Afunilemos, desde início. Permitam-me só uma breve contextualização para efeitos de perceção. Qual a finalidade por trás de uma contextualização que não essa? Em 15 pontos possíveis, o Sporting CP regista apenas sete. Alistado a este triste facto, vem o rol de choraminguices. Dorme-se pouco, cada vez menos.
Dirigentes deste clube, “até ao lavar dos cestos, peço-vos, estejam à altura do Sporting CP dos meus netos, dos vossos netos, porque ele também faz parte um pouco da nossa vida”. E não emito pedido desculpa, ao contrário do sócio José Manuel Nobre aquando de uma sessão de esclarecimento da Mesa da Assembleia Geral (MAG) em 2013.
O que é que se tem passado? Existiu alguma modificação estrutural ou na política premente para a construção da nova época desportiva que não passasse despercebida aos adeptos do clube?
Como é que uma equipa que está em vantagem em três ocasiões, em Braga, deixa escapar o triunfo no último minuto antes da prorrogação? A massa adepta culpou o Ricardo Esgaio, lateral direito da equipa, reduzindo toda a trissomia do processo defensivo nos três golos sofridos a uma má abordagem tida num lance fortuito. Imaginem se o PCP não tivesse deixado uma nota de pesar em relação à morte de Gorbachev e, simultaneamente, não conseguisse censurar a invasão russa e o seu herói. A similitude reside na existência de um patinho feio em ambas as conjeturas.
Resultado? Após o triunfo caseiro defronte do Rio Ave FC (3-0), os leões sucumbiram duas vezes consecutivas: no Dragão (3-0) e em Alvalade (0-2), diante do colosso e recém-promovido GD Chaves.
Os alunos de Rúben Amorim foram inferiores aos pupilos de Sérgio Conceição? Não, não foram. Criou oportunidades para, pelo menos, sair da partida com a divisão pontual? Sim, criou. O resultado foi manifestamente exagerado? Sim, foi. Tendo em conta as descrições anteriores, o Sporting CP mereceu perder? Sim, claramente. A segunda parte demonstrou uma tremenda falta de tudo, atitude inclusive, e uma imaturidade na análise dos momentos de jogo: debilidade defensiva com selo de autenticidade e ataque móvel sem criatividade e pouco fiável para um jogo de tal estirpe. Em síntese, a equipa portista é a típica figura noturna que, após a investida mais requentada ter abandonado o que galava para ir aos lavabos, avança e faz a magia de Houdini.
O embate que opôs leões e transmontanos inflamou (ainda mais) a perplexidade que me domava. Contabilizaram-se, ao longo dos 90 e tal minutos, 52 cruzamentos para a grande área flaviense facto que sustentaria o caudal e a acutilância ofensivos do clube de Alvalade. A frase anterior construiu-se no modo condicional pelo facto de não existir – com a lesão de Paulinho – uma referência atacante que completasse o tridente.
Contudo, quando a equipa já tinha sido engolida pela lição tática e se encontrava em dupla desvantagem, eis que surge Sebastián Coates disperso, uma solução nunca utilizada e que apanhou os adversários de surpresa. Permanece a obstinação do técnico leonino em relegar a compra de um ponta de lança de raiz capaz de defrontar blocos baixos e ferrolhada, sucintamente. E permanecerá. Temam o presente e o futuro. E o condicional, porque é o que dói mais. Para os otimistas e despreocupados, pensem em alguém que tatua o nome do/a companheiro/a porque tudo vai de vento em popa e, de repente, quando a relação finda, não arranja forma de disfarçar o desenho.
“É a minha primeira experiência no estrangeiro, mas sinto-me preparado e orgulhoso. Este era um passo que queria dar e o Sporting CP é o clube ideal.” – Sotiris Alexandropoulos 🦁
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— Sporting Clube de Portugal (@Sporting_CP) August 29, 2022
Sotiris Alexandropoulos e Arthur Gomes são as garras mais recentes do leão. O grego vem colmatar a saída de Matheus Nunes e o brasileiro, ao que tudo indica, estava farto de comer as Areias de Cascais. O Sporting CP venceu o GD Estoril (0-2) na passada jornada, tem registo nulo (oito golos marcados e outros tantos sofridos) e jaz – à condição – na sexta posição.
Gostava de encontrar respostas para a ressurreição. Já revolvi uns certos dossiês e continuarei a fazê-lo. Da última vez que visitei a pasta “apoio incondicional”, esgotei a tinta da caneta enquanto sublinhava a expressão “bilhetes esgotados”. À partida, está tratado.