
Normalmente, diz-se que os fins justificam os meios e, no futebol, o fim que todos querem é chegar com mais golos que o adversário quando o árbitro der como terminado o encontro. Outro querer será sempre o ter mais pontos que todos os outros no final da última jornada do campeonato.
Ou seja, o fim, no final de contas, resume-se ao golo. E para estarmos mais perto dele, segundo a “sabedoria futebolística”, primeiro a equipa tem de ser consistente no meio. Aliás, costuma dizer-se que os jogos começam a ganhar-se no meio campo.
Efectivamente, apesar de uma equipa ter que funcionar como um todo para poder ambicionar ganhar, o sector mais importante é e será o meio-campo, pelas compensações que tem de fazer na defesa e nas laterais, assim como o apoio que tem de dar aos avançados.
No entanto, o meio-campo do Sporting também precisa ser ajudado. Não podemos esperar que dois ou três elementos do miolo consigam pressionar os defesas e médios adversários e ainda vir compensar os laterais ou os centrais. É humanamente impossível e, quando acontece, o mais comum é a equipa perder.
No Sporting, por norma, temos dois jogadores no centro do terreno, sendo que ultimamente a escolha recai sobre Ugarte e, com as ausências de Morita, é Pedro Gonçalves a recuar no terreno, o que acaba por retirar da zona de finalização o jogador que tem melhor poder de fogo.
Com este meio-campo, tendo Ugarte em constantes correrias entre as duas laterais e controlo do médio ofensivo adversário, obriga “Pote” a ter poucas oportunidades para jogar mais junto dos três da frente, já que tem de ajudar o uruguaio, principalmente quando os oponentes jogam com um meio-campo de três. Nestas situações, até Paulinho é obrigado a recuar um pouco para poder equilibrar a batalha no núcleo do jogo.

Ou seja, com estes jogadores, a equipa recua, não por opção, mas sim porque os jogadores são obrigados, atendendo ao posicionamento e movimentações da equipa adversária, o que explica os poucos golos marcados pela equipa leonina.
Outro facto que não permite ter uma equipa mais avançada no terreno é o facto de estarmos a jogar com dois avançados/extremos que raramente pressionam na saída de bola do adversário. Trincão e Edwards podem ser ótimos jogadores, mas não neste esquema táctico.
Quando jogam juntos, associando-se a Paulinho, perdemos completamente o poder de pressão, vendo-se muitas vezes os defesas contrários a saírem sem grande dificuldade com os nossos jogadores a fazerem apenas a chamada “pressão com os olhos”.
Quando um dos avançados falha na pressão, já se torna difícil para todos os outros conseguir pressionar, porque ficando um adversário livre há sempre uma opção para passar a bola sem obrigar ao erro. Se nenhum dos três da frente pressionar, automaticamente vemos a equipa a recuar até ao seu meio-campo, tentando depois aí, num espaço mais curto de terreno pressionar. Isto faz com que o nosso adversário chegue perto da nossa área sem grande dificuldade e, consequentemente, deixa-nos sempre mais longe da baliza contrária.
Eu entendo que Ruben Amorim insistia em Edwards por aparentemente ser o único “fantasista” (e mesmo assim…) que temos no plantel, mas, a meu ver, para jogar neste esquema, com os jogadores que temos à disposição, e uma vez que já temos Morita como opção, na frente deveriam jogar Chermiti, “Pote” e Nuno Santos (ou Jovane caso haja necessidade de recuar o Nuno).
Pedro Gonçalves é o nosso goleador e por isso precisamos dele perto da zona de finalização. Nuno Santos é o jogador, depois da saída de Porro, que, juntamente com Ugarte, tem maior intensidade de jogo. Já Chermiti, apesar de ser muito jovem, não é muito pior que Paulinho tecnicamente e marca mais, para além de conseguir aguentar o jogo todo a correr e a incomodar os centrais contrários.

Juntando a esses a capacidade de Morita em, para além de ajudar Ugarte a equilibrar o meio-campo, aparecer junto da área adversária, a equipa fica mais capacitada a jogar mais subida no terreno.
Com avançados que não tenham capacidade de pressão, o Sporting será sempre obrigado a começar os seus ataques mais longe da área adversária e, como tal, correrá também maiores riscos e, porventura, sofrer mais golos.
Eu entendo ainda que, quando Amorim coloca “Pote” mais recuado é para ter alguém que transporte jogo uma vez que Morita e Ugarte não são um “João Mário” ou um “Matheus Nunes”, mas se tivermos jogadores fortes a pressionar na frente, teremos a equipa mais subida, podendo colmatar um pouco a falta do tipo de jogador que transporte a bola de trás para a frente, sem necessidade de jogo longo.
Eu, que não percebo nada disto, entendo que, com um tridente rápido e pressionante estaremos sempre mais perto de ganhar jogos, ainda que não tenham tanta capacidade técnica. Adicionalmente, com os avançados habitualmente titulares no Sporting temos os laterais muito mais expostos, apesar de Edwards estar um pouco melhor nesse aspecto.
A equipa terá de funcionar como um todo no momento da pressão. Penso ser essa a principal falha desta equipa do Sporting na presente época. Melhorando isso, acredito que automaticamente a qualidade de jogo da equipa aumente.