Quando bem feito, mais vale copiar do que inventar | Sporting CP

    O mercado concorrencial proporciona melhores produtos aos consumidores, obrigando a que quem produz tente sempre melhorar e inovar a sua oferta de forma a conseguir uma melhor posição relativamente aos mais diretos competidores. Sporting CP

    O futebol, como todos os negócios, está também dentro destes parâmetros. O que antes era só desporto, em que os clubes encontravam miúdos “bons de bola” e lhes dava a possibilidade de pertencerem a um clube que lhe proporcione a carreira de sonho, é hoje uma empresa que vive de lucros, cujo “produto” é o jogador.

    Essa questão de vantagem competitiva no futebol, que antes acontecia apenas em tentar contratar os melhores, começa hoje bem mais cedo, “arrancando” muitas vezes as crianças mais promissoras do seio das suas famílias para se anteciparem à concorrência e terem a possibilidade de conseguir um talento ao “menor preço possível”.

    Em Portugal, o Sporting Clube de Portugal foi dos primeiros a desenvolver essa capacidade de scouting. Entretanto, abrigar crianças deslocadas, ausentes do seu meio familiar numa idade tão precoce, obrigava o clube a criar condições físicas, organizacionais, sociais e educativas que disponibilizassem a esses jovens as condições ótimas (dentro do possível. O melhor seria mesmo estar junto das famílias) para continuarem o seu desenvolvimento físico, intelectual e social.

    Luís Maximiano
    Fonte: Bola na Rede / Isabel Silva

    Dessa necessidade surgiu a Academia Sporting (Agora Academia Cristiano Ronaldo) que formou alguns dos melhores jogadores portugueses e mundiais, o que indica que o trabalho estaria a ser bem feito, ao nível dos melhores.

    Vendo isso, os concorrentes de mercado nacional, em vez de tentar inovar e diferenciar, inteligentemente decidiram copiar e replicar o bom trabalho feito pelo clube de Alvalade. Essa cópia foi tão bem feita que, alguns anos depois, começaram a surgir resultados desportivos das camadas jovens desses clubes (já realizam temporadas de streaming com o tema), e posteriores vendas (se os resultados desportivos individuais vão igualar os formados em Alvalade, ainda veremos). Esses clubes, em vez de começarem do zero, replicaram o que comprovadamente resultava e fizeram algumas melhorais decorrentes das inovações que o tempo e o desenvolvimento tecnológico proporcionaram.

    Nesse aspecto, o Sporting relaxou durante algum tempo, congelou o desenvolvimento, descansou à sombra dos sucessos até ali alcançados, e permitiu que os concorrentes se aproximassem, e chegassem a igualar a qualidade do “produto”.

    Felizmente voltamos a dar mostras de recuperar terreno, tentando voltar a afastar-nos dos restantes. Resultado disso (para além do melhoramento físico da academia) foi a participação da direção do Sporting na inauguração da sala de estudo “Aprender +” no âmbito das Unidades de Alto Rendimento na Escola (UAARE) com o objectivo de conciliar o sucesso desportivo com o escolar. No fundo, é um reforço governativo no trabalho que o Sporting já vinha fazendo no acompanhamento académico dos “miúdos”, e isso foi reconhecido pelo discurso feito pelos representantes governativos presentes no evento, elogiando o trabalho e papel decisivo no acompanhamento dos jovens atletas.

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    O Sporting como clube formador, que descentraliza crianças do seu meio familiar, tem que assumir para si a responsabilidade de formar e educar os jovens, nunca como forma de substituir o papel dos pais, mas de complementaridade em conjunto com a família. Porque, ao mostrar essa responsabilidade e preocupação, mais facilmente conseguirá que outros pais permitam que os seus filhos “saiam” de casa tão precocemente, que ficam, pelo menos, com a garantia de que os seus filhos têm o melhor acompanhamento possível. Torna-se também, este aspecto, numa vantagem competitiva para o clube.

    O Sporting, como pioneiro, deve continuar a inovar e a tentar melhorar a oferta, porque “candeia que vai à frente ilumina duas vezes”, não descurando de fazer o que os concorrentes fizeram – olhar para bom trabalho feito por eles e apreender as boas práticas e o que daí resultou.

    No seguimento da inauguração acima referida, e uma vez que é uma iniciativa local, o Sporting, sendo uma marca global, deveria tentar promover o mesmo programa em todas as localidades/regiões onde tenham escolinhas associadas ao emblema leonino. Afinal, somos o SPORTING Clube de PORTUGAL, e não um clube local ou regional.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.