O Sporting vai ter um osso duro de roer na Alemanha, encontrando aí um adversário poderoso e moralizado. Ao invés, a equipa vem de resultados decepcionantes, o que pode indicar estar agora a fazer um caminho inverso aos adversários no que à moral diz respeito. Adicionando a estes ingredientes nosso histórico de resultados com equipas alemães, está criado um espectro digno dos maiores receios. Este será precisamente a pior das atitudes a ter na hora de encarar o jogo. Respeito q.b. sim, medo não.
O problema da falta de jogo interior
Muito se falou, na sequência dos recentes derbys, do problema da falta de jogo interior, estabelecendo-o como causa determinante para o insucesso no respectivos jogos. Com algum exagero, quanto a mim, atendendo à forma fortuita como se perderam os pontos, resultantes de lances de muito maior grau de aleatoriedade do que de sapiência adversária. A intenção deliberada de não se expor contra o SLB parece ter ficado e ter produzido os mesmos efeitos no Restelo, mas tal só é verdade se esquecermos os primeiros 25 minutos da última partida, onde a abordagem foi muito diferente do jogo de Alvalade. Duvido que essa fosse a intenção do treinador, falta saber se a equipa cumpriu o seu plano de jogo ou preferiu de forma automática aquele que treinou para o dérby. Reconheço a importância do plano táctico mas o futebol, quando o árbitro apita para o inicio do jogo, é muito mais do que o treino e as ideias do treinador. Como é bom de ver o Sporting não irá jogar na Alemanha a centrar bolas para a área
Saber sofrer e saber fazer sofrer
Não esperando um jogo fácil é admitir que vai ser necessário saber sofrer. Mas sempre sem abdicar da imprescindível inteligência. Não creio que o Sporting vá recuar em demasia, ficando com isso permanente exposto às cargas da cavalaria alemã, especialmente à sua superioridade no jogo aéreo. Já bastará o sofrimento das bolas paradas. Mas também não me parece que registaremos os mesmos problemas com o controlo de profundidade de que tanto se falou no inicio de época. É a diferença que existe entre defesas centrais de nome e defesas centrais de formação e que percebem o jogo. A actual dupla de centrais dá muito mais tranquilidade, e muito mais daria se jogasse junta desde o inicio.
Se vamos a Alemanha “apenas” para não sofrer golos ou sofrer poucos, mais valia poupar na viagem. Não conheço o suficiente sobre o adversário para apontar os seus pontos fracos, daí que fique por uma consideração genérica. Mais uma vez a inteligência terá que ser chamada para gerir os momentos em que disporemos da bola. O Sporting tem jogadores tecnicamente capazes para impor algum sofrimento aos alemães. Estou a lembrar-me de Montero, Nani, Carrilo, João Mário, por exemplo, desde que a opção seja manter a bola o mais tempo possível colada à relva, onde a altura dos alemães deixa de ser uma vantagem. Sorte e eficácia também dariam uma importante ajuda se se aliassem a nós. Convenhamos também que, depois de 2 jogos a sofrer golos estúpidos, já estava na altura de se lembrarem de nós também.
Foto de Capa: Facebook Oficial do Sporting Clube de Portugal