Sporting CP 2-3 SC Braga: Camaradas, mudamos o paradigma!

    A CRÓNICA: AFINAL, O PCP E O SPORTING CP TAMBÉM MUDAM

    Já toda a gente estava habituada aos “potantos” ditos de forma exímia, a ouvi-lo cantar o hino, a clamar o nome do partido de punho cerrado, a adicionar “direitos dos trabalhadores” a um dicionário com 18 capítulos de 365 ou 366 páginas cada. A ovação de sete minutos efetuada pelos militantes do partido durante o seu último discurso ilustra, na perfeição, as saudades que 1/3 de uma geringonça já desafinada deixará.

    Apesar da estabilidade bater ferros no zénite dos topos, as mudanças ocorrem. Foi com a substituição do ex-secretário geral Jerónimo de Sousa que o Partido Comunista Português chocou o país: o antigo metalúrgico passou a pasta a um operário de 46 anos que, aquando da notícia dada pela repórter da RTP, tinha 30 décadas de PCP (!). Em linguagem da bola, Paulo Raimundo – o escolhido – corresponde ao título (da outsider) Dinamarca no Europeu de 1992: não se perfilava, mas foi o mais rápido a preencher a papelada e as informações que o Facebook pediu.

    Para já, no futsal do Sporting CP, o Comité Central ainda não se alterou. Nuno Dias quer bater o recorde de 18 anos de Jerónimo de Sousa. Face ao que é conhecido e público, vai ultrapassar sem grande dificuldade porque os trabalhadores possuem todos os direitos – possíveis e imaginários – para além de serem remunerados com salários chorudos. Contudo, o técnico leonino experienciou – hoje – uma greve dos seus funcionários.

    A 14 de novembro de 2022, no Parlamento João Rocha, votou-se mais um projeto de lei: os leões apresentaram uma moção onde constava a receita para triunfar diante do SC Braga, na jornada seis da Liga Placard. O Executivo aprovou a medida, apesar da febre inicial causada pelo debate.

    Nos primeiros 25 minutos de discussão, foi possível contemplar um espírito guerreiro (com v, se quisermos) até ao golo leonino. Robinho, deputado eleito, era o político mais esclarecido na quadra pelo facto de pautar o processo defensivo e ofensivo do partido que representa. Destaque para a argumentação individual e pelo embater desta no poste de Guitta.

    Os leões, no período referido, construíram teses capazes de arrebatar o adversário e deixá-lo emudecido. Deivid, mais recuado no quadriciclo do lado do SC Braga, adiou a vitória adversária com interrupções pertinentes e defesa de cada erro ou falha de delimitação nos assuntos que exigiam a marcação dos colegas.

    Diego Cavinato canalizou a atenção do Executivo pela primeira vez: roubou a palavra a Rúben Santos na linha divisória do Parlamento, tabelou com Alex Merlim e finalizou com um toque subtil.

    O júri bocejava e dava mostras de alguma fome. Apitou e conduziu os partidos à pausa prometida. O deserto que planava sobre as gargantas e os estômagos foram inundados com água e bebidas energéticas. Mas todos regressaram. Até porque nada estava decidido.

    À semelhança de Deivd, Guitta também cintilava na Assembleia do leão. Prova disso foi a destreza mental que resultou na edificação da segunda teoria do Sporting CP: através de um lançamento longo de vocábulos, o brasileiro versou Neves que, com um trabalho de pivot notável, rodou sobre si e dilatou a vantagem.

    O SC Braga, aparentemente enfraquecido, não se deixou dominar e equilibrou o colóquio. Através de uma preparação repleta de concentração e atitude, reduziu: Deivd, o político em evidência, metralhou a masmorra dos leões e obrigou Pauleta a admitir uma falha no discurso.

    Alerta de raciocínio límpido: Robinho aproveitou o balanço da oratória do guarda-redes bracarense e uma perda de palavra do Sporting CP no seu meio-campo defensivo: sem preparação, recolhe a vez e aplica um boné mental a Guitta.

    A 10 segundos do fim, o golpe de teatro (mas só para quem não viu a partida): reposição da palavra do lado direito do Parlamento e disparo de Fábio Cecílio, fora do palco principal.

    O Sporting CP viu o seu projeto-lei reprovado por um partido em ascensão. Tempo de refletir sobre o que falhou e apresentar uma proposta para reverter a derrota interna, no tempo devido.

     

    A FIGURA

    Fonte: Bola na Rede

    Guitta/Deivd – Menção honrosa para Fábio Cecílio que também podia figurar aqui. Em primeiro lugar, reiterar o quão bem servidos estão as duas formações em termos de guarda-redes (literalmente). Em segundo lugar, dizer que os dois brasileiros contribuíram imenso para o melhor jogo da competição até ao momento da presente edição. Em terceiro lugar, bradar os dois nomes e compilar as defesas de cada um no Youtube. Em quarto, difundir até mais não os seus talentos. Em quinto e último, agradecer-lhes por tornarem uma segunda-feira um dia alegre.

    O FORA DE JOGO

    SC Braga Sporting CP Futsal
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Setor ofensivo do Sporting CP –Apesar de ter inaugurado o marcador, foi percetível o espírito perdulário que assombrou Diego Cavinato nesta partida. Hugo Neves é jovem, está a crescer e fez o seu trabalho. Sokolov andou desaparecido porque, a certa altura, cresceu a sensação de o russo estar fora da partida, à semelhança de Zicky Tê. Pany Varela e Pauleta acrescentaram velocidade quando subiam à quadra, mas esqueciam-se no banco de suplentes do discernimento e da perspicácia que normalmente os caracteriza.

     

    ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP

    Os meninos de Nuno Dias caíram na teia imposta pelos bracarenses: menos acutilantes do que o costume, menos concentrados e a conceder mais benesses defensivamente e mais perdulários no ataque

    Tomás Paçó e Erick Mendonça – dupla com enorme competência no setor mais recuado no terreno – não encontrou antídoto para estancar as investidas que Robinho desencadeava. Pany Varela e Pauleta – homens que desequilibram no drible em velocidade – encontraram uma muralha quer em Tiago Sousa, quer no guarda-redes Deivd.

    O ataque acusou a ausência de Zicky Té pelo facto de na profundidade nos respetivos flancos ao invés de procurar espaços mais interiores e, a partir daí, criar situações que pudessem causar dificuldades ao SC Braga.

     

    5 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Guitta (8)

    Erick Mendonça (6)

    João Matos (4)

    Alex Merlim (5)

    Diego Cavinato (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Hugo Neves (6)

    Estebán (5)

    Tomás Paçó (6)

    Sokolov (5)

    Pauleta (6)

    Pany Varela (5)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SC BRAGA

    Joel Rocha tem grande responsabilidade pela solidez e perícia exibidas em todas as movimentações durante a partida.

    O conjunto bracarense, comandado por Fábio Cecílio e Robinho (ambos ex- SL Benfica) encheu a quadra com entrega inabalável, estancou todos os planos que os leões tinham para a partida e apresentou qualidade acima da média na perceção dos vários momentos de jogo.

    Gaúcho foi preponderante no desgaste da defesa leonina: o camisola 99, face ao porte atlético e à qualidade técnica que possui, segurou o esférico quando a equipa mais precisava de respirar e ajudou a erigir parte da metodologia de ataque bracarense.

     

    5 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Deivd (8)

    Tiago Sousa (7)

    Fábio Cecílio (7)

    Robinho (7)

    Allan (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Rudi (6)

    Rúben Santos (5)

    Tiago Correia (6)

    Gaúcho (6)

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.