Apesar dos tempos conturbados que se vivem no meu clube, serei sempre, orgulhosamente, sportinguista.
Orgulhoso de ser um clube que formou alguns dos melhores jogadores do mundo, como Cristiano Ronaldo e Luís Figo à cabeça, mas podendo ainda referir nomes como Paulo Futre, Ricardo Quaresma, Simão Sabrosa (apesar de tudo saiu de Alvalade e era um grande jogador), e outros que apesar do menor cartel conseguiram ajudar a Seleção Nacional a chegar a um raro título europeu.
Orgulhoso de ser um clube eclético que sempre ganhou títulos nacionais e internacionais, principalmente nos últimos tempos devido à grande aposta feita nos planteis, com a contratação de atletas de topo e técnicos de nível. Orgulhoso também do meu clube não ter sido nunca apanhado em escutas a escolher árbitros ou em e-mails a almejar o controlo do futebol através de esquemas fraudulentos.
Mas, apesar deste lado bom, o orgulho exacerbado pode ser perigoso. Ser demasiado orgulhoso pode turvar a mente e deturpar o raciocínio e interpretação dos acontecimentos. O Sporting está a cair num buraco maior do que de onde o tiraram em 2013. E ninguém faz nada porquê? Essencialmente porque, acima de tudo, o orgulho não permite que os dirigentes admitam que não são talhados para gerir uma instituição tão grande e complexa como é o Sporting Clube de Portugal. Não querem admitir que estão muito abaixo de quem quiseram demitir.
Depois, temos o orgulho dos sportinguistas que votaram nesta Direcção, que não lhes permite admitir que escolheram mal, que foram ludibriados. Mas, como é possível que não se consiga admitir que 80 a 90 por cento do mérito destes 12 títulos internacionais das modalidades terá que ser imputado à anterior Direcção, que formou a maior parte destes planteis e apostou nessas mesmas modalidades?
Como é possível que não se perceba que só mesmo por uma manobra política é que o Grupo Stromp poderia dar um prémio de melhor dirigente ao actual presidente do Sporting, percebendo-se o estado em que a instituição se encontra? Ou vai dizer que a anterior Direcção não teve mérito nos 12 títulos, mas é a única culpada do estado em que o clube está? E enquanto estes sportinguistas não engolem essa parte má do seu orgulho, vão deixando que o Sporting vá definhando até que morra. Até que mais nenhum sportinguista possa dizer “SOU ORGULHOSAMENTE SPORTING”, porque não haverá Sporting do qual nos possamos orgulhar.
Foto de Capa: Sporting CP
Artigo revisto por Joana Mendes