Penso inúmeras vezes em como é possível o Sporting CP estar no lugar que está atualmente, depois de tantas situações peculiares que por aqui acontecem. Nunca ficaram com aquela sensação de que há coisas que só acontecem neste clube? Durante a última semana fomos brindados com mais um desenvolvimento do processo das rescisões, mais precisamente sobre Rafael Leão num volte face inesperado. Primeiramente surgiu uma notícia onde a FIFA apontou que o jovem jogador tinha toda a razão em ter invocado a justa causa que levou à rescisão unilateral do contrato que este tinha com o Sporting CP. No entanto, nem tudo estava perdido e finalmente a última palavra veio de onde unicamente deveria ter saído. O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) condenou Rafael Leão a pagar ao Sporting CP 16,5 milhões de euros por não lhe ser reconhecida a justa causa no processo.
O jovem português era visto como um dos talentos mais promissores dos últimos anos que havia passado por Alcochete. A escassez que paira sobre a academia viu a luz no “menino de ouro”, mas no final de contas somos o mesmo clube peculiar onde tudo pode acontecer.
Depois do ataque à academia, foram inúmeros os processos contra o Sporting CP e, aqueles que aqui foram formados e educados, foram os primeiros a abandonar o barco. Tão grave como o ataque, foi a falta de princípios demonstrada por quem cresceu no seio verde e branco.
Estaria a mentir se não dissesse que fiquei bastante surpreendido e desiludido com o caso do jovem que agora atua ao serviço do AC Milan. Nunca pensei que um jogador com tanto potencial e com uma carreira brilhante pela frente, pudesse sequer pensar em fazer um golpe ao clube onde cresceu e que lhe deu uma oportunidade na vida. Quantos dariam tudo para ter estado no lugar dele?
Se a ingratidão pudesse ser representada por alguém, então essa pessoa seria Rafael Leão. Infelizmente, o que ocorreu demonstra que afinal a produção de talento a nível técnico e humano não estão alinhados em Alcochete e dessa parte também devem ser apuradas responsabilidades. A falta de princípios, valores e humildade é tudo aquilo que eu vejo naquele que nunca mais será bem-vindo a este clube.
Acredito que este caso ainda está longe de estar concluído, mas a esperança de vermos justiça feita ganhou força e faz-me acreditar que ainda há gente boa no futebol. Quando uns veem cifrões, outros têm caráter e o sucesso também é feito disso.
Foto de Capa: Lille OSC
Artigo revisto por Inês Vieira Brandão