No momento em que escrevo estas linhas, o Sporting CP é quarto classificado no Campeonato. Arredado da luta pelo título e pela Liga Europa, importa perceber se a qualidade do trabalho apresentado pelo técnico holandês merece continuação na época que aí vem.
Quando chegou ao clube leonino, a equipa encontrava-se a um ponto do primeiro classificado. É verdade que José Peseiro não fez um bom trabalho, mas não descolar da frente era imperativo para o novo treinador que chegasse a Alvalade.
Keizer era um treinador desconhecido para a esmagadora maioria dos portugueses, mas chegou com o rótulo de apostar na formação. Os primeiros jogos trouxeram resultados bastante dilatados, com um futebol que levava os adeptos a ir ao estádio. Para além disso, ia lançando alguns jovens formados em Alcochete, sendo o exponente máximo um jogo frente ao Vorskla Poltava em que colocou, para além de Miguel Luís e Jovane, Pedro Marques, Thierry Correia e Bruno Paz.
As coisas iam correndo bem, e apesar do mistério desta contratação por parte de Frederico Varandas, a verdade é que se vinha revelando uma opção certeira.
Contudo, em Guimarães frente ao Vitória SC, parece ter mudado o paradigma de jogo leonino. A qualidade das partidas entrou numa espiral descendente desde esse momento e vários pontos foram sendo perdidos. É verdade que pelo meio conquistou a Taça da Liga, mas isso não justifica a descida na tabela classificativa, bem como a eliminação da Liga Europa. A juntar a isso, a aposta na formação passou a ser nula. Os casos mais gritantes são os dos jovens Miguel Luís e Jovane Cabral, que vinham somando minutos até então. Numa altura em que se fala de problemas de tesouraria e a equipa já não aspira a mais do que o terceiro lugar, não se compreende a não aposta na formação que tanto orgulha os adeptos sportinguistas.
Para além disso, o discurso vem desgastando a figura já pouco carismática do treinador. Quando ouvi a conferência de imprensa do jogo frente ao Boavista, “escandalizou-me” perceber que o técnico considerava que o Sporting CP tinha realizado uma boa performance, quando na verdade se exige muito mais do plantel verde e branco.
Posto isto, sou da opinião de que o técnico não deve permanecer em Alvalade para a época que se avizinha. A sua falta de carisma, a incapacidade de dar a volta a um período negativo que já dura há vários jogos e o desinvestimento nos jovens jogadores leoninos fazem-me questionar se é este o treinador certo para um clube que tem de lutar obrigatoriamente para ser campeão. Não podemos aceitar que um clube como o Sporting CP ande a lutar com o SC Braga pelo terceiro lugar, muito menos dois anos seguidos.
Concluindo, penso que a escolha para a próxima época desportiva deveria recair sobre um treinador conhecedor do futebol português, com experiência e vontade de vencer. O clube tem necessariamente de estar na rota dos títulos e não me parece que isso vá acontecer com o atual treinador. Exige-se mais. Os adeptos merecem.
Foto de Capa: Sporting CP
artigo revisto por: Ana Ferreira