Quando Nuno Mendes – ou o “prodígio quiçá diamante em bruto” como lhe chamo – se foi embora, não quis acreditar. Aposto uma quantia monetária significativa que todos os sportinguistas ficaram, no mínimo, apavorados.
E não adianta agora dizerem que afirmaram (são os tais diz-que-afirmaram) “ah e tal, o miúdo foi embora, mas joga outro no lugar dele. A equipa é forte, está unida e tem mais soluções do que pensam”. O engano próprio e voluntário dói, corrói e alimenta esperanças vãs. Sem o lateral-esquerdo, a equipa perdia mais do que ganhava. Trata-se de senso-comum.
O avião que sobrevoou Paris instalou o menino na cidade da flama. O paquete (a sua existência não se resume a filmes) reuniu as bagagens e encaminhou-o ao local da expectativa, onde constam os respetivos cartazes pois a estrela da companhia petrolífera do Paris Saint-Germain tinha atracado há instantes.
Horas volvidas, aquando do encerramento do aeroporto – o cenário é ficcional e o autor decidiu que o aeroporto não era constituído por uma carga horária relativa a uma bomba de gasolina ou ao McDonalds – o porteiro avistou uma bagagem extraviada na zona de embarque. Lisboa era o único voo sem asas funcionais e a mala ocupou o lugar vago.
Sarabia como “moeda de troca” no negócio entre PSG e Sporting
Pablo Sarabia, extremo emprestado pelo clube parisiense, foi dadivado ao emblema de Alvalade. Diz-se que serviu de moeda de troca pelos danos causados no corredor esquerdo. Neste parágrafo, até pode convir citar o Grupo Novo Rock (GNR) porque “o petróleo não é tudo, JR!” e quem financia é o PSG, até parlapiê em contrário. O paquete cometeu um equívoco, certamente…
O eterno problema da adaptação foi, desde o primeiro momento, o foco dos críticos e dos media nas flashs ou conferências de imprensa. A resposta foi una: o sistema tático perpetrado por Maurício Pochettino dispensava Pablo Sarabia da maioria das ações defensivas, enquanto a estrutura e o enquadramento erigidos por Rúben Amorim obrigam a uma postura mais agressiva quando a equipa está mais recuada. Em Portugal, antes da identificação do não tão notório rendimento, prefere inferir-se ou atribuir a designação “flop” …
Apurando a veracidade dos factos, o internacional espanhol – embora não passasse pelo melhor momento da carreira – contribuía com dinâmicas de ataque inovadoras, assistências quando a equipa mais precisava e com golos na prova milionária. Mesmo sem aquele entrosamento instantâneo que muitos consideraram anormal não possuir, devido a ser um titular da La Roja, por exemplo.
Felizmente, a 28 de novembro de 2021, Pablo Sarabia impingiu que a redondinha beijasse a rede em competições internas, diante do CD Tondela. A Crítica moderou o tom, retirou da órbita algumas alfinetadas e esgrimiu alguns louvores.
Seguiu-se aquela “raquetada” à la Roger Federer defronte do rival eterno, o SL Benfica. Aqui, o leque de peritos visou o aspeto tático e defendeu que a entrada de Pablo Sarabia para o trio de ataque leonino libertava Pote para possíveis rasgos individuais e Paulinho da designação de “referência ofensiva”.
Na semana passada, frente ao Boavista FC, o espanhol inaugurou o marcador, foi eleito MVP, mas confesso que assisti à partida com a televisão em modo mute.
Lições de moral correspondem, quase sempre, a perdas de tempo. E a clichés. Por essa razão, não vão ler nestas linhas uma dissertação acerca de o futebol viver apenas de números, estatística e de títulos, apesar de terem lido a tese porque vos a impingi. Pablo Sarabia, apesar de perder tempo na Taça da Liga e na Taça de Portugal, tem sido um bom rapaz, na opinião de quem não é crítico (eu).
Na volta, o paquete tinha a perfeita consciência do que estava a planear…