Sempre a mesma história. 40 anos disto. Até parece fácil

    Nós, como seres humanos, temos intrínseco o sentimento da inveja, e sempre que surge alguém com um carro novo, uma casa nova, uma vida aparentemente cheia de luxos, encontramos sempre justificação a sorte ou possíveis esquemas fora da lei. Quase nunca pensamos que aquela “sorte” possa ter obrigado a muito esforço e sacrifícios. É sempre a mesma história…

    A verdade é que o sucesso quase nunca acontece por força exclusiva do acaso. É preciso lutar, fazer, errar, fazer por estar no lugar certo ou ter alguém por nós. A sorte e sucesso que outros vêm tem por trás muito planeamento, muitas quedas, até se aprender onde e quando devemos estar, com quem, para errarmos menos ou apanharem menos erros nossos.

    No futebol em Portugal acontece a mesma coisa. Os que hoje estão a ter sucesso mais vezes tiveram que andar anos a aperfeiçoar a forma de fazer as coisas, planeando, criando ligações com as pessoas certas, construindo bases para que, quando surja alguma dificuldade, as entidades tenham já ciente em quem devem confiar.

    Varandas
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    A certo momento, depois de anos a melhorar as rotinas e formas de aturar, já poucas serão as vezes em que seja necessário falar, mandar, ordenar. As entidades entendem-se quase só por sinais, sabendo o que cada um está a pensar, e o que cada olhar ou franzir de sobrancelha significa. (Não é que seja necessário ocultar contactos verbais ou escritos, porque até esses de pouco servem para provar o que quer que seja – ou seja, até aqui os anos de experiência ajudam a perceber como se devem dizer ou escrever as coisas).

    Depois de muitos anos de criação de amizades com gente de longas carreiras, conseguidas em grandes palcos do nosso futebol, tudo é permitido, sendo mesmo possível converter um agressor num agredido. “Parece fácil”. É a importância de ter muitos anos disto.

    O tempo mostra-nos também que nada é eterno, e que muitas vezes temos que estar mais na “mó” de baixo até encontrar uma nova oportunidade para “renascer”. É a comummente chamada história de “dar um passo atrás para dar dois em frente”. E quando o mercado do futebol português é gerido por um cartel de dois fica mais fácil aceitar um período de menos fulgor por termos a certeza que mais dia menos dia chega a nossa vez. É o que tem acontecido no nosso “retângulo”. Quando surge uma investigação, o investigado tem de se fingir de “morto” e renasce o que estava à espera, até ao momento que o que “renasceu” seja também investigado e tenha de passar para segundo plano. É o chamado “ora comes tu, ora como eu”. Até parece que isto depende sempre de investigações judiciais. Mas não, é sempre mérito.

    Ultimamente, como o “passarão” do Sul foi fechado na gaiola, ressurgiu o “lagarto alado” do Norte que se soltou das amarras meio “laças”, mas que lhe limitava os movimentos, lançadas pela justiça, que parece agora com mais liberdade para esticar as asas, podendo mesmo acertar em quem o rodeia sem qualquer reprimenda. Estará o futebol português a mudar de reinado de novo? A verdade é que a história é sempre a mesma, só muda o animal alado que manda. Esperar, ou saber esperar também dá trabalho. É como diz o outro, “espera…, espera…”.

    A perceber pela liberdade de movimentos permitida aos do Norte, diria que o Leão de Alvalade, sito na freguesia do Lumiar (localização para efeitos fiscais. Para efeitos desportivos é global, mas isso não é qualquer anta (versão brasileira) que consegue entender) teria que se relacionar com as entidades certas, portanto, diria que deveria criar-se uma ligação para proveitos futuros.

    No entanto, como de Norte, nem bons ventos (frios) nem bons casamentos (ficamos sempre a perder) preferimos recusar qualquer relação, até porque “antes pobre, mas honrado, do que rico e…”

    Portanto vamos manter-nos honrados e enviar apenas cumprimentos do Lumiar (somos obrigados a colocar uma morada fiscal) ali para a zona entre as Antas, Bela vista e a Campanhã (mas por ser confuso enviamos o cumprimento para 4.ª esquadra da Corujeira que eles entregam numa das próximas visitas).

    Será sempre a mesma história, e passados os quarenta anos de “histórias” de algumas personalidades, e depois disso, o Sporting manter-se-á honrado. Porque pode não parecer, mas no país em que vivemos, manter a honra dá muito trabalho. Parece fácil, mas não é. Seria bem mais fácil fazermos tudo o que outros fazem para ganhar, mas há “sacrifícios” que não valem todos os títulos do mundo.

    (Eu sei que há quem se vá rir disto, principalmente os que não sabem, e nem querem saber, o significado de honra. Quem é ambicioso a ponto de fazer tudo sem olhar a meios para alcançar o que quer não pode conhecer a definição disso, ou não faria metade do que se faz em Portugal. Eles não querem saber porque ficariam a perder (na visão deles) como nós. Mas se a justiça permite, a história os exalta e eles se podem gabar disso porque haveriam de mudar? Talvez as antas sejamos nós.)

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.