados a pagar nada por eles, o que prejudicava e muito o futuro do clube. Após alguns altos e baixos, conseguiu resolver de forma bastante satisfatória os casos de Rui Patrício e Gelson Martins, sendo que no primeiro conseguiu arrecadar 18M de euros e no segundo conseguiu 15M e Luciano Vietto.
Ainda existem outros casos, como Rafael Leão, que irão certamente demorar mais tempo a serem resolvidos. No que toca à quase bancarrota também sou da opinião de que esteve bem porque “o dinheiro não cai do céu” e o fundo Apollo possui negócios extra futebol em Portugal como é o caso da seguradora Tranquilidade, sendo por isso um fundo confiável em comparação a outros como a Doyen, que é associada inclusive à máfia do Cazaquistão.
Finalizando penso que Frederico Varandas foi uma escolha acertada por parte dos sócios, revelando boas qualidades de administração, competência, liderança e objetividade, mostrando que não está aqui para “brincar”. Espero que continue o seu bom trabalho e tal como indica o título, espero que seja o próximo “homem-forte”, à imagem do que acontece com Luís Felipe Vieira no Benfica e Jorge Nuno Pinto da Costa no Porto, porque só assim conseguiremos a tão aguardada estabilidade e consequentemente, reduzir a distância para os nossos rivais do ponto de vista competitivo.
Foto de Capa: Sporting CP
artigo revisto por: Ana Ferreira