Rúben Amorim: a “fraude” que foi eleita “Treinador de Mês” | Sporting CP

    Mas vejamos em concreto o enredo desta acusação kafkiana.

    A Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) apresentou queixa junto do Conselho de Disciplina (CD) da FPF contra o Sporting CP e Rúben Amorim por este ter sido contratado para treinador sem ter habilitação para exercer essa função.

    O CD recebeu a queixa e remeteu-a para a Comissão de Instrutores da Liga para iniciar o processo disciplinar.

    A condução da fase de inquérito terá ficado a cargo da instrutora Filipa Elias que, após ter feito as diligências de prova que considerou como necessárias para apurar a ocorrência de uma infracção disciplinar e tendo por base as evidências recolhidas, decidiu proferir acusação de Rúben Amorim e do Sporting CP pela prática de fraude. E fê-lo um ano depois da apresentação da queixa, sabendo muito bem que o prazo máximo para deduzir a acusação é de 75 dias, conforme estabelecido pela lei.

    Vejamos quais são os fundamentos da acusação deduzida pela instrutora Filipa Elias. Pelo que consegui perceber, são apenas três:

    1 – Apesar de ter sido inscrito como treinador-adjunto, a instrutora “constatou” que Rúben Amorim é o membro da equipa técnica que “recebe mais” o que indicia ser ele o treinador principal.

    2 – O testemunho do ex-jogador do Sporting CP, Francisco Geraldes, que via em Rúben Amorim o treinador principal da equipa.

    3 – O facto de o Sporting CP ter regatado o jovem técnico ao SC Braga pelos valores que conhecemos e de o apresentar como líder do seu projecto desportivo.

    Parece claro que a douta instrutora ou é parva, ou faz-se ou não lê jornais. Ou então tirou o curso de Direito na União Soviética e ignora que o Sporting CP no exercício do direito de livre empresa, consagrado na Constituição, paga aos seus staffs técnicos, atletas, funcionários, o que bem quiser e organiza a sua estrutura como bem entender. E, perante a larga maioria de clubes da Primeira Liga que lança mão deste expediente, a instrutora apenas se lembrou do Sporting CP.

    Rúben Amorim é acusado de ter sido inscrito sem ter habilitação para exercer a função de treinador
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    É no mínimo peculiar que a acusação se tenha baseado num único depoimento de um jogador que se encontrava já no final da época passada em vias de ser dispensado por Rúben Amorim, tendo inclusive acabado por ser transferido para o Rio Ave FC. Ou seja, de todo o plantel de jogadores e staff técnico do Sporting CP apenas foi ouvido aquele que por coincidência estava de costas voltadas com o treinador. É sobejamente evidente o conflito de interesses entre a testemunha e os arguidos.

    Perante esta inanidade, o Sporting CP só tem de arrolar como testemunhas os restantes jogadores do plantel a testemunhar que o cérebro técnico-táctico do plantel leonino é o Emanuel Ferro.

    Por outro lado, toda esta “lógica da batata” cairia sempre por terra no momento em que a Liga aceitou a inscrição de Rúben Amorim como treinador-adjunto. Ainda assim desafio o CD da FPF para vir a público explicar o que é um “treinador principal”. É que a Lei apenas refere “treinador principal” para indicar quem pode dar indicações do banco para o campo e comparecer nas flash interviews. Só e somente isto!  Não existe nenhum “Estatuto do Treinador Principal” nem nenhuma lei ou regulamento que defina o âmbito de competências do treinador adjunto, do director de comunicação, do team manager, do roupeiro, etc.

    Cada equipa tem a sua organização e muitas vezes o treinador delega ou compartilha as mesmas funções nos seus adjuntos ou noutros técnicos.

    Diga-se que os órgãos disciplinares da FPF são compostos por juristas. Como tal deviam ter, no mínimo, a singela noção de que uma acusação de fraude, que põe em causa a honra de um jovem profissional e de uma Instituição centenária como o Sporting CP, só por si exigia que fosse blindada com provas e argumentos sólidos! E não um mero A4 com um arrazoado de disparates.

    Portanto, este processo kafkiano não é mais do que uma demonstração do desespero muito grande do velho sistema rubro-azul em derrotar o Sporting CP na secretaria, já que dentro das quatro linhas não o consegue fazer. Se os rapazes de verde e branco precisarem de um boost de moral para os próximos duelos que colem nos respectivos cacifos as parangonas dos jornais com os ataques e as mesquinhices dirigidos ao Sporting CP.  Só reforçam a sua união e a vontade de superação.

    Por fim há que assumir de uma vez por parte de entidades como a FPF a hipocrisia reinante no futebol português, pois são elas que, através dos seus meios de comunicação, vêm apregoar lérias sobre a pacificação do futebol português e o chavão do “falem é de futebol” de modo a branquear temas como a corrupção e a violência, mas em simultâneo mantêm uma atitude persecutória e um verdadeiro ataque cerrado (e inédito) ao Sporting CP.

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    Pedro Miguel Martins
    Pedro Miguel Martinshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é licenciado em Direito e é advogado com prática no Direito do Desporto. Oriundo do Bairro de Alvalade, em Lisboa, é um fervoroso amante do Sporting CP, embora também tenha um carinho especial pelo Ericeirense. Adora assistir jogos de futebol pela Europa. Sonha em conhecer os grandes palcos do futebol sul-americano.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.