Doumbia, Gelson e Bruno Fernandes foram as figuras mitológicas que assombraram o estádio Karaiskakis, em Atenas. A primeira parte foi tão boa como um sonho de Tom Sawyer em grandes aventuras nas margens do Mississipi. Quarenta e cinco minutos de luxo que colocaram o Sporting no topo do grupo.
O que faltou no bolo de Jesus foi a cereja, que Jonathan comeu. O lateral argentino teve uma exibição para esquecer, evidenciando todas as suas debilidades naqueles dois golos de Pardo. Mas esses erros não podem vandalizar aquilo que foi feito e produzido. Tenho de concordar com o senhor do bolo sem cereja: o mais importante são os três pontos, o “guito” no bolso e, fundamentalmente, o prestígio, associado aos pontos, para uma equipa portuguesa.
Pés bem assentes na terra, a equipa leonina é mais forte que este Olympiacos. No entanto, vai jogar com um dos “tubarões” do grupo. A mentalidade tem de ter um chip atrevido, associado a uma capacidade energética capaz de suportar todas as investidas virtuosas dos monstros Messi e companhia.
Da última vez que tivemos um central esquerdino com capacidade para fazer grandes golos, todos sabemos, qual foi a posição em que terminou o Sporting. A segurança que Mathieu trouxe ao sector defensivo já tinha convencido a massa adepta. Agora, aquele petardo para o fundo da baliza de Cláudio Ramos trouxe um dejá vù de aguçar até os mais apáticos a este início de temporada.
O Tondela regressou a Alvalade com estatuto de “invencível”. A realidade é que este Tondela parece uma equipa muito mais forte do que as últimas que vieram roubar pontos. Para “azar” dos nortenhos, encontraram pela frente uma equipa com vários tricks e capacidades alternativas de fazer furar as redes das balizas adversárias. Se em Atenas o contra-ataque foi letal, em Alvalade o Sporting detonou duas bombas que derrubaram a muralha defensiva dos Tondelenses. Bruno Fernandes, mesmo não fazendo uma exibição de encher o olho, foi o Mago que acabou com as dúvidas em torno do vencedor. Por vezes, o português faz-me parecer Moisés, quando abriu as águas para salvar os Judeus. O médio, quando puxa aquela perna direita atrás, abre um caminho delicioso e traz uma senda de vitórias que deixa os adeptos cada vez mais crentes e esperançosos na conquista de títulos. Seguindo as palavras do Presidente, sem euforias nem depressões, mas tentando manter, com muito trabalho, um compromisso intacto com a glória.
Esta terça-feira, o Sporting recebe o Marítimo para a Taça CTT. Começa aquela competição que é ideal para fazer rodar e dar oportunidade aos jogadores menos utilizados. Será o ideal, também, para ver Jonathan cuspir o caroço da cereja que ficou entalado em Atenas.
Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal
Artigo revisto por: Ana Rita Cristóvão